Não Esqueço Coisas que Vivi
Parecer
Eu nunca quis ser igual à minha mãe, porque sinto que ela se doa demais para as pessoas (coisa que eu deveria admirar), mas, como vejo, é uma forma de autodestruição. Ela dá mais do que recebe, e isso acaba sobrecarregando-a ao ponto de descontar em terceiros. Um tempo atrás, eu me vi nela, me doando ao máximo para as pessoas que amo (de uma forma ruim). Às vezes, as pessoas não têm muito a nos dar ou só não acham que valemos a pena, e tudo bem…
Nunca quis ser igual ao meu pai, porque ele sente demais e faz coisas imprevisíveis. Outra vez digo aqui: eu me vi nele.
E é frustrante, pois tudo que vejo de fraqueza neles, eu tenho inteiramente no meu ser. Não queria ser feita de boba ou ficar na defensiva toda hora por não confiar em nada e nem em ninguém.
O jeito doce e gentil, eu herdei dela. A forma de tentar entender o lado de quem me machuca também. Até mesmo o jeito de guardar tudo para mim, chorar sozinha e fingir que nada aconteceu. Mas a raiva… a raiva eu herdei dele. A explosão depois do acúmulo de sentimentos ou a tentativa de parecer forte para o mundo (porque eu tenho que ser o porto seguro de todos) — isso tudo veio dele.
Não queria me parecer com nenhum dos dois. Às vezes, acho que não tenho escolha a não ser aceitar meu destino, mas acabei percebendo que o que eles me ensinaram não é lei e que eu sou um ser humano diferente deles. Então digo para mim mesma que não me pareço nada com eles. Afinal de contas, nenhum dos dois escreve sobre sentimentos por aí.
P.S.: Você é única.
Suspirei fundo. Colocando o derrotismo de lado. Eu não era mulher de ficar chorando pelo leite derramado... Precisava agir. Fazer algo. O que? Eu não sabia ainda. Qualquer coisa que me tirasse de vez daquela armadilha repulsiva. Não podia admitir que Ali tomasse as rédeas da situação. Precisava evitar que ela voltasse a me tocar daquele jeito. Como se achasse que fôssemos, ou pudéssemos algum dia ser namoradas, ou algo mais... Tinha que fazer a menina entender que aquilo era impossível.
Agora é hora de decidir: te espero, ou te esqueço? E mesmo com todo mundo me dizendo que devo esquecer, vou acabar esperando. Não por muito tempo. Mas vou esperar porque, no fim, acho que ainda vai valer a pena.
Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se caráter custa caro
pago o preço.
Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.
Um rio, só se for claro.
Correr sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
não paro nem mereço.
E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
se caráter custa caro
pago o preço.
Voltei pra casa com a saia do avesso.
Pequenos sinais, evidências;
Esqueço sempre em algum lugar
Minha prudência.
Bom comportamento nunca foi meu ponto forte.
Minhas contradições se digladiam,
Sobrevivo de um instinto que me empurra
Para lugares onde moças não iriam...
Sou tantas, e a cada dia uma.
Quero da vida todas e mais algumas,
Ir fundo em todas essas personagens.
Gosto de descobrir todas as pessoas das pessoas,
E sobretudo gosto das pessoas
E é a elas que dedico essa viagem.
Meus olhos que ficam molhados pela alegria. Estou em um estado onde me esqueço do tempo e de dormir.
Sonhando com um sonho chamado você, para sempre.
Eu acredito na vida, no que ela pode trazer de melhor. Acredito em dias bons e ruins, mas esqueço essa coisa tola de destino. Se hoje eu estou bem, o mérito é todinho meu e não de uma força que encaminha a minha vida, o meu humor e o meu amor. O cruel disso é só saber que se a coisa anda feia, a culpa é também toda minha. Se não era pra ser e eu quis, devo acreditar que Deus me fez pra chegar nesse determinado momento e eu passar por isso? Seria ótimo jogar a culpa do fracasso em alguém, mas se não quero ninguém sendo responsabilizado pelo que faço de bom, não posso desejar ninguém pra ser a minha válvula de escape. Então, toda a minha mania de insistir demais, de não enxergar o prazo de validade, o sinal que já deu, de que eu aproveitei o que tinha pra aproveitar. A minha loucura de querer sempre um pouquinho mais das coisas, das pessoas, dos sabores e das cores. A besteira de não entender o aviso de caia fora, isso tudo é minha tão e única grande culpa. O que me resta disso é aprender a conviver com que há de melhor e pior em mim, não faz o menor sentido em procurar a perfeição, ela não existe.
O que é sensato é aprimorar os meus talentos e me reconhecer humana, limitada, e nem por isso deixar de ser incrível. Por isso, em respeito ao que chamo de meu limite, vou compreender que o nosso tempo acabou, vou partir pra algo melhor. Quero estar disponível pra única pessoa em quem devo realmente confiar: eu mesma. Eu sinto muitíssimo por tudo que ameaçou a ser e não foi, por tudo que poderia ter sido, se a gente tivesse tido um pouco mais de qualquer coisa. Mas, como tudo na minha vida são escolhas exclusivamente minhas, eu opto por desistir e entenda a nobreza desse gesto, nem sempre reconhecer que a coisa expirou pode ser considerado algo fraco, talvez seja o que há de mais bonito em um ser humano: a compreensão de que se deve ir sem determinada situação ou pessoa e continuar a ser feliz mesmo assim. Enfim, em paz, com leveza e sabendo que com ou sem arrependimentos, tudo isso não passa de escolhas que são somente minhas.
Eu sei que você já não se importa comigo. Mas parece que esqueço disso, e a cada vez que volto a lembrar dói mais que a anterior.
Um homem, um menino
Pareço diferente, maluco
Com sentimentos a tona
Esqueço de tudo, e no mesmo tempo
Lembro de tudo também
Quando esqueço tou de boa
Alegre, Feliz
Mas quando lembro
Não sei, mudo, fico estranho
Sabe, fico perto de todos
E ao mesmo tempo longe, em meu lugar
E isso é com tudo que me preocupa
Será que todos é assim ?
E quando te vejo, fico loco
Sem você saber que sou loco pra te ter
Tem ora, que nem lembro de você
Te esqueço completamente
O ruim, é que quando lembro
E isso é um problema
Porque fico assim
Sabe, fico perto de todos
E ao mesmo tempo longe, em meu lugar
Só pensando, e lembrando de você
Das conversas, das risadas
E imagino
Será que um dia vou te ter.
Acho que até esqueço você às vezes. Aí toca aquela música, vejo aquele filme, passo naquela rua, encontro aquela foto, tropeço naquele degrau..
Não quero mais brigar e nem tentar acreditar mais nisso. Acabou, é isso. Mas eu não me esqueço de você, e você, não se esqueça de mim. Me veja como algo bom, ou algo dramático-divertido. Só isso.
Não esqueço...
Onde e quando a luz do bem impera,
a alma e a vida encontram meios para recomeçar...
Sempre!...
