Montanha Russa Marta Medeiros
Acredito que todo ser humano tenha a capacidade de pensar, mas tenho certeza de que nem todos pensam.
Retirante.
Ninguém deixa uma região
só porque não lhe quer bem
quando alguém deixa o sertão
já fez de tudo e nada tem
receba bem o nosso irmão
dê respeito ao cidadão
e a terra de onde ele vem.
DESPEDIDA.
Ninguém ouve o meu pranto
a minha terra é esquecida
sem chuva não há encanto
que floresça a nossa vida
a partida é um desencanto
sem ter dor que doa tanto
quanto a dor da despedida
Ser!
Quero viver o presente
que a vida é passageira
quero falar meu oxente
longe de gente grosseira
quero só um café quente
um sorriso permanente
e ter cuscuz a vida inteira.
Ser professor.
Voz estridente no tom
e o gosto de ensinar
o ganho nem sempre é bom
difícil algum reclamar
ser professor é um dom
que só Deus pode explicar.
SOU BAHIA.
Sou Soteropolitano
filho deste chão sagrado
sou pretinho, sou baiano
tenho o cabelo enrolado
sou Bahia, Sou Caetano
sou Gilberto e Jorge Amado.
Valor.
De que vale ter grandeza
quando não se tem pudor
muitos vivem na nobreza
mas no peito falta amor
não adianta ter riqueza
sem ter paz interior.
SERTÃO SECO.
Por aqui só tem verão
a chuva é uma raridade
a água vem de caminhão
nem sempre tem qualidade
e só quem vive no sertão
sabe o que é dificuldade.
TEMPOS.
Era tão bom antigamente
não tinha tanta frescura
brincava sem ter censura
e ninguém era diferente
a criança era inocente
mas também era sapeca
o gordinho ou o careca
o pretinho ou o baixola
e o menino jogava bola
e menina tinha boneca.
INJUSTIÇA!
O governo não representa
não respeita o vosso nome
o trabalho é até os oitenta
nesse sol que lhe consome
mesmo quando aposenta
o salário não lhe sustenta
e se parar morre de fome.
SONHO MEU, SONHO MAU
Acordo.
De fato, não sei.
Talvez ainda durma.
Nada parece certo.
Não me sinto desperto.
Mas estou na cama,
deitado.
Nem mesmo estou coberto.
E agora sinto frio,
tão forte,
superficial e também profundo.
Um intenso calafrio,
que me gela e cala tudo,
exceto o caloroso frio.
Na velha cama,
tão velha que já reclama,
quero ferozmente levantar.
Em total prostração,
nem ao redor consigo olhar.
Tudo que ouço
é a lenta respiração.
Neste corpo-calabouço
nada resta em esperança.
Do imóvel arcabouço,
tento a mão... sequer alcança.
Em matutino desatino,
cerro os olhos e raciocino:
Seria um sonho meu,
ou seria um sonho mau?
PONTO
cansei deste ponto
quero mais, quero a soma
vejo infinitos deles
e neste ponto, almejo a reta
mas ainda desejo mais
vislumbro infinitas delas
ainda neste ponto, prevejo um plano
um plano para minha vida
RESPEITO.
Na vida há tanto tropeço
que é sempre bom uma mão
a minha eu sempre ofereço
por respeitar cada irmão
o valor do ser não tem preço
sou nordestino e mereço
um pouco mais de atenção.
