Nem tudo e Facil de Cecilia Meireles

⁠Aquilo que só você sente, só a sua derme
pulsa na dor, só você sabe descrever.
Não camufle suas dores
com falsos adornos de quem
não sabe de você.

Certas melodias são eternas.
Guardiãs de muitas memórias.

Eu marco meus passos com histórias
múltiplas, caminhos diversos.
Dissabores e dores.
Gargalhadas e cócegas.
Não se atreva a achar que sabe quem
sou eu.
O que você vê é a pontinha da criação.
Respeite a minha história!

Se é felicidade.
Agarre!

⁠Quando ouço tantas mulheres
em busca de si, ouço
renascer a esperança em mim.

⁠Mulheres, nós podemos ser o que quiser e couber.

⁠Estamos nos salvando e curando
todos os dias.

⁠Quando eu me permito abrir caminho,
eu me curo e trago todas elas antes de mim.
Ancestrais.

⁠Minha canção de ninar
encontra tom nas curvas do teu olhar,
quando em direção a mim
fita meu descompasso por te ver.
Minha canção de ninar, amor.

⁠O som da tua voz, minha mãe
acompanha meus passos.
O tom da sua voz,
minha mãe.

⁠Você é a minha saudade, mãe!

Você é o meu maior agradecimento.
Mãe!⁠

⁠Escrevo para dialogar comigo
e os mundos.

⁠Escrever me permite ser.

⁠A poesia dança nos mundos.
Veja!

⁠Sinta, isso é poesia.

⁠A minha escrita é pouso, calçada e talvez morada fluída.

⁠Quem já desbravou caminhos,
arregaçou as mangas, colheu duras penas
do sol quente queimar, sabe de onde vem.

⁠Que seja reconhecido o mérito
de todas as mulheres.

⁠Eu não vou falar baixinho e sossegar meus ímpetos de transformação.
Sou rio de muitas águas.