Nunca Desconfie de Mim tenho Carater

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Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.

Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.

Tenho sempre diante dos olhos Tereza sentada num tronco, acariciando a cabeça de Kariênin e pensando na falência da humanidade. Ao mesmo tempo, surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços.
Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio com a humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo.
É esse Nietzsche que amo, da mesma maneira que amo Tereza, acariciando em seus joelhos a cabeça de uma cadela mortalmente doente. Vejo-os lado a lado: os dois se afastam do caminho em que a humanidade, “proprietária e senhora da natureza”, prossegue sua marcha adiante.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Tenho amor a isto, talvez porque não tenha mais nada que amar - ou talvez, também, porque nada valha o amor de uma alma, e, se temos por sentimento que o dar, tanto vale dá-lo ao pequeno aspecto do meu tinteiro como à grande indiferença das estrelas.

Me explica, que às vezes tenho medo. Deixo de ter, como agora, quando o vento cessa e o sol volta a bater nos verdes. Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo.

Por isso mesmo – pelo amor, fé e luz – tenho absoluta certeza que tudo vai dar certo.

Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições.

Fernando Pessoa
Livro do desassossego. São Paulo: Principis, 2019.

Dizem que sou um cara de sorte. Só sei que quanto mais me esforço mais sorte tenho!

Tenho um instinto para amar a verdade; mas é apenas um instinto.

Tenho alguns poemas que sei que aumentarão o ódio. É bom ter hostilidade, mantém a cabeça relaxada.

Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "O Gigante".

Por mim, teria evitado casar até mesmo com a sabedoria, caso ela me quisesse.

Um marido, como um governo, nunca deve confessar os seus erros.

Pode ferir-se o amor-próprio; matá-lo, nunca.

Ninguém se pode gabar de nunca haver sido desprezado.

A verdade literária nunca poderá ser a verdade da natureza.

Nunca melhora o seu estado quem muda só de lugar mas não de vida e hábitos.

Nunca comeces o casamento por uma violação.

Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores.

Somos tão responsáveis por amar sempre como o somos por nunca amar.