O Poema eu sei que Vou te Amar Inteiro
Espaçamento
Outrora sou, fui, serei.
Poeta, filósofo e rei.
Não soube, não sei, nem saberei
o que o amanhã me reserva.
Querendo ou não,
Vivi, vivo e viverei.
Quando vejo o céu estrelado
sei que não vivo mais só
estou mais seguro agora
agora que penso em nós
NO CÔNCAVO DA MÃO MORTA
.
.
No côncavo da mão morta
havia uma chave...
não sei para que castelos.
.
Para qual porta, oh Deus Entranhas,
tal chave – tão triste chave –
em certo dia foi forjada?
.
Havia aquela chave
não como uma pedra
no meio do bom caminho,
mas no côncavo da mão morta.
.
E essa mão,
tão inerte e já bem morta,
cujo corpo era seu mero apêndice,
ao mesmo tempo oferecia
e segurava a chave.
.
O gesto, embora pálido,
tinha a cor dos desesperos!
Parecia dizer, nos entrededos:
.
Pega esta chave,
se tu és digno dela,
e cuida do seu metal
como se fosse cristal
precioso, de tão frágil.
.
Antes de tudo o mais,
colhe-a como uma fruta
já por mais do que madura.
A ela recebe – tão suculenta –
entre teus próprios cinco dedos.
.
A chave, no côncavo da mão morta,
parecia a mim implorar-assim:
“Leva-me... a meu destino,
que para isso nasci”.
.
E a mão côncava
acrescentava:
“Leva-a, que somente por isso
insisto em me entreabrir”
.
.
[BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Ipotesi, 2021]
A dor do não dito
Paixão, afeto,
Não sei ao certo,
Só sei que o que sinto,
Não está escrito.
O peso que carrego,
Ou o medo de ser arrastado por ele.
É um nó que sufoca o peito,
Em tudo que lhe diz respeito.
Que machuca no fundo do ser,
Por não encontrar palavras, que se façam entender,
O tanto que eu gosto de você.
É sobre esconder,
O que minh'alma implora.
É sobre amar,
Sem poder se entregar.
É como se isso fosse me matar,
Mas se eu gritar,
O que será de mim?
Um louco? Um tolo?
Ou apenas alguém perdido em seus próprios sentimentos?
E ainda assim, estando contigo, posso ser eu mesmo...
Só sei que, se isso continuar,
Eu não irei aguentar.
Mas sei,
Que meu ser é um eco vazio,
Um reflexo que se desvanece,
E se perde,
Na névoa do que sou.
Corujinha, corujinha
Que peninha de você
Fica toda encolhidinha
Sempre olhando, não sei o quê.
O seu canto de repente
Faz a gente estremecer
corujinha, pobrezinha
Todo mundo que te vê
Diz assim, ah! coitadinha
Que feinha que é você.
Quando a noite vem chegando
Chega o teu amanhecer
E se o sol vem despontando
Vais voando te esconder.
Hoje em dia andas vaidosa
Orgulhosa como quê
Toda noite tua carinha
Aparece na TV.
Corujinha coitadinha
Que feinha que é você!
" EXPUNHA "
Não sei se falo ou calo, mas tô rindo
e o fato é que mais cedo saberão
o pensamento aqui, de prontidão,
que me passou na mente, me traindo!...
Se fez por clara a minha reação
que, assim, foi plenamente me despindo
perante o fato, a pouco tempo, findo
e gerador do riso sem noção.
Que me perdoem, mas pensei apenas
e quis guardar, pra mim somente, as cenas
dos fatos que me fiz por testemunha…
Se calo ou falo, não sei bem ao certo…
Quem dera não houvesse alguém por perto
enquanto, o riso meu, sem dó, me expunha!
" COMEMORA "
Não sei o que passou-te ao pensamento,
mas tem sinais bem claros de saudade!
De alguém? De algum lugar? Da mocidade?
Tocou-te, é certo, a fundo, o sentimento!
Não veja nisso crítica ou maldade
pois quem não tem, do outrora, algum alento?
Qualquer que seja a causa do momento
melhor curtí-la em toda intensidade.
Mas nunca perca o olhar do que porvir
e empenha-te, pra lá, deixar-te ir
levando, na bagagem, o aprendido…
O que, no pensamento, veio agora
por certo que a paixão já comemora
por conta de um amor por ti sentido.
" PERCA TOTAL "
Sei que avancei, sem ver, o teu sinal
e quase colidimos na avenida
sem que nos fosse a sina pretendida
mais algo que se fez, lá, por casual.
Não houve dano algum nessa investida;
só me marcaste, um pouco, a lateral
e me encantastes com teu bom astral
de moça bela e, enfim, de bem co'a vida.
Foi pouco o dano ao carro. Já a paixão
que se instalou, sem dó, no coração
me deu perca total e, eu, sem seguro…
Da próxima, acelero e vou com tudo
beijar o lábio teu, doce, carnudo,
e te tomar pra mim de vez. Te juro!
" A DÚVIDA "
Não sei! Tô cá na dúvida insistente
pensando no que tem real valor:
me dizes que é paixão, que é tudo amor,
mas não te fazes nele, aqui, presente!
Não tens bom argumento ao teu dispor
por mais que te apresentes eloquente
e, ao fim, esse teu jeito displicente
não acrescenta nada a teu favor.
Um gesto vale mais que mil palavras
portanto, as tentativas que aqui lavras
não me convencem do que já foi dito…
A dúvida, mais forte, aqui persiste
e já nem sei se o amor real existe
no quanto mais, sobre a questão, medito.
" ABRASAR "
Não sei: que esquenta mais? O sol no rosto
chegando de mansinho na piscina
ou esse teu olhar que, a mim, se inclina,
com teu desejo, em minha carne, posto?
Percebo que algo em mim, pois, te fascina
e te apetece o paladar, o gosto,
querendo, corpo a corpo, o toque, o encosto,
o rala-e-rola que, prazer, destina.
Transpira a pele e já lateja a carne
a suplicar que essa paixão se encarne
no fogo que projeta esse calor…
O sol ou teu olhar? Já tanto faz…
Meu corpo se incendeia, a todo gás,
querendo se abrasar no teu amor!
" INJUSTAMENTE "
É vasto esse universo… A imensidão…
Nem sei se vim parar aqui, do nada,
pois sinto-me perdido nessa estrada
sem rumo, sem destino ou direção!
Pergunto-me se tenho, na parada,
alguma culpa e, até, condenação
por me incluir na imensa multidão
dos que, cá, nada sabem da jornada.
Sou réu ou vítima deste sistema
sem solução nenhuma pro problema
que foi me posto ao colo abruptamente?
É vasta a imensidão, esse universo
tão rico, tão confuso, controverso…
Aqui fui posto ao caos injustamente!
" CONTATO "
Parece que esse olhar me quer! Sei não!
Talvez só seja o meu imaginário
tentando a sorte pura nesse aquário
e pode até não ser essa a intenção!...
Mas vou apimentar esse temário
deixando no suspense que há paixão
e ver no que é que dá essa impressão
botando contas mais nesse rosário.
E pode ser que cole! De verdade…
Vai que essa reza aos santos, pois, agrade
e que o querer mostrado seja fato…
O olhar diz que me quer! Deve ser isto…
Se assim não for, disfarço ou improviso,
mas fica aberta a porta pra um contato!
" JOIA "
Não sei se é mesmo joia, fina, rara,
ou se é bijuteria trabalhada!...
Minh'alma alma põe-se inquieta, até enciumada,
e se revela a par da insana tara!
Está, no teu pescoço, pendurada
e não só meu olhar que lhe repara!
O brilho, refletindo luz tão clara,
te deixa, a carne exposta ali, adornada.
Então, dou cordas mil ao pensamento
tomado de um profundo sentimento
de inveja deste adorno, teu, eleito…
Quem dera eu fosse a joia de valor
comprada e paga pelo teu amor
a ser exposta junto do teu peito!
"NÃO SABE"
Não sei se terei tempo! A vida é breve…
Num sopro e, tudo o mais, virou passado
deixando, o coração, desarrumado
e o que se fez por sonho, em nós, prescreve!
Talvez, do amor, não veja o resultado
pois nem toda a paixão, que o tem, se atreve
a dar continuação ao que ele escreve
ciente de que o caos o fez mudado.
Se viveremos o tempo exigido
até que o enredo se dê por cumprido
não saberemos nós momento algum…
A vida é breve, curta, passageira…
Por mais seja, a minh'alma aqui, guerreira
não sabe, do amanhã, dia nenhum!
Carta para àquela que talvez nunca venha:
Não sei quem você é, e, sinceramente, não sei se um dia existirá.
Já deixei de procurar, porque cansei de encontrar reflexos rasos onde esperava profundezas. Não quero perfumes que duram só uma estação. Nem promessas feitas sob o calor da pele, mas que evaporam no frio da ausência.
Se um dia você vier, saiba: não estou inteiro.
Carrego rachaduras que o tempo não fechou, e aprendi a conviver com o eco do que não foi.
Não preciso que me salve, já sobrevivo sozinho.
Mas se for ficar, fique com verdade. Com paciência. Com coragem pra atravessar o inverno comigo, mesmo quando não houver flor nem canto.
Não espero encantamento.
Espero presença.
Não peço juras.
Peço silêncio ao meu lado quando as palavras faltarem.
Se amor for só leveza, não quero. Porque sei que o amor verdadeiro também pesa. E permanece.
E se nunca vier… está tudo bem.
Não preciso mais acreditar no amor para respeitá-lo.
E não preciso de companhia para saber meu valor.
Mas se vier… que seja pra ficar.
Mesmo que o mundo desabe.
Mesmo que tudo falte.
Mesmo que só reste o olhar, firme, dizendo: "eu ainda estou aqui".
" INSPIRAÇÃO "
Não parta, inspiração! Fica comigo…
Não sei viver sem ter a tua presença
a me exalar a luz, o tom, a crença,
a força, o amor, a paz de um ombro amigo!
Preciso-te, ao cumprir minha sentença
de poeta ser na, estrada em que fatigo…
A mim, pois, não imputes tal castigo
de abandonar-me em tal tristeza imensa.
Abraça-me por réu junto ao teu peito
em que, de tua poesia, me deleito
ao te sugar os seios de mulher…
Comigo, fica aqui, inspiração!...
Não quebres, num adeus, meu coração
que sempre quis de ti (e ainda eu quero)!
Cativeiro das Palavras
Nunca sei o que escrever.
As palavras chegam sem aviso,
como pássaros desorientados
que pousam no peito
e logo se lançam ao vazio,
deixando o silêncio
como única companhia.
Sempre há dúvida.
Onde estão as inspirações?
Onde se esconderam os sorrisos
que um dia iluminaram o caos?
Talvez seja apenas questão de tempo,
tempo que não há,
tempo que se dissipa
como névoa em manhãs febris.
Mostre-me as lágrimas
que tais sorrisos trouxeram consigo,
como marcas discretas
nas dobras da memória.
Entre tantos sentimentos vazios,
confusos e desgastados,
é difícil encontrar algo verdadeiro,
algo que não se dissolva
na vastidão dos dias incertos.
Por vezes me perco viajando em tempos que já estive e em outros que não sei como serão.
Saber o que se espera do futuro nem sempre é suficiente, as vezes queremos regular os ponteiros quando o relógio não nos pertence, uma forma de tentar correr mesmo sabendo que a aprendizagem se faz principalmente no início do andar, onde as pernas ainda bambeiam.
Quando fechamos os olhos e abrimos o coração nos vem respostas que nem nós somos capazes de elaborar.
Sentir as intuições, porém sem desacreditar das intenções...
As maiores revoluções acontecem no interior e nem sempre é visto a olho nu, nosso universo está em constante caos, ainda assim a ordem existe.
Ela existe , mesmo que minha visão fique embaçada e que meus passos rápidos percam a pressa por medo de tropeçar.
São instantes de perca do chão, voo livre, pássaro preso, remessas de vozes, escassez de sons; e ainda que tenha contrastes, as cores do amor que sinto é reluzente e transparente, meu amor que se faz puro não tem cor, porem todas as cores se cabe.
Então vem comigo para se desconstruir, deixa eu me fazer de casa e sempre que cansada em mim encontrar descanso, me deixa ser teu abrigo e se houver perigo segurança em mim sentir.
Me deixa ser, se eu não for me diz...
Não sei o que há com o horizonte,
Teima em me mostrar a mesma imagem...
Vejo um pedaço que não é do monte,
Que até parece ser uma miragem.
Se for prenúncio, não é de todo ruim
Posto que o que tem que ser, é e, será
Pra ser passageira não tem mais de mim,
Vida que passou, passa e sempre passará.
Passou voando que levantou poeira.
E essa, encobriu e escondeu o céu.
Como criança numa inocente brincadeira.
De pique-pega, esconder ou então carrossel...
Deixando claro que era só para distrair
Enquanto a dor ainda estava em curso perigoso.
Acabando, deu um tchau e pediu pra sair
Dizendo não nutrir sentimento rancoroso.
Quem sabe, ao abaixar da poeira, se note
Que não foi uma total perda de tempo enfim
Quem se alegrará quando ter da cobra o bote?
Quem vai gostar de não ver do começo um fim?
Que o Senhor tenha misericórdia de nós
Pobres mortais ricos em confusão e rancor
Que saio coração toda fúria, maior algoz
Que encontremos a paz, a esperança e o amor.
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