Nao estou Sozinha

Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.

A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.

O homem que age não sofre.

Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.

Se temes a solidão, não tentes ser justo.

A agitação contínua numa vida tumultuosa não é atividade saudável, mas inquietação.

Deus não pertence a nenhum povo.

Não há prazer em possuir algo sem companhia.

Você

De repente a dor
De esperar terminou
E o amor veio enfim
Eu que sempre sonhei
Mas não acreditei
Muito em mim

Vi o tempo passar
O inverno chegar
Outra vez, mas desta vez
Todo pranto sumiu
Um encanto surgiu
Meu amor

Você é mais do que sei
É mais que pensei
É mais que esperava, baby

Você
É algo assim
É tudo pra mim
É como eu sonhava, baby

Sou feliz agora
Não não vá embora não

Não, não vá embora, não
Vou morrer de saudades...

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

(Poesia feita em homenagem ao poema Geometrida dos Ventos de Álvaro Pacheco)

A vida humana não tem só um nascimento, só uma infância, é feita de vários renascimentos, de várias infâncias.

O elogio que se conquista em não se deixar ofender supera a glória que se ganha vingando-se.

Não gosto de trabalho, nem quando é outro a fazê-lo.

É certo, afinal de contas, que neste mundo nada nos torna necessários a não ser o amor.

Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos.

Existem duas espécies de idiotas: aqueles que não duvidam de nada e aqueles que duvidam de tudo.

As nossas maiores dissimulações são desenvolvidas não para esconder o que há de ruim e feio em nós, mas o nosso vazio. A coisa mais difícil de esconder é aquilo que não existe.

Porque o arrependimento, como o desejo, não procura analisar-se, mas sim satisfazer-se.

O amor não é uma futilidade ou um divertimento; é um sentimento profundo, que decide de uma vida. Não há o direito de o falsificar.

As melhores coisas na vida não são coisas.