Nunca Traia Ninguém
A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos.
Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco.
Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma, nem do meu coração, pelo simples fato de que eu não tenho mais nada disso. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa.
Nota: Trecho da crônica "Zelador".
Eu só estou perdida e não consigo mandar nenhum S.O.S., ninguém sabe onde estou, largaram meu corpo em cima dessa cama e ninguém me procura.
Feche as portas, não pague as contas nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa. O resto? Ah, o resto são os restos. E não importam.
"Há muitas coisas em seu coração que você nunca deve contar a ninguém. Seria baratear o seu íntimo sair espalhando-as por aí." -
Ninguém está sozinho quando curte a própria companhia, porém somos reféns das convenções, e quando estamos sós, nossa solidão parece piscar uma luz vermelha chamando a atenção de todos. Relaxe. A solidão é invisível. Só é percebida por dentro.
Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”, feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.
Nem o que come, o que veste, o que compartilha, o que fala, o que idealiza, o que demonstra, o que conquista, o que cria, nem mesmo as ações. Antes de tudo, sois, de fato: a intenção! És a intenção do que te age.
Como em um diário que tanto escrevo, em ti quero me recordar, em ti quero sorrir, em ti quero chorar, em ti quero sentir, em ti quero me alegra, e poder comemorar quanto caminho em ti percorri.
No silêncio da noite, enquanto escrevo meus pensamentos mágicos, percebo a sintonia que tenho com minha alma.
Não vejo necessidade de fingir ser quem não sou, pois no fim sabemos que nada fica na sombra por muito tempo.
As vezes não queremos soltar algo que tanto amamos, talvez por medo da dor, ou medo do aconteceria depois. Nem todos os jardins serão flores ou ao menos terão flores, más eu lhe prometo que algum dia a primavera enfim chegará.
