Nao sou uma Pessoa que Espera a Elogiar

A vida é demasiado curta para que desperdicemos uma parte preciosa a fingirmos.

A morte surgia-lhe como uma consagração de que só os mais puros são dignos: muitos homens desfazem-se, poucos morrem.

A intenção de um pecado revela-se por uma prudência exagerada.

Só há uma pobreza: a ignorância.

Faça de tudo uma vez... E o que mais gostar, faça duas, três...

Mais uma polegada, e o crime seria uma espécie de contrato por adesão: o delinquente aceita a ‘obrigação de sofrer a pena’ para ter o ‘direito’ à ação criminosa.

Tenho certeza de possuir uma alma, e todos os livros com os quais os materialistas enfadaram o mundo não me convencem do contrário.

Para que uma obra de arte seja realmente bela, é preciso que nela o autor se esqueça de si mesmo e me permita esquecê-lo.

O amor é a única paixão que se paga com uma moeda que ela mesmo fabrica.

Rosto no vidro
uma criança eterna
olha o vazio

Vi demonstrarem uma grande intolerância em defesa da tolerância.

Para todos os ofícios, exceto o de censor, é indispensável uma aprendizagem: os críticos fazem-se antecipadamente.

Esta é a essência da ciência: faça uma pergunta impertinente e cairá no caminho da resposta pertinente.

Guerra é uma serie de catástrofes que resulta numa vitória.

Pensar só em si e no presente é uma fonte de erro em política.

Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

A verdadeira obra de arte é apenas uma sombra da perfeição divina.

Quando o doutor escreve a receita, olha-nos uma última vez para ver se põe um remédio dos caros ou dos baratos.

Quando a chuva para,
por uma fresta nas nuvens
surge a lua cheia.