Na Boca em vez de um Beijo um Chiclete de Menta

Prefiro um vício cômodo a uma virtude que fatigue.

O dia de ontem terminou na noite passada, e hoje é um novo dia.

Segure um verdadeiro amigo com ambas as mãos.

Há quem morra desconhecido por não ter tido um teatro diferente.

Quando o mar está calmo, qualquer um pode ser timoneiro.

O prazer estético deve ser um prazer inteligente.

Apenas o tempo revela o homem justo; basta um dia para pôr a nu um pérfido.

Um depois do outro
Chegam os cartões de Natal
- Saudade dos amigos.

É, realmente, um grande aborrecimento o fato da sabedoria só poder ser adquirida através de trabalho árduo.

Para um tal resultado, podia-se arriscar a vida. Era a este preço que se descobriam os mistérios da arte.

Só um homem inexperiente faz uma declaração formal. Uma mulher convence-se de que é amada muito melhor pelo que adivinha do que pelo que se lhe diz.

O prazer que um objeto nos proporciona não se encontra no próprio objeto. A imaginação embeleza-o, cercando-o e quase o irradiando com imagens estimadas. Em suma, no objeto amamos aquilo que nós mesmos colocamos nele.

Vaidade: homenagem de um palerma ao primeiro imbecil que aparece.

A meditação é um vício solitário que cava no aborrecimento um buraco negro que a tolice vem preencher.

Drão

Drão,
O amor da gente como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura

Drão,
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão,
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão.

Cada um deve remar com os remos que tem.

Soneto oco

Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.

De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.

Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.

Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.

Idealista é quem, notando que uma rosa cheira melhor que um repolho, conclui que é também mais nutritiva.

Não há coisa que demonstre de maneira mais decisiva o caráter de um homem ou de uma nação do que a maneira como são tratadas as mulheres.

Um escritor, um pintor, que conseguiram fixar numa página ou num quadro um sentimento das coisas do mundo, uma visão que durará para sempre, comunicam-me uma emoção profunda.