Normalidade
Demonstre ser feliz e integrado à normalidade imposta ou receba pedradas na frágil linha que divide o seu saco escrotal...
Se fosse tudo normal, se tudo acontecesse dentro dos padrões da normalidade, dentro do que se espera, do que se prevê, então, com certeza, seria a história de qualquer outra pessoa, menos a minha.
Não, eu não vou caminhar pelo vale do senso comum nem da normalidade. Há muito o que questionar do que nos ensinam nessa vida.
Pessoas com juízo, lucidez, normalidade, sanidade... disseminando ódio. Eu na minha loucura exalando amor.
Duvide de certezas
Questione o absoluto
Explore o desconhecido
Desconstrua a normalidade
Compreenda o incomum
Quebre paradigmas
Destrua o status quo
Desbrave, descubra
A vida é movimento
A morte, estagnação.
Não, a normalidade e a constância não cabem em mim. Existe uma necessidade de me apaixonar intensamente a todo tempo para viver. Pertenço hoje, com devoção e vontade, a um momento que posso realmente repugnar amanhã. Mudanças que aceleram, que energizam, que alimentam e que nos extraem do estado normal e constante das coisas. Isso me faz sentir o coração. Completamente entregue e dedicada, desde o amanhecer até o adormecer. Além disso: em sonhos também. Vejo as cores com mais sabor. Me encontro exagerando nos melhores momentos com todo meu amor. Arrastando como um furacão mesmo, chegando até onde não se alcança mais. Então perdendo a força, levo embora aquilo que me faz bem. Os ciclos se encerram e viram boas e deliciosas lembranças. O próximo passo é viver tudo com muita verdade sim! Mas algo novo e que, de repente, é diferente de tudo que um dia reprovei. Por isso julgamentos e moralismos não são nada bem vindos. Dessa forma, a felicidade estará presente do princípio ao fim. Como histórias a serem plenamente vividas. Equivocada ou não, creio que a ânsia de viver justifica qualquer ousadia ou loucura. E aos meus olhos, isso também pode mudar um dia. Que surjam as paixões!
A normalidade é um caminho pavimentado: é confortável para andar, mas não nascem flores.
Esses dias me ocorreu de me apaixonar,
não que isso fugisse da normalidade
mas sinto que me apaixonei por alguém,
e era um amor interesseiro,
eu dava amor, em troca de um pouco de felicidade
um hóspede folgado, encurralado por amor…
Um amor que nem sei de onde veio,
talvez tenha caído de paraquedas
ou quem sabe, caiu sem paraquedas
se é que posso dizer que caiu.
Não vou mentir, eu caio mesmo
inesperadamente eu virei um fungo,
seria grosso da minha parte dizer que amei como uma sangue suga?
mas não deixei marcas, nenhuma história
acho que nem saudades restou,
eu contei as estrelas chorando porque o meu amor não podia me amar,
mas que amor era este?
Acho que me enganei, de novo!
Porque fui escolher ser poeta,
me coloquei num poema
em que o verso era uma palavra,
nem escritor tinha.
Se tivesse,
talvez ele tivesse me dado um final feliz
mas acontece que ninguém quis escrever,
nenhuma palavra boa que pudesse me confortar.
A história tinha uma única palavra:
Sozinho!
E foi assim que amei,
foi assim que vivi um romance
e foi assim que a história terminou.
Será que um dia serei escritor da minha própria história,
ou tende a ser sempre assim:
Sozinho e sem rumo.
AS VENTANIAS
Era um dia como outro qualquer, seguia em sua normalidade. O barulho contínuo do tráfego, um avião que voava alto no céu, pássaros passando em revoada, o som de máquinas trabalhando numa construção próxima, interrompendo o meu trabalho no computador, que requer silêncio, enfim!
E eis que de repente, o vento invadiu a casa. Me levantei da cadeira e percebi a poeira vermelha tomando conta do ar na força da ventania que entrava fechando algumas das portas com estrondo e deixando o pó fino pelo chão e pelos móveis. Uma das cachorras se agitou, a outra se refugiou debaixo da mesa. A energia elétrica se foi e meu trabalho inacabado, forçadamente foi abandonado.
O vento seguiu violento, derrubando objetos e sujando tudo por onde passava. Apressei em fechar as janelas e comecei a limpar a casa, mas em seguida percebi a minha perda de tempo, não seria prudente travar uma luta com aquela ventania. O mais sensato seria esperar a calmaria se estabelecer novamente e aí sim, fazer a faxina, colocar todas as coisas em seus devidos lugares e retomar meu trabalho de onde parei.
Entardecia, logo chegaria a noite em seu manto escuro com o convite costumeiro para o descanso noturno. Era preciso acudir a necessidade imediata. Assim foi feito.
Mais tarde, quando a ventania cessou e tudo se normalizou, fiquei pensando em determinadas situações pelas quais passamos em nossas vidas, de tempos em tempos, semelhantes àquele episódio. São acontecimentos dos quais não temos controle, chegam inesperadamente, tirando tudo do lugar, e no desespero nos perdemos, pois permitimos nos envolver pelo vento repentino, na crença boba de achar que podemos evitar a desordem e os danos.
Esses ventos vêm sim para nos sacudir, para nos tirar do prumo, mas também para nos alertar de que devemos alinhar o que por descuido ou falta de atenção, foi ficando de lado. E quão necessário são esses ventos fortes para nos mostrar o que é verdadeiramente importante em nossa trajetória!
Normalidade —
E,
aos poucos dizem:
"a vida voltará ao normal".
Ouço, vejo minha vizinhança e suas festas
de aniversário, de fins de semana;
Meu bairro e seus eventos de gente e
gritos e sons e barulhos;
Minha cidade e suas cidades irmãs
vizinhas promovendo, movimentando
a roda (da vida?), da "normalidade";
Meu estado e seus irmãos de fronteiras
e Região, nutrindo suas cidades de
bairros e ruas e casas e gente...
Enfim,
meu país e sua gente e tudo que lhe
falta... eternamente (eufóricos):
" a vida voltará ao normal".
Mas qual normal?
Confesso: me assusto!
Mas o que eu sei, afinal?! — nunca cruzei
(para fora), o meio-fio do medo da calçada
de minha casa.
Eles — quase todos eles — de algum modo, cruzaram fronteiras, atravessaram o país, têm algum diploma ou curso técnico ou carregam, na ponta da língua (satisfeitos), as expressões do momento.
Eu: o medo de antes; o medo
de agora... de sempre.
E assim, aos poucos dizem
(entusiasmados?):
"a vida voltará ao normal".
E eu continuo com medo, estranho, alheio...
estrangeiro a tudo.
"Loucura é se resignar a um rótulo de normalidade neste mundo absolutamente insano, porquanto se nada nos salva da morte, que ao menos nossa singularidade seja sinônimo de vida"
A normalidade das coisas estão saturadas, a loucura é uma válvula de escape para os loucos! O comum e o simples: já não são mais escolhas sábias para um caminho em conjunto, uma pessoa que escolhe trilhar comigo; terá que saber viver todos os dias algo diferente e conquistador.
Falas comigo
com um enorme tom de normalidade
mesmo após
teres tentado contra minha pessoa
agindo pelas minhas costas
mas não o julgareis
MESMO ESTANDO EM POSIÇÃO PARA TAL
Se eu lhe julgasse...
qual seria minha diferença se ti
apenas por essa vez
eu escolho acima de tudo
O silêncio
O que parece loucura aos olhos de uns, é a real normalidade de alguns. Não existe o ser "normal" neste mundo tão insano. Viver já é a própria loucura. Aqui, vivo a estranha loucura de ser eu, se assim não for não conseguiria existir nesta vida de ilusão.