Nao me Deixa te Odiar
DO MEU ÍNTIMO
Demétrio Sena - Magé
Continuarei a ser.
Não é de minha natureza estar.
Não toquem músicas em demasia
pra eu dançar a qualquer custo...
para me seduzir no susto...
ou me provisoriar.
Meu velho eu se calcificou
na paleontologia das vivências...
nas diligências dos meus olhos
entre o mundo e as oscilações;
emoções de show e festim...
Retaliações aos meus nãos
não vão oscilar meu mundo...
supervisões em meus sins,
meu mais profundo,
não vão me desconstruir...
Continuarei a ver.
Não é do meu íntimo só olhar.
Não adianta essa mescla de cores
pra eu gostar a qualquer preço...
Para me retirar do avesso...
e me volatilizar.
DAS ESCOLHAS PESSOAIS
Demétrio Sena - Magé
É muito fácil não ter vícios nem cometer crimes. Para isso existem decretos na família, na escola, nas religiões e as leis, forçando a escolha corporativa ou sócio-institucional de quem teme. Dificil mesmo é não discriminar; não julgar nem fingir. É ter empatia e solidariedade; perdoar e pedir perdão... ter consciência, ética e amor ao próximo... respeitar diferenças. Essas escolhas de foro íntimo e caráter pessoal, que não envolvem medos de punições ou castigos familiar, legal nem divino são as mais difíceis, porque nestes aspectos é que o ser humano julga enganar o semelhante, às instituições, à lei, ao Possivel Deus e a si mesmo.
Respeite autorias. Isso é lei
CAMINHOS DE SONHAR
Demétrio Sena - Magé
Sou avesso às linguagens do chicote;
a minh'alma não cabe numa cela;
será trote a notícia da prisão
dos meus olhos, desejos e procuras...
Já no ventre os meus voos eram livres,
não nasci pra reinados e doutrinas,
minhas crinas rejeitam as tesouras
ou as teses; as falas imutáveis...
Dou adeus a princípios que me castrem,
não se alastrem por todas as vertentes
ou não possam voltar até do fim...
O meu ser saiba estar, desconstruir,
sem ruir os caminhos de sonhar
que a verdade não tem que ter padrão...
... ... ...
Respeite autorias. Isso é lei
EVANGELHO TENEBROSO
Demétrio Sena - Magé
Pelas regras do novo cristianismo,
não há próximo além do nosso espelho;
tem um velho rancor que nos provê
dos arroubos de raiva e preconceito...
Nosso povo enjoou daquele Cristo
das besteiras de amor, justiça e paz,
do discurso incapaz de pregar ódio
e tirar os opostos do caminho...
Pelo novo evangelho desta terra,
é a guerra que aponta o rumo certo;
só a canga da força nos conduz...
Há um Cristo forjado na mentira;
numa velha cegueira que o fez rei,
pra que a lei o tornasse uma verdade...
VERDUGOLATRIA
Demétrio Sena - Magé
Não é crime o que a lei decidir que não é;
serão santos demônios, após aclamados;
quando a fé diz que foi, terá sido milagre
um alívio volátil das dores de sempre...
O carrasco é bom rei pra quem teme seu jugo,
a nação é perfeita pra quem se acomoda
com a moda servil de louvar um tirano;
exaltar as correntes, mordaças e cangas...
É um vício terrível de certas nações,
aclamar como herói quem lhes dá pão e água
e lhes pune por mágoa que possam nutrir...
Será sempre pecado perceber o mal
do normal de sofrer; de sorrir por chorar;
fanatismo se torna razão de viver...
... ... ...
Respeite autorias. Isso é lei
MOMENTOS E LACUNAS
Demétrio Sena - Magé
É um ter de não ter, mas estar lá,
sob um plano que às vezes vem a mim;
dá um fim provisório ao meu abismo
entre os dutos de pura nostalgia...
Nessas horas me agarro ao infinito
e repouso em seu colo, suas mãos,
em um rito no qual se faz silêncio
pra ouvirmos os nossos pensamentos...
Minha pele suplica o seu carinho
que se faz num passeio lento e longo,
feito vinho que a língua saboreia...
Depois vem outro tempo que lhe afasta;
nos arrasta, nos põe além de nós,
pra mantermos a nossa raridade...
ALFORRIADO
Demétrio Sena - Magé
Para mim não há vida, se o laço dá nó,
se o afeto não pode respirar sozinho;
quando já me sufoca, prefiro ser só;
a gaiola de luxo não supera o ninho...
Quero cama que nunca me roube o caminho;
tomar banho e de novo me cobrir de pó;
vestirei os meus trapos, caso a seda, o linho
manipulem no contra; dominem no pró...
Que ninguém se nomeie senhor ou senhora
do meu tempo, meu vir e do meu ir embora,
pois me prendo e me solto pela minha chave...
E ninguém se pretenda ser meu adivinho,
decidir quando passo da pinga pro vinho,
se viajo de sonho, de charrete ou nave...
O MESMO AMOR
Demétrio Sena - Magé
Eu queria um querer de sua parte,
que não fosse por tanto me dispor;
um amor que viesse por vontade;
sem a tal condução coercitiva...
E queria sentir que também sente
a saudade sem freio nem medida,
minha vida jamais foi sua em vão,
nestes anos de muitas nostalgias...
Sempre tento me abrir pra realidade,
após tantas leituras de nós dois;
tanta idade perdida no meu tempo...
Apesar dos sinais e dos avisos,
dos juízos finais que já vivi,
eis aqui meu clamor de cada dia...
O NÓ CEGO DE ALGUNS NÓS
Demétrio Sena - Magé
O segredo é saudável, se não for indigno... se não for infidelidade... ou se puder poupar o outro de mágoas desnecessárias e a nós mesmos de mal entendidos. Além do mais, nem tudo é conjugado, conjugável nem a dois... ou nunca teremos um momento para sermos nós; indivíduo; pessoa; unidade.
Embora gêmeas, as almas devem continuar divisíveis, para cada uma não perder a própria essência... e se duas carnes realmente são uma só, que ambas as metades desfrutem, vez e outra, de auto permissões e até permissividades pessoais que lhes façam felizes... entretanto, sem que signifique a infelicidade ao lado.
Queiramos isso tanto para nós mesmos quanto para quem amamos. Permutadamente, a ausência total da individualidade de um e de alguma inocência do outro pode ser bem nociva para o próprio par. É como se vivêssemos sob constante suspeita e aquela necessidade contínua de provar nossa índole.
A relação a dois em que os pares perdem completamente seus eus para o nó cego de um nós indivisível, concreto e radical não é uma relação de amor... é, na verdade, uma - talvez velada - relação de custódia.
ÀS MULHERES DESTE SÉCULO
Demétrio Sena - Magé
Minha esposa não é minha mulher. É minha esposa. Seria minha sócia, se tivéssemos um negócio em comum. Colega de trabalho, se trabalhássemos juntos... inimiga, se nos detestássemos. Para ser mulher, ela nasceu mulher. É sua natureza biológica ou anatômica (isso não é aula). Já era quem é, quando a conheci, como ainda será, se algum dia nos separarmos.
A mulher que foi minha mãe precisou me dar à luz, para tanto. Minhas irmãs nascerem da mesma mãe... ou não seriam minhas irmãs, o que não as tornaria não mulheres. A Bete, minha cunhada, não a seria se a sua irmã não fosse minha esposa... e as amantes que não tenho, não são minhas amantes e nada existe que as "desmulherize" por isso.
Namoro, casamento, qualquer outra relação amorosa não nos torna propriedades um doutro. Pelo menos não deveria... não deveria roubar o nosso pertencimento intimo e pessoal... nossas vontades individuais e o que fazemos delas. Ambos ou ambas devem continuar senhores de suas consciências, donos de seus corpos, pensamentos. escolhas, sins e nãos.
Mulheres... não sejais submissas a vossos esposos. Eles não são seus donos, homens ou senhores, e sim, esposos. Não haja hierarquia entre o casal! Cumplicidade, acordo, compromisso, entendimento e parceria sim... hierarquia, relatório, constrangimento e liberdade vigiada, não. Sejais esposas de vossos maridos, mas vossas próprias mulheres.
DINHEIRO
Demétrio Sena – Magé
O dinheiro não deu pra pagar pelo amor;
só cobria o prazer, pois amor não tem preço;
fiz oferta no avesso, mas daqui de fora
não se tem o controle do que ocorre lá...
Acabou meu poder de aquisição sem fim,
quando achei que pudesse comprar a verdade,
arrastá-la pra mim feito pesca de rede,
mas faltou sua essência na compra já feita...
Meu dinheiro não pôde arrematar o bem;
minha cota de bens que nem posso contar
tropeçou em valores que não têm tabela...
Muitas vezes pensei em subornar a morte
pra não ser minha sorte, mudar de calçada,
mas depois entendi que faltará dinheiro...
... ... ...
Respeite autorias. Isso é lei
O SENTIDO E OBJETIVO DA EDUCAÇÃO COMO UM TODO
Demétrio Sena - Magé
Não é ingrato quem se desprendeu de minhas cordas ou teias e caiu no mundo sem me consultar. Quem abriu parêntesis no que aprendeu comigo e desenvolveu conhecimento próprio. Nenhuma ingratidão existe no meu protegido, que agora voa; na minha pretensa descoberta, que se redescobriu e recriou; no meu pupilo, que amadureceu e já vê a vida com olhos independentes.
Ingrato sou eu, se não ficar feliz porque meu ensinamento empoderou alguém; minha educação o levou à liberdade, a tal ponto que o livrou de mim... e minha verdade abriu o leque das múltiplas verdades que a vida proporciona. Ingratidão é me frustrar porque minha proteção deu asas; meu olhar sobre o outro ampliou seus horizontes... meu investimento em um ser humano fomentou sua inquietação e o fez descobrir sendas pessoais para investir por conta própria em seus sonhos, esperanças e visões independentes da sociedade... até para discordar de mim e chegar à conclusão de que meus conceitos petrificaram.
Amemos o próximo e não a nós mesmos no próximo. Quando fizermos algo por alguém, que seja mesmo por ele; não por nós. Fomentemos o pensamento crítico, nos dispondo à possível crítica futura desse pensamento. Fiquemos orgulhosos quando as pessoas a quem demos a mão estiverem seguras para soltá-la... quem um dia orientamos, resolver tomar caminhos diversos, até adversos, indo muito além do que fomos. São estes, o sentido e objetivo da educação verdadeira. Se havemos de conduzir um indivíduo por um tempo, que seja no seu tempo e a condução nunca seja repressora; mandona; coercitiva.
Seres humanos não são animais domésticos, que não podem ter vontade própria... nem plantinhas de apartamento, que jamais poderão escolher os próprios vasos... ou troféus, medalhas e certificados de honra ao mérito, que sempre vão circular entre nossas mãos, gavetas, estantes e paredes... muito menos objetos de nossa ostentação pública diária ou eterna vaidade pessoal.
AUTORRETRATO
Demétrio Sena - Magé
Não há como encontrar em mim a sensibilidade que os seus olhos leem no poeta que sou. Quem mora no poeta é alguém mais frio e sem coração do que as pessoas que nunca se camuflaram nos versos. Leia no romantismo dos meus poemas comoventes, algo escrito para convencer a mim mesmo. Veja nas minhas construções literárias que mais encantam pessoas, um desencanto pessoal. Uma incapacidade como indivíduo, para corresponder aos ideais.
Quem conhece profundamente a humanidade, a tal ponto que a interpreta, compreende ou conforta, não é uma pessoa física. É o imaginário em redor da pessoa incapaz de manter o encantamento; a confiança afetiva; o romantismo; a segurança emocional. O indivíduo que mora no poeta é frio; seco; apático; insensível... tenta, em vão, ser o poeta que é... repetir o poeta no sujeito e se apossar do seu predicado... vencer a si mesmo ao se matar como indivíduo, para sobressair-se como entidade... a entidade que se faz amar através das letras... da alma literária... alma de fora... armadura do corpo e da alma que se anulam, porque não podem corresponder aos sonhos que levam às essências longínquas.
Fique apenas com o poeta... com a doce mágica do seu próprio imaginário... e do meu lado impessoal. A pessoa que recheia o poeta é um indivíduo de corpo e vícios... que pelo quanto alimenta o poeta, já se tornou oco... é árido, escarpado e sem graça... é triste, rígido e deserto... é de fácil decepção e com certeza lhe magoaria, no futuro... talvez até o fizesse não muito tempo depois.
Se num futuro imprevisível... por algum descuido seu ou por uma tocaia inadvertida em minha solidão, você vier a me conhecer, antecipadamente me perdoe por eu não ser o poeta... o poeta que sou, mas que voa mundo afora e me deixa no abismo do apenas eu... tão vazio da poesia com que abasteço corações remotos.
... ... ...
#respeiteautorias Isso é lei.
JOGOS DE ADEUS
Demétrio Sena - Magé
Eu te livro mim, não te preocupes
em criar um roteiro tão pungente;
serei gente o bastante pra ter brio
e manter o meu rosto inalterado...
Ou é caso de assim ferir teu ego,
te frustrar por ausência do meu choro,
por manter meu decoro e minha calma
onde o prego me pega de surpresa?
Abrirei minha porta pro teu sonho
de sair do meu mundo e ganhar mundo
lá no fundo insondável do segredo...
Não te fies no meu ressentimento,
eu invento quem sou a cada vão
que me arranca do chão sob meu pé...
... ... ...
Respeite autorias. Isso é lei
SEGUIREI COM OS RENEGADOS
Demétrio Sena - Magé
Embora não creia em Deus nem veja na figura de Jesus Cristo a divindade que as religiões cristãs pregam, confesso que tenho admiração profunda pelo ser humano Jesus Cristo. Se ele fosse meu contemporâneo, eu não seria merecedor de uma convivência íntima com alguém tão especial. Com um homem tão íntegro e dotado por uma capacidade ímpar de amar as pessoas como pessoas e não como sobrenomes, cargos, classes sociais ou aparências.
Jesus Cristo era um homem para quem as portas da riqueza, do estrelato e do poder sociopolítico teriam se abrido, caso ele cedesse aos assédios daquela época e de qualquer outra. No entanto, fiel às suas raízes, aos seus princípios e conceitos éticos, ele seguiu pelo caminho mais difícil. Talvez tivesse abraçado uma vida mais confortável, dado mais conforto aos seus auxiliares diretos - discípulos -, se isso fosse possível sem nenhum desvio de conduta, ideologia ou convicções e se dessa forma tivesse como incluir aquele povo que o rodeava. O seu povo.
Como sua trajetória e sua missão seriam distorcidas e manchadas pelos contextos e concessões para viabilização dessas conquistas, Cristo preferiu manter a imagem do menino da manjedoura, o filho do carpinteiro e da mulher simples. Em minha opinião, a imagem do filho legítimo de Deus fluiu por conta das crendices populares... da natureza "lendeira" dos povos de todos os tempos e dos líderes espertalhões que descobriram bem cedo como criar os currais das religiões e manter esses mesmos povos na rédea curta que lhes rende fortuna e protagonismo... alimenta o seu poder... o seu vício de escravizar.
Sou um ser humano comum, que trabalha pela manutenção do relativo conforto material que tem. Mas confesso que tenho medo da riqueza. Se já me sinto distante da imagem admirável do ser humano especial Jesus Cristo, a fortuna e o poder me distanciariam cada vez mais do Cristo da manjedoura... do homem simples e filho de refugiados trabalhadores que todos os dias me rodeia, multiplicado em pessoas comuns e sacrificadas. Tenho medo do egoísmo, da frieza e da gula possíveis, pelas quais eu perderia de vista essas pessoas que são meu berço e minha estrutura e só me lembraria delas em discursos, nas datas cristãs oficiais.
E nestes últimos três anos, nos quais vi em meu país uma figura perversa, tirana, mentirosa e hipócrita se tornar o novo Cristo dos criadores ou empresários de religiões... e de seus fiéis, em nome do poder e a glória material para os líderes e um protagonismo ilusório para o rebanho, sinto mais do que sempre que o meu lugar não é no hall das elites nem no curral das multidões ora tangidas pelas diferentes elites.
Seguirei com os renegados destes tempos. Os subversivos e comunistas. Excomungados e sem senha. Ainda sou quem sou, porque optei por não estar. Seguirei usando meu ateísmo na tentativa de ser instrumento de resistência e cidadania. De não alugar minha identidade nem vender a cabeça do próximo para o poder. Se Cristo estiver por aí, disfarçado, quero ser o adúltero a ser protegido por ele do apedrejamento pelos novos santos e patriotas.
VACINA SIM - FANATISMO NÃO
Demétrio Sena - Magé
Vacinar-se contra um vírus altamente contagioso, que já matou milhões em redor do mundo não é algo ideológico, religioso nem filosófico. Esse negócio de "aqui em casa eu me vacinei, fulano e cicrana não e todos nós convivemos bem" é de uma ignorância, uma medievalidade sem sentido. Uns tentam se proteger e proteger os outros, mas um bonitão ou bonitona resolve arriscar a própria vida e a dos seus próximos, porque "não concorda" com o que não cabe num discurso retórico. É medicina. É ciência. É saúde, amor ao próximo, vida e consciência da necessidade coletiva de conter uma longa tragédia mundial. Uma pandemia.
Ninguém concorda ou discorda que uma doença requer cura e a cura possível, mas renegada, progride para uma morte desnecessária. Mesmo assim, se você quer correr o risco de se decompor com uma doença que não vai contagiar ninguém, é direito seu... ao se tratar de uma doença contagiosa que pode ser contida e a médio prazo erradicada, quem não quer se vacinar é criminoso. Não importa qual seja o argumento, é criminoso, além de potencialmente suicida. Pior ainda, quando a pessoa se nega por um fanatismo politicopartidário atado ao fanatismo religioso que os líderes de ambos os lados manipulam... e os liderados se deixam teleguiar.
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