Momentos Alegria Fernando Pessoa

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Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? E trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. A questão é toda essa: fluir. Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora. Virar barquinho, mesmo. Relaxar e observar o caminho, a paisagem, perceber minha respiração sempre tão junta da respiração do meu pequenino. E assim vamos fluindo, juntos. Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas. Tá tudo bem na verdade. É só uma questão de se encontrar. Porque as vezes eu me perco e fico me procurando, e não me acho. Mas quem sabe assim, deixando que a água vá me levando, não dá certo, né? Deus dará…

Você sabe o que um homem pensa de uma mulher pelo modo como fala nela de longe.

Dulce cantava a dor de estar vivo e não haver remédio nenhum para isso.
in Onde Andará Dulce Veiga?

Eu não preciso me “entender”. Que vagamente eu me sinta, já me basta.

Invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força.

Penso às vezes que, quando eu estiver pronto, embora não
tenha a menor idéia de como possa ser estar-pronto, um dia, um dia
comum, um dia qualquer, um dia igual hoje, vou encontrar você claro e
calmo sentado no Bar, à minha espera. Na mesa à sua frente, um copo
de vinho que você vai erguer no ar feito uma saudação, até que eu me
aproxime sem que você desapareça, para que eu possa então te abraçar

Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido. (...) Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. (...) Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. (...) E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

‎"Assustada com o amor? Ah, não.
Tanta gente querendo, tanta gente sentindo falta.
E você de repente abençoada - e confusa? Fica não."

“O que não nos escandaliza também nos define.”

Não era amor.
Uma vitória louca, uma vitória doente. Não era amor. Aquilo era solidão e loucura, podridão e morte. Não era um caso de amor. Amor não tem nada a ver com isso. Ela era uma parasita. Ela o matou porque era uma parasita. Porque não conseguia viver sozinha. Ela o sugou como um vampiro, até a ultima gota, para que pudesse exibir ao mundo aquelas flores roxas e amarelas. Aquelas flores imundas. Aquelas flores nojentas. Amor não mata. Não destrói, não é assim. Aquilo era outra coisa. Aquilo é ódio.

Caio Fernando Abreu
"Caixinha de música", Morangos mofados

"... como se tivesse retomado a um anterior estado de pureza depois de muitas marcas."

O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo.

Luis Fernando Verissimo
Novas comédias da vida privada

Nota: Trecho da crônica "Inimigos"

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"É você"



O amor pode vir por processos diferentes ,e andar por caminhos muito estranhos.Ele pode chegar no amanhecer,no meio do dia ou no anoitecer,ele chega de manso e penetra profundo na morada que o recebe.Suas pegadas jamais se apagam,e suas feridas nunca cicatrizam.O amor queima e seu calor muitas vezes pode levar um racional ao cáus do enlouquecimento.É um fluido de raro perfume,e sempre deve ser dosado,pois fortalece a alma.O amor é como o vento,as vezes te toca leve,as vezes bate mais forte,e as vezes causa catástrofes.O amor é uma palavra meiga,e pode também ser uma palavra dura.Pode ser um simples corte no dedinho,ou uma cicatriz de um bisturi que cortou fundo.O amor pode ser,um lápso uma fantasia,pode ser numeros,atos,pode ser astuto,insignificante ou tudo.Pode ser Pai ou Mãe,por tras de uma porta fechada,entre quatro paredes,no escuro ou no claro,61,66 ou 69,dureza,tentação ou love,o amor é o que voce chamar,tentar ou quizer,Eu Voce,tudo,enfim Ele é imortal,é como o vento,leva e traz tudo de bom e de ruim.O amor ,é voce para mim.

E mesmo assim, Deus ainda me dá forças para enxugar todas as minhas lágrimas e sorrir.

Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone.

Esse vício de eternidade que a gente tem.

O Assalto

Quando a empregada entrou no elevador, o garoto entrou atrás. Devia ter uns dezesseis, dezessete anos. Desceram no mesmo andar. A empregada com o coração batendo. O corredor estava escuro e a empregada sentiu que o garoto a seguia. Botou a chave na fechadura da porta de serviço, já em pânico. Com a porta aberta, virou-se de repente e gritou para o garoto:
- Não me bate!
- Senhora?
- Faça o que quiser, mas não me bate!
- Não, senhora, eu…
A dona da casa veio ver o que estava havendo. Viu o garoto na porta e o rosto apavorado da empregada e recuou, até pressionar as costas contra a geladeira.
- Você está armado?
- Eu? Não.
A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa, sem tirar os olhos do garoto:
- É melhor não fazer nada, madame. O melhor é não gritar.
- Eu não vou fazer nada, juro! disse a patroa, quase aos prantos. – Você pode entrar. Pode fazer o que quiser. Não precisa usar de violência.
O garoto olhou de uma mulher para outra. Apalermado. Perguntou:
- Aqui é o 712?
- O que você quiser. Entre. Ninguém vai reagir.
O garoto hesitou, depois deu um passo para dentro da cozinha. A empregada e a patroa recuaram ainda mais. A patroa esgueirou-se pela parede até chegar à porta que dava para a saleta de almoço.
Disse:
- Eu não tenho dinheiro. Mas o meu marido deve ter. Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe dará tudo.
O garoto também estava com os olhos arregalados. Perguntou de novo:
- Este é o 712? Me disseram para pegar umas garrafas no 712.
A mulher chamou, ocm voz trêmula:
- Henrique!
O marido apareceu na porta do gabinete. Viu o rosto da mulher, o rosto da empregada e o garoto e entendeu tudo. Chegou a hora, pensou. Sempre me indaguei como me comportaria no caso de um assalto. Chegou a hora de tirar a prova.
- O que você quer? – perguntou, dando-se conta em seguida do rídiculo da pergunta. Mas sua voz estava firme.
- Eu disse que você tinha dinheiro – falou a mulher.
- Faço um trato com você – disse o marido para o garoto – dou tudo de valor que tenho na casa, contanto que você não toque em ninguém.
E se as crianças chegarem de repente? pensou a mulher. Meu Deus, o que esse bandido vai fazer com as minhas crianças? O garoto gaguejou:
- Eu… eu… é aqui que tem umas garrafas para pegar?
- Tenho um pouco de dinheiro. Minha mulher tem jóias. Não temos confres em casa, acredite em mim. Não temos muita coisa. Você quer o carro? Eu dou a chave.
Errei, pensou o marido. Se sair com o carro, ele vai querer ter certeza de que ninguém chamará a policia. Vai levar um de nós com ele. Ou vai nos deixar todos amarrados. Ou coisa pior…
- Vou pegar o cinherio, está bem? disse o marido.
O garoto só piscava.
- Não tenho arma em casa. É isso que você está pensando? Você pode vir comigo.
O garoto olhou para a dona da casa e para a empregada.
- Você está pensando que elas vão aproveitar para fugir, é isso? – continuou o marido. – Elas podem vir junto conosco. Ninguém vai fazer nada. Só não queremos violência. Vamos todos para o gabinete.
A patroa, a empregada e o Henrique entraram no gabinete. Depois de alguns segundos, o garoto foi atrás. Enquanto abria a gaveta chaveada da sua mesa, o marido falava:
- Não é para agradar, mas eu compreendo você. Você é uma vitima do sistema. Deve estar pensando, ” Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar”, mas não é isso não. Sempre me senti culpado por viver bem no meio de tanta miséria. Pode perguntar para minha mulher. Eu não vivo dizendo que o crime é um problema social? Vivo dizendo. Tome. É todo o dinheiro que tenho em casa. Não somos ricos. Somos, com alguma boa vontade, da média alta. Você tem razão. Qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer. Tem que mudar o sistema. Tome.
O garoto pegou o dinheiro, meio sem jeito.
- Olhe, eu só vim pegar as garrafas…
- Sônia, busque suas jóias. OU melhor, vamos todos buscar as jóias.
O quatros foram para a suíte do casal. O garoto atrás. No caminho, ele sussurrou para a empregada:
- Aqui é o 712?
- Por favor, não! – disse a empregada, encolhendo-se.
Deram todas as jóias para o garoto, que estavam cada vez mais embaraçado. O marido falou:
- Não precisa nos trancar no banheiro. Olhe o que eu vou fazer.
Arrancou o fio do telefone da parede.
- Você pode trancar o apartamento por fora e deixar as chaves lá embaixo. Terá tempo de fugir. Não faremos nada. Só não queremos violência.
- Aqui não é o 712? Me disseram para pegar umas garrafas.
- Nós não temos mais nada, confie em mim. Também somos vitímas do sistema. Estamos do seu lado. Por favor, vá embora.
A empregada espalhou a notícia do assalto por todo o prédio. Madame teve uma crise nervosa que durou dias. O marido comentou que não dava mais para viver nesta cidade. mas achava que tinha se saído bem. Não entrara em pânico. Ganhara um pouco da simpatia do bandido. Protegera o seu lar da violência. E não revelara a existência do cofre com o grosso do dinheiro, inclusive dólares e marcos, atrás do quadro da odalisca.

Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando as perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. (...) O que faz nascer as perguntas não é uma necessidade de conhecimento, mas de ser conhecido.

"Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer."

Você só sabe até onde pode ir quando já foi.

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