Não Existe uma Pessoa Certa

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Um aroma úmido,
um pequeno nada,
exala o singular cheiro de terra molhada.
Composto de chão de terra, britas e
fragmentos do cotidiano.

O perfume da chuva
tem aroma de óleo de sândalo,
restaura lembranças
ao passo que apaga os rabiscos do chão.

Perfuma o vento
no entardecer das cores,
limpa a lousa da calçada e da vida,
hidrata nossa esperança
e restaura nossos sonhos.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠A fé é uma casa de vários donos com todos os seus quartos ocupados por dúvidas.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Voei

Foi assim:
Coração acelerado, isso ocorreu perto das dez.
Quando o avião decolou,
eu subi junto.
A alma foi atrás.
Quanto mais alto ele ia,
menos medo eu sentia.
Foi a primeira vez que não me senti ameaçado pelo medo.

Abriu a porta,
12.000 pés.
Engraçado como tudo fica pequeno daqui.
Tudo fica...

Na aparente loucura causada pela adrenalina, fiz as pazes com a lucidez.
Saltei
e, mesmo no ar,
relutei.
Quando percebi que não tinha mais chão,
voei.
Logo, nós três éramos apenas um:
eu, a alma e o ar.
Engraçado,
tudo fica tão pequeno daqui.

De repente, um grito!
Mudo.
Apesar do maxilar travado, dava para sentir o eco reverberando em minha cavidade torácica.
Qualquer som silencia diante dos céus.
Engraçado como tudo fica pequeno dali.

Foi lá que percebi algumas coisas:
Que o amor não é gaiola e céu,
que é para o alto que nascemos
e que o colo de Deus é infinito.

Não foi salto,
foi entrega,
foi retorno.

Inserida por Epifaniasurbanas

A grandeza e o dilema de ser pai

Ser pai é destino, missão que se trama,
Nos fios do tempo, oculto, a se entrelaçar,
Não é só a vida que se deve perpetuar,
Mas a alma que, em silêncio, se inflama.

Os filhos, seres que nos atravessam,
Não nascem apenas do corpo, mas do sentir,
Cruzam nosso caminho, e ao nos invadir,
Transformam o vazio que em nós cessa.

É nesse encontro que o belo se revela,
Quando o inesperado faz-se em ser,
Almas que, de não ser, passam a viver,
Forjadas no calor que o tempo sela.

Paternidade, processo singular,
Feito de alegrias e de dor calada,
Reconhecida, mas quase sempre velada,
Nos gestos simples, nas palavras a silenciar.

Em cada ação, o pai, com jeito finito,
Revela o divino que em nós habita,
Semelhante a Ele, na tangente da vida,
Invisível, mas presente, o mundo infinito.

Talvez o pecado maior seja a ausência,
Escolha silenciosa que a distância impõe,
De herói a vilão, o pai assim se põe,
No desejo de moldar, com severa paciência.

Mas é nesse dilema que a grandeza reside,
Caminhar entre a presença e o deixar ir,
Dar o melhor de si, sem nunca mentir,
Que o amor, mesmo imperfeito, é o que nos divide.

E assim, no vasto papel que o pai assume,
Descobre-se que ser grande não é só estar,
Mas que, mesmo ausente, pode perdurar,
Sua essência, no coração que o resuma.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Crônicas do Efêmero

No ritual matinal do café quente,
abre-se o dia com moderação,
enquanto o sol, comedidamente,
ensaiando seu brilho, molda a mesa com precisão.

A brisa, tímida e reflexiva,
percorre as folhas com lembranças,
como quem passeia entre memórias,
de um tempo que, na verdade, nunca se foi.

O riso infantil, puro e indomável,
corre sem destino certo,
como se a vida lhe pertencesse,
e o momento fosse uma eternidade.

Um abraço inesperado,
que sem alarde se anuncia,
carregando em seu simples gesto
todo o peso suave da afeição.

E no reencontro com os amigos,
as palavras fluem sem pressa,
entre risos, confidências e recordações,
como se o tempo, por um instante, se esquecesse de passar.

São essas minúcias da existência,
aparentemente insignificantes,
que compõem, em segredo,
o grande romance da vida.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Apetite de Amanhãs

Deus, em sua eternidade, não precisa de lembranças;
Nós é que forçamos o recordar.
O tempo, esse sábio que a tudo cura,
Desenha as marcas de quem somos.
Não há ferida que ele não toque,
E não há memória que ele não visite.
A conferência da saudade não nos deu a dádiva do esquecer.
No ensaio da solidão, guardo algumas dores enquanto ofereço sorrisos.
A saudade vem nostalgiar,
Recorda até as desnecessidades.
Bendito seja o inventor da memória,
Que nos dá o poder de reviver os dias,
De devotar a delicadeza
E discernir que a esperança é diferente da espera.
Olho para o passado, sim,
Mas tenho apetite de amanhãs.

Inserida por Epifaniasurbanas

A biblioteca

Na sala de leitura,
onde o tempo descansa sua mão pesada,
as histórias se recolhem em silêncio,
como crianças que adormecem
no colo da noite.
Ali, entre as capas puídas,
os livros se tornam confissões veladas,
guardando, em seu respirar sereno,
a memória de quem os tocou.

As prateleiras
sustentam o peso das palavras que nunca gritaram,
mas que se entrelaçam,
tecendo uma trama de vida sem alarde.
É ali que os segredos se desnudam,
quando as sombras das capas desenham
linhas suaves,
mapas de histórias esquecidas
que apenas os olhos do coração podem decifrar.

Há uma paz que nasce
do silêncio das salas,
uma leveza que se acomoda no espaço
entre o livro e o leitor.
É preciso sentir o chão,
como quem se entrega à terra,
para compreender o abraço do tempo
que se revela nas páginas que esperam.
No simples, no pequeno gesto de olhar,
a vida sussurra seus mistérios,
e então a estante floresce.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Às margens do teu ser.

Meu mar doce,
represá-la?
Não posso.

És livre, mar...

Navegantes?
Só os que permites,

mas
não há ainda quem
te desbrave.

És livre, mar,

de
ondas curvilíneas,
poente de toda luz.

Povoas a mente dos homens,
morada do desejo.

És livre, mar,

a ti, tenho
apenas
um pedido:

Afoga-me.

Inserida por Epifaniasurbanas

Soube que era saudade

⁠Soube que era saudade
quando houve perdão sem ter ocorrido pecado.
Quando notei que a lua desrespeitou o dia.
Quando as asas antecederam o pássaro.
Quando o beijo chegou antes dos lábios.
Quando preparei duas porções para jantar só.
Soube que era saudade
quando o tempo se desfez em instantes,
e as palavras, antes certas, calaram-se.
Quando a distância virou ponte invisível
e o silêncio, companheiro do meu sentir.
Quando esperei por cartas que jamais foram escritas,
e o vento, em sua dança, trouxe teu perfume ausente.
Quando me vi falando contigo em pensamentos,
enquanto o mundo ao redor continuava em sua pressa.
Quando houve dicotomia, e minha alma se viu sem corpo.
Quando meu corpo sentiu o que meus olhos não enxergaram.
Quando fechei os olhos para enganar a mente.
Quando vi tua foto, e a memória quis se encarnar.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Autorretrato

Faço apologia do inútil,
fomento as desimportâncias.
Não vivo sobrevivo apenas com o indispensável.
O sonho e a loucura são essenciais.

Faço oposição ao não amor.
O oposto do amor não é ódio, é indiferença.
Numa sociedade indiferente,
prefiro ser o antônimo.

Minhas palavras descalçam-se
em chão fértil de miudezas,
onde o desimportante vira raiz.
Sem pressa, sem aprisionar o tempo,
sigo plantando o improvável.

Combato o óbvio,
a pobreza da descrição cheia de certezas turvas,
com um segundo olhar.
Troco o fato pela frase,
para abortar extremistas e ditadores.

Economizo a informação,
aumentando o encantamento.
É o jeito que encontrei
de revisitar o Éden.
Utopia ajuizada não é utopia.

Penso que, melhor do que uma verdade escrita,
é uma beleza bem contada.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Haverá o tempo
Que estaremos
cansados e não teremos
Pessoas que façam os
Nossos trabalhos.
A juventude se transformou
em uma grande esfera
Em cima de um pico, onde a
Tendência é só descer sem freio.

Inserida por Henriquepessoa83

⁠Passamos a maior parte do nosso ⁠tempo no trabalho que em qualquer outro lugar
Então se não somos felizes no trabalho não somos felizes na vida

Inserida por Henriquepessoa83

⁠Quando observamos
o universo com paciência
ele nos retribui com paz
interior e alegria.

Inserida por Henriquepessoa83

⁠⁠"É mais fácil criar deuses do que matá-los."

Inserida por JoaoC

⁠Sou um amontoado de pedaços, onde moram partes que não nasceram em mim e hoje florescem em um corpo que é, de algum modo, meu. Tenho um pouco de todos e todos têm um pouco de mim, vejo-me espalhado.

Esse eu sem nome, essa parte que nasceu em mim e agora habita em outro corpo, ainda sou eu. Desgasto-me com velocidade absurda, meus fragmentos se espalham por toda parte. Sinto-me completo somente quando estou disperso.

Como um galho arrancado da árvore e plantado em nova terra. Como a árvore que viaja através de suas sementes, eu vivo nas entranhas alheias.

Assim, quem busca a perfeição humana se perderá, pois não há encaixes perfeitos em pedaços distintos.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Não derramem lágrimas onde descanso,
Pois não estou lá, não sou apenas pó.
Sou o sussurro do vento nas árvores altas,
Sou o brilho das estrelas na noite calma.
Sou a melodia suave da chuva ao cair,
Sou o calor do sol que abraça o dia.
Quando sentirem falta da minha presença,
Basta olhar ao seu redor, e lá estarei.
Em cada riso, em cada abraço apertado,
Em cada brisa que acaricia o rosto amado.
Não derramem lágrimas onde descanso,
Pois meu espírito vive na eternidade do amor.

⁠Viver por vezes parece ser apenas adiantar o trabalho do dia seguinte. No domingo, já estamos pensando na segunda-feira, na terça-feira, já estamos de olho na quarta-feira, e assim por diante, sempre um passo à frente do dia presente. Com tanta antecipação, acabaremos vivendo um mês a menos.

Nossa mente, assim como a vida, é uma tecelã desatenta que não distingue entre fios de ouro e fios de sombra. Ela não seleciona memórias como boas ou más; simplesmente as deixa dançar ao sabor do vento da lembrança. Daí o perigo de se viver de amanhã.

O tempo, esse trapaceiro imprevisível, teima em desafiar nossas noções de permanência, sempre nos lembrando de sua natureza efêmera. No entanto, no meio desse emaranhado de efemeridades, o amor emerge como um oásis de eternidade. É nele que residem todas as histórias que o tempo já arrastou consigo, como conchas preciosas depositadas na praia do coração.

Sempre que puder desperdice simpatia, pois é o amor que empregamos no cotidiano dos nossos dias que nos fará celebrar não apenas o tempo que já vivemos, mas também o tempo que ainda teremos para tecer novas memórias e se encantar com suas infinitas possibilidades.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Quando abraço alguém, fecho os olhos e demoro pelo menos uns trinta segundos antes de soltar. Neste tempo, consigo ouvir exatamente cada pulsar do coração. Acredito que cada coração tem um ritmo, como se fosse um timbre vocal. Convido-te a ouvir! Para isso, é preciso que eu saia da superficialidade dos sentidos. No último abraço que dei, pude escutar as palavras mudas de um coração: "Obrigado por estar aqui."

Inserida por Epifaniasurbanas

Soneto I

Queria poder estar
em todo lugar parado
para observar ao lado
o movimento chegar

olho ao longe sobre mim
todos os momentos loucos
que os sentimentos poucos
fizeram mal mesmo assim

se eu pudesse eu pediria
antes arte que a razão
que hoje é mercadoria

frente a tanta aberração
com emoção melhoraria
a vida de um cidadão.

Inserida por juliopessoa

⁠Quem você julga agora
Amanhã você se torna

Inserida por Kayka

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