Nao Vou Mentir

Dizeis: darei só aos que precisam. Mas os vossos pomares não dizem assim; dão para continuar a viver, pois reter é perecer.

O homem realmente culto não se envergonha de fazer perguntas também aos menos instruídos.

A preocupação deveria levar-nos à ação e não à depressão.

Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.

O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente.

Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor.

Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.

Não há maior dor do que a de nos recordarmos dos dias felizes quando estamos na miséria.

Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão.

Pelos mesmos caminhos não se chega sempre aos mesmos fins.

Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só.

A mágoa profunda tem menos poder para atingir / O homem que dela faz troça, e não a carrega como um fardo.

Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia.

Não basta dirigir-se ao rio com a intenção de pescar peixes; é preciso levar também a rede.

O egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios.

Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste Carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas.

A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.

As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela.

Não há nada na nossa inteligência que não tenha passado pelos sentidos.

A imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efectivamente são.