Nao Abra seu Coracao

A santidade talvez não seja mais do que o cúmulo da delicadeza.

A inteligência! É uma questão de química orgânica, nada mais. Não somos mais responsáveis por sermos inteligentes do que por sermos estúpidos.

Não sei se sou autoritário. Durante as filmagens, sou decerto uma pessoa diferente, sem tempo para delicadezas. Mas será que, numa operação, o cirurgião diz: poderia me passar o bisturi, por favor? Muito obrigado. Claro que não. Ele só diz: bisturi!

Não há uma felicidade tal, que te sintas sempre satisfeito.

Tenho um amigo obeso que não suportaria viajar em terceira classe de Paris a Ruão, e que vai, naquele corpo de quarta classe, do nascimento à morte.

Quem não sente qualquer amor, tem de aprender a lisonjear, senão não se arranja.

Faço um brinde à ciência: enquanto ela não fizer mal ao povo.

Os defeitos dos outros não devem nos incomodar, mas, sim, nos ensinar

Se deres tudo, menos a vida, fica certo de que não deste nada.

Um homem que acaba de arranjar um emprego já não faz uso do espírito e da razão para regrar a sua conduta e as suas atitudes perante os outros: toma de empréstimo a regra do seu posto e da sua situação; donde o esquecimento, a altivez, a arrogância, a dureza e a ingratidão.

A história justifica tudo quando se quer. Ela não ensina rigorosamente nada, pois contém tudo e dá exemplos de tudo.

Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada.

É de admirar que um adivinho não ria ao ver outro adivinho.

Ser-se livre não é nada fazer, é ser-se o único árbitro daquilo que se faz ou daquilo que se não faz.

A inteligência é quase inútil para quem não tem mais nada.

Os trabalhos escolares são provas para o carácter, não para a inteligência. Quer se trate de ortografia, de poesia ou de cálculo, está sempre em causa aprender a querer.

Aquele que tentou e não conseguiu é superior àquele que nada tentou.

A vida, por fim, não passa de um hábito que se tem de perder, depois de todos os outros.

Um homem que tem de ser convencido a agir, antes de agir, não é um homem de ação.

O mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas é a sua autêntica periferia.