Montanha Russa Marta Medeiros

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“É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis.”

Se você quer ser um vencedor, é necessário se afastar das pessoas perdedoras. As pessoas perdedoras vão fazer de tudo pra te transformar em perdedores também. Faças sempre o seu melhor e o seu sucesso chegará!

VINGANÇA

A vingança é um mau
que quando nasce
destrói o enlace
e deixa dor em erupção
e o vulcão
que chora as mágoas
só renasce
se a outra face
for servida pro perdão

Saída

Me afoguei no submundo da impureza
que a correnteza me arrastou sem direção
no porão que habita a incerteza
fiz da beleza o produto da razão.

Amizade não é só empatia, é cultivo. Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa - nem deve - vir acompanhado de um motivo. As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor – normalmente tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato, e para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena.
Você não precisa de uma razão. Basta sentir a falta dessa pessoa. E,... quando estão juntos, tratarem-se muito bem. Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado, em silêncio. Não é preciso trocar elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso se rasgar em manifestações constantes de carinho, podem dizer verdades duras, às vezes, elas são necessárias. Mas há sempre algo sublime entre os amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra-chave. Admiração, certamente. Cumplicidade? Mais do que isso. Sintonia? Acho que é amor. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. E para não invejar as vitórias um do outro. Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto nas suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços - mas liga quando o sumiço é exagerado. Correria não é desculpa!

Dá para mudar o passado? Não dá. A única coisa que dá para mudar é a maneira como enxergamos tudo o que nos aconteceu (e ainda acontece) e ver o que é possível perdoar, esquecer ou redimensionar. Viver não é fácil, mas é o que temos pra hoje.

Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Feliz por Nada. Porto Alegre: L&PM, 2011.

Nota: Trecho da crônica "Quando Deus aparece"

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Agradecimento.

Vamos sempre dar valor
a tudo que nos pertencer
o que vale é ter amor
e bons motivos pra viver
perdoar sem ter rancor
pouco ou muito como for
o importante é agradecer.

Você conhece o tipo. Ela é uma graça de pessoa, excelente companhia para um cinema, para uma caminhada no calçadão, para uma balada dançante. Uma amiga querida. Mas não dá para convidá-la para almoçar na sua casa. É daquelas chatas pra comer.

A pessoa chata pra comer teve uma infância complicada neste setor: não comia nada. Criança que não gosta de legumes e verduras é normal, mas ela não gostava de cachorro-quente, não gostava de presunto e queijo, não gostava de banana, de doce-de-leite, de molho algum, nem de temperos, implicava com as cores e os cheiros dos alimentos, uma chata.

Deveria ter recebido, naquela época, os corretivos adequados, mas a mãe e o pai não quiseram se dar ao incômodo e agora está ela aí, adulta, simpática, bonita, inteligente, divertida, encantadora... mas chata pra comer.

A chata pra comer não consegue trocar de marca. Aos quatro anos de idade comeu um iogurte de determinada marca e nunca mais quis nem chegar perto de qualquer outra embalagem que não fosse aquela sua velha conhecida. Ela estranha muito os novos gostos, mesmo que a diferença seja imperceptível. E é assim com mostardas, maioneses, conservas, café em pó, sopas de pacote: ela é fidelíssima ao primeiro amor - quando há troca de nome ou fabricante, ela nem olha.

A chata pra comer é alérgica a frutos do mar. Implica com tudo que leve ovo. Tira todas as nervuras do bife, e também as bordas, não come as bordas nem do filé. A chata pra comer pergunta por ingredientes que ela não identifica. Tem cebola neste arroz? Tem champignon neste estrogonofe? Tem palmito neste pastel? Tem bacon nesta batata? Ah, então não vou querer, obrigada. Ela é muito educada, a chata.

Ela também não come comida que seja regional. Sarapatel, carreteiro de charque, buchada de bode? Credo. Ela é fã de cozinha internacional de restaurante, a ver: suprema de frango, massa aos quatro queijos, camarão à grega. Ela é alérgica a frutos do mar, mas de camarão ela gosta. Frutos do mar, pra ela, são aquelas outras coisas nojentas: lula, mariscos, mexilhões.

A chata pra comer acha comida caseira sem graça. E o resto, sofisticado demais. Não gosta de nada muito apimentado, nem muito salgado, nem de carnes estranhas como javali, pernil e pato, nem de molho agridoce, nem de comida crua, nem de cozinha étnica. Junkie food, tudo bem, desde que sem picles e catchup. Pizza? Margherita, superoriginal. Sobremesa? Não é chegada a doces.

A chata pra comer ao menos bebe. Se não bebesse, seria insuportável.

Mas ela não é insuportável: é gentil, espirituosa, culta, empreendedora, charmosa e, claro, sendo chatíssima pra comer, a desgraçada é magra.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Martha Medeiros

Nota: Trecho da crônica "O Medo do Amor" de Martha Medeiros: Link

Vento seco.

O vento seco que corre
pela seca que avança
e o jumento que socorre
é bicho que não descança
aqui quase tudo morre
só não morre a esperança.

Vida na fazenda.

Quem vive lá na cidade
falta espaço na agenda
não tem disponibilidade
nem mesmo pra oferenda
pra encontrar a felicidade
vem viver a simplicidade
nos campos de uma fazenda.

Uma mulher é apenas uma mulher, mas uma mãe é um vulcão, um furacão, uma enchente, uma tempestade, um terremoto. Uma mãe é invencível. Não há perda que ela não transforme em força. Não há passado que ela não emoldure e coloque na parede. Não há medo que a mantenha quieta por muito tempo.

Martha Medeiros
Doidas e Santas

RESPEITO.

Sei que todo mundo erra
nunhum ser se perpétua
nordestino não quer guerra
mas também ninguém recua
tu respeita a minha terra
que eu não falo mal da tua.

Se olhe no espelho, mulher.
Se ache maravilhosa.
Você é dona do seu nariz agora.
Você lutou muito para chegar onde chegou.
Se olhe no espelho, mulher.
E acredite que você é capaz,
você é sagaz.
Vai lá e mostra para que veio.
Mostra quem é que manda.
E, sem receio,
se joga, se entrega, pulsa
na dança, na luta,
na incrível luta que é ser mulher.

Certeza

Acusar sem ter certeza
é um ato indecente
é ferir a natureza
numa ação incompetente
é preciso ter cuidado
você pode ser julgado
mesmo sendo inocênte.

Sou Negro

Sou Negro sou Baiano
sou do gueto sou da massa
o meu sangue é africano
e ninguém me ver de graça
eu sou Gil eu sou Caetano
sou soteropolitano
sou a cor da minha raça.

Eu gosto, gosto mesmo de você. Mesmo tentando não gostar, tentando deixar pra lá, fazer de conta que não significa nada. Não é bem assim. Eu te gosto, eu te quero, eu te cuido. De pouquinho, e do meu jeito. Mas acho que você sabe. Que no fundo, você sente isso, o meu carinho, o meu cuidado por você, só por você.

VISSE.

Sou nordestino brasileiro
a família é o meu tesouro
sou da terra, sou vaqueiro
visto o meu gibão de couro
pra dizer ao mundo inteiro
que um sorriso verdadeiro
vale muito mais que ouro.

Violência doméstica

Quantas vezes me bateu
sem falar o que eu fiz
eu só queria ser feliz
você não compreendeu
o meu coração sofreu
sentindo o corpo padecer
em troca de tanto amor
tive sofrimento e dor
mas não vivo sem você

É difícil de entender
porque sou tão submissa
sirvo pra tua cobiça
teu momento de prazer
porém, nada vou dizer
o meu direito é se calar
se nem piso na calçada
mesmo assim fico marcada
sem ter forças pra lutar

Apenas vou chorar
recuar mais uma vez
diante da tua embriaguez
nada posso recusar
tudo tenho que aceitar
calada sou agredida
e por ser tão dependente
vivo casada e carente
escrava da própria vida

Gostaria de gritar
para o mundo inteiro ouvir
o tanto que sofri
sem poder denunciar
se não tenho onde morar
vivo a mercê da sorte
vou me recolher tão cedo
convivendo com o medo
de escrever a própria morte.

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