Nao Ligo pra o que Voce Pensa

Podemos muito bem perguntar-nos: o que seria do homem sem os animais? Mas não o contrário: o que seria dos animais sem o homem?

Creio que o homem sonha unicamente para não deixar de ver; pode acontecer que um dia jorre a luz interior em nós e nenhuma outra nos será mais necessária.

Tudo é caro de mais quando não é necessário.

Quando é preciso escolher entre liberdade e erudição, quem não dirá que prefere mil vezes a primeira?

Não desejes e serás o homem mais rico do mundo.

janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa

Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.

Não me agrada aconselhar, porque, em todos os casos, trata-se de uma responsabilidade desnecessária.

A riqueza não consiste na possessão de tesouros, mas no uso deles.

Um saber múltiplo não ensina a sabedoria.

Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.

A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.

A alma humana é feita para não estar sozinha.

A agitação contínua numa vida tumultuosa não é atividade saudável, mas inquietação.

Deus não pertence a nenhum povo.

O homem honrado nunca jura; contenta-se com dizer: isto é ou isto não é. O seu caráter jura por ele.

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

(Poesia feita em homenagem ao poema Geometrida dos Ventos de Álvaro Pacheco)

As nossas maiores dissimulações são desenvolvidas não para esconder o que há de ruim e feio em nós, mas o nosso vazio. A coisa mais difícil de esconder é aquilo que não existe.

Existem duas espécies de idiotas: aqueles que não duvidam de nada e aqueles que duvidam de tudo.

Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade.