Meu Eterno Amante
É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é.
Hoje... a minha sede de infinito é maior do que eu, do que o mundo, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.
Nota: Trecho de poema publicado no livro "Poesias Inéditas (1930-1935)", de Fernando Pessoa. Link
...MaisMeu coração, cada vez que a via, queimava mais que aguardente!
Eu queria congelar aquele momento sem luz, aquele momento em que, aos poucos, eu sentia meu corpo e todo o resto feito de espírito voltar ao meu centro. A nossa morte que me retornava à minha vida.
Estou perdido na varanda de Mercúrio sem asas para perseguir meu eco.
Estou dominado pela rainha Medusa, sentada na sua poltrona de veludo verde com seus nove cães de prata ao lado.
Estou agora em labirintos de anis, onde mordomos gentis sorriem bemóis.Me cumprimentam cordialmente, centauros errantes nos pastos lilases do lado de fora.
Cavalgo em renas de rendas em desvairada velocidade para, angustiado, alcançar seus cabelos de nylon que enfeitam a bandeira dos sonhos.
E lá se vai eu.
Estou correndo no sangue das verdes veias duma idéia que brotou da fonte do ano que passou.
Sento-me no amarelo.Estou chorando em hipérboles!Estou perdido na varanda de Mércurio sem asas para perseguir meu eco.Estou no espaço cósmico.Na plasmibiose do universo que se agiganta e me engole.Estou há bilhões de anos-luz distante de mim mesmo.
Gentes de cera lustrosa arrastam seus corpos em direção á porta do nada.Suco de clorofila borbulha em espumas verdosas em canecos de bronze, onde anões bebem sem boca.
Agora onde estou eu não sei.
Nem nunca soube.
Estou no cume do arco-íris?Na parte da roxa daquele transferidor?
Sei lá. Nem m`importa.
Sentado, sozinho, sem medo de cair, ás sete horas de cores e uma mistura, eu pouso pacato em plutão, montado numa borboleta gigante, tranquila, quieta e colorida.
Pouso pacato em plutão, com um guarda-chuva e uma máquina de costura (daquelas singer antigas de pedal, que vovó usava para fazer gorrinhos para mim).
E a chuva não promete deixar vestigios.
Obrigado por ter me oferecido doces e ter sentado ao meu lado quando eu estava só
Obrigado por ter me ajudado a carregar as malas,
por ter aberto a porta, por ser sempre tão gentil.
Obrigado por ter me cuidado com os olhos enquanto eu partia
Obrigado por sempre me receber com um sorriso quando eu chego!
Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu.
Dizem que do mundo todo nada ainda eu descobri, mas de que vale o mundo todo, se todo o meu mundo é aqui ?
"E eu continuo indo, seguindo meu caminho. Mudando, errando, mas principalmente, aprendendo com o que eu erro. Não me preocupo se minha evolução é lenta, contanto que ela seja pra melhor."
Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa.
Eu não te olho com o teu olho que sabe
Que quase tudo em ti é transitório. Meu olho-liquidez
Descobre uma tarde esvaída, tarde-madrugada
Tempo alongado onde te fizeste em viuvez.
Não perdeste a mulher ou o homem que amavas. Amamos tanto
E a perda é cotidiana e infinita.
Porque sabia deste AGORA,
Que a cadela do Tempo me roia, ia roer, rosnava me roendo
Cadela-tempo, tu e eu... que contorno de nada, que coisa ida
Nossa dúplice aventura, que... que sim, que sim...
Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca. Às vezes sara amanhã.
Esse papo meu tá qualquer coisa
E você tá pra lá de Teerã, qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marraqueche
Mexe
Qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida Dentro mexe
Soneto XLVI
"Minha vista e meu coração travam mortal combate,
Sobre como dividir a conquista de tua visão:
O meu olho barraria do meu coração o retrato de tua visão,
Meu coração, ao meu olho a liberdade daquele direito.
Meu coração acha que tu nele te quedas,
(Um segredo jamais penetrado com olhos penetrantes)
Mas o defensor nega a acusação,
E diz que nele a tua bela aparição se queda.
A decidir a peleja é convocada
Uma busca dos pensamentos, que todos ligados ao coração;
E com o seu veredito fica determinado
A metade do olho límpido, e parte do caro coração:
Assim, o devido ao meu olho é tua parte externa,
E o direito do meu coração, o teu amor interior de coração."
