O Dificil Facilitador do Verbo Ouvir
SÍNTESE
Partícula de pó do verso vida
Incongruência de tanta lida
Sujeito imperfeito
Do verbo sorri, hiato mudo
Da melodia tônica
Pedaço de caos
Na euforia atômica
Homem, substantivo
Ora masculino
Mulher, finitude do amor
Fio invisível da trama de Deus.
O que somos nós, no mundo físico,
O sexo, o desejo, o canto a voz
O impossível e o improvável?
Razão e lucidez de tanto querer,
Somos tudo o que permitimos ser .
Quando o verbo em mim calar
cessará todo o julgamento do mundo
a consciência do medo se dissipará
e hão de se fechar todos os abismos
então reinará o imponderável silêncio
sobre o discurso da dúvida...
O amor em palavras é lindo, mas o amor vivido é perfeito, e em resposta temos o verbo que se fez carne
Segure a língua
É o verbo que toca a alma
Então tenha calma
Não responda logo
Veja o verbete em sua língua
O que diz o filólogo...
Quem fala demais se compromete
Então não se mete
A mão no buraco do tatu.
Preste atenção na concordância
Não se entregue à arrogância
Nem sempre o outro
É igual a tu...
A Força Está no Verbo, Não na Língua
A grandeza da escrita não repousa no ornamento das palavras, mas na intensidade do verbo que as conduz. A língua, por mais rica e vasta que seja, é apenas o veículo; o verbo, a força. A beleza estética que buscamos na escrita não está no deslumbre de uma construção complexa, mas na capacidade de um verbo bem colocado de transformar, de ressoar, de mover. É no verbo que reside a verdadeira elegância do escritor, aquela que não se preocupa com adornos, mas com a pulsão do significado.
Quem escreve com profundidade sabe disso: não se trata de mostrar erudição, mas de fazer com que a leitura se torne uma experiência visceral. O verbo é a chave que abre as portas da percepção, que torna o conceito tangível, que incita a reflexão e desperta o sentimento. Ele não precisa de adornos porque sua força é direta, crua, atemporal. É no verbo que se revela o que está oculto, o que se sente sem palavras, o que ainda não foi dito, mas que, ao ser proferido, encontra a verdade.
A língua, com suas regras e estrutura, é apenas o campo onde a batalha se trava. Mas é o verbo que, ao ser usado com precisão e intenção, tem o poder de mudar o curso do pensamento, de provocar uma epifania, de imprimir na mente do leitor uma marca indelével. Como uma lâmina que corta sem esforço, o verbo, por sua natureza, age e reage. Ele é a centelha da ideia, a faísca que acende a chama da interpretação.
A elegância do escritor não está em palavras vazias, mas em sua habilidade de manobrar o verbo com maestria, de fazer da linguagem um instrumento não de ornamentação, mas de ação. O escritor não deve buscar o enfeite; ele deve buscar a precisão. Um verbo, bem escolhido e colocado, possui a mesma força de uma obra-prima: simples, mas profunda; direta, mas cheia de camadas. É essa simplicidade, carregada de peso, que faz o escritor verdadeiramente elegante.
O verbo é o pulsar da escrita. Ele nos envolve com sua potência, com sua capacidade de criar, de destruir, de transformar. Ele é o que realmente importa.
Meu verbo é sujeito
do pretérito imperfeito
que por ora se cala.
Quem hoje me vale
é o sábio silêncio
se penso não digo
se quero ignoro
Se a dor não me larga
se a rua não cabe
as ideias eu enterro
se perco o amigo
Se a fome ameaça
e o preço da bala
é mais baixo
que o trigo.
Quando o verbo em mim calar
cessará todo o julgamento do mundo
a consciência do medo se dissipará
e hão de se fechar todos os abismos
então reinará o imponderável silêncio
sobre o discurso da dúvida
e a verdade terá enfim seu pleno espaço
a luz iluminará sem temor a escuridão
E quando chegar esse momento sagrado
não haverá mais intrigas nem artimanhas
o amor enfim será o nosso guia
e a paz reinará nas almas mais danificadas
Então minha alma poderá voar livremente
sem medo de ser julgada ou incompreendida
e o coração feliz baterá em plena harmonia
numa eterna sinfonia de amor e vida.
Vai e procura os campos, a natureza e o sol: vai, procura a felicidade em ti e em Deus. Pensa no que é belo e que se realiza em ti e à tua volta, sempre e sempre de novo.
É preciso o infortúnio para escavar certas jazidas misteriosas escondidas na inteligência humana; é preciso pressão para fazer a pólvora explodir.
Não há mais tempo pra dor, não há mais nada senão a imensa vontade de acertar.
