Meu Amor Viajou
Só quem já perdoou na vida sabe o que é amar, porque entendeu que o amor só é amor se já provou alguma dor...
Ora vede: Definindo S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam, nec fructum: "O amor fino não busca causa nem fruto". Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: o amor fino não há de ter por quê nem para quê. Se amo por que me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo, como ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino.
"Tô feliz, acredita? Olha só a ironia, fui buscar o amor e já tinha. Fui tentar ser feliz e já era."
O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma multidão inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma só mulher).
Itachi matou seus amigos, seus superiores... Matou seu amor, seu pai e sua mãe. Mas ele não pode matar... Seu irmãozinho.
O amor é entregar a alguém uma arma e deixá-lo apontar para a sua cabeça, acreditando que ele não vai puxar o gatilho.
AMOR E TEMPO
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera !
São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar menos.
O amor supera a distância e não se curva ao tempo. No entanto, a ausência da pessoa amada pode transformar em pedaços sonhos de amor que jamais serão reconstruídos...
Às vezes é preciso se afastar de quem a gente ama. Mas nem por isso, nosso amor por elas é menor. Muitas vezes, a gente até as ama mais.
"Não é falta de saudade, é desapego. Não é falta de amor, é a certeza do tempo esgotado. Não é falta de interesse, é uma profunda ocupação com a minha própria vida. Não é mágoa, é indiferença. Não é exagero, é escolha."
Leonina
E se eu insisto no querer
esquecendo da razão
Não pense que é falta de amor-próprio
é que eu sou de leão.
Se por onde eu passo me mostro
Voltando toda atenção
Não é só vaidade
Eu nasci de leão.
Se eu morro de amores
mês sim e outro também
Não se espante com minha vontade
Eu sou leonina, meu bem.
Se eu exagero no ciúme
causando confusão
É só o lado inseguro
De uma pessoa de leão.
Quando anoitece, eu ardo
Se amanhece, ardo mais ainda
Não é que eu seja insaciável
É intensidade de leonina
Outras melhores existem, sim.
Mas não te culpo se depois
Ainda vai preferir a mim
É que por ser de leão deixo marcas sem fim.
Então o amor e a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser laço.
Nota: Trecho de um poema de Maria Beatriz Marinho dos Anjos, muitas vezes atribuído erroneamente a Mario Quintana.
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