O Quinze
[A Carta]
Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto-e-vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.
No futuro todo mundo será famoso durante quinze minutos.
Quinze anos! é a idade das primeiras palpitações, a idade dos sonhos, a idade das ilusões amorosas, a idade de Julieta; é a flor, é a vida, e a esperança, o céu azul, o campo verde, o lago tranquilo, a aurora que rompe, a calhandra que canta, Romeu que desce a escada de seda, o último beijo que as brisas da manhã ouvem e levam, como um eco, ao céu.
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.
A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual.
Eu sonho acordada, mesmo como uma mocinha de quinze anos. É o que se chama de sonho estéril. Imagino conversas, imagino situações e cenas – pareço nunca ter tido nenhuma experiência.
Quinze segundos. Esse é o tempo necessário para mudar completamente tudo o que você conhece sobre uma pessoa. Quinze segundos.
Levei quinze anos a descobrir que não sabia escrever, mas depois já não podia parar - tinha ficado demasiado famoso.
Certa vez, me disseram que existem duas maneiras de se envolver com um cara: se apaixonando por ele e o odiando. Pois bem, meus sinceros parabéns, você conseguiu as duas.
15. Quinze. 12 + 3. Um ano e três meses.
15 dias, desde a primeira vez que saímos, como conhecidas, foi mais que o suficiente para eu me apaixonar.
15 minutos, praticamente todos os dias, era o que eu gastava para tentar conquistar ela.
15 meses vivendo os momentos mais perfeitos da minha vida.
Teu abraço, tua boca, teu beijo, tua pele, teu cheiro, tua manha, teu toque, tuas risadas, teu sorriso, tua beleza, teu silêncio, tua inocência, teu olhar, tua paz, teu ‘eu te amo’.
Escolhi 15 motivos, mas posso lhe dar mais mil razões pra te querer, coisas que eu já nem sei o nome, posso compor mais cem canções de amor.
Eu te amo, eu te quero e eu te admiro.
Quinze pras onze. O clima quente e úmido.
O reflexo da janela aberta na tela do celular.
A lapiseira "nova" à vencer no papel.
Verde-neon, eu gosto.
Minha avó desce devagar a escada, ao som de seu bolero.
"Fulano de Tal" e seus teclados.
É bom.
Quinze horas em Belém, clima ameno e fechado. Da fachada de casa posso ver o céu coberto por nuvens de chuva e, ao meu redor, um cheiro forte, característico, dessa época ("vide" Águas de Março). Marcos, que é meu aluno, tenta fazer o dever de casa sem a minha ajuda.
O dia segue como esperado, nenhum interferência indesejada.
Há criaturas que chegam aos cinquenta anos sem nunca passar dos quinze, tão símplices, tão cegas, tão verdes as compõe a natureza; para essas o crepúsculo é o prolongamento da aurora. Outras não; amadurecem na sazão das flores; vêm ao mundo com a ruga da reflexão no espírito, - embora, sem prejuízo do sentimento, que nelas vive e influi, mas não domina. Nestas o coração nasce enfreado; trota largo, vai a passo ou galopa, como coração que é, mas não dispara nunca, não se perde nem perde o cavaleiro.
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