51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem đŸ©ș

NĂŁo chego a temer loucura, no fundo a gente sabe que ninguĂ©m Ă© muito certo. Eu tenho medo Ă© da lucidez. Tenho medo dessa busca desenfreada pela verdade, pelas respostas. (
) Quando eu estou me acostumando com uma versĂŁo de mim mesma, surge outra, cheia de enigmas, e vou atrĂĄs dela. Tem gente que elege uma Ășnica versĂŁo de si prĂłprio e nĂŁo olha mais para dentro. (
) Eu, ao contrĂĄrio, quase nĂŁo olho para fora.

Muitas coisas não são realizadas por que o mendo vence as pessoas. Vença o medo e verås um mundo de possibilidades desdobrar-se diante de teus olhos.

Quem nĂŁo tiver medo de ficar alegre e experimentar uma sĂł vez sequer a alegria doida e profunda terĂĄ o melhor de nossa verdade.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Que nenhum gesto meu aperte o seu coração, intimide o seu riso, acorde o seu medo, machuque a sua espontaneidade.

Sentia-se pequenina, só, perdida dentro do cobertor, aquele tremor que não era frio nem medo: uma tristeza fininha como as agulhas cravadas na perna dormente, vontade de encostar a cabeça no ombro de alguém que contasse baixinho uma história qualquer.

Onde estava vocĂȘ, escondido debaixo de tantos sorrisos frustrados... VocĂȘ Ă© real, nĂŁo tenha medo de apenas ser, e ser agora. Sua felicidade estĂĄ aqui e agora. O resto vocĂȘ inventou, porque ainda nĂŁo sabia que poderia contar com vocĂȘ. A verdade Ă© que vocĂȘ sĂł pode contar com vocĂȘ.

Mas tenho medo do que Ă© novo e tenho medo de viver o que nĂŁo entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, nĂŁo sei me entregar Ă  desorientação. Como Ă© que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto nĂŁo hĂĄ outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo?

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

VĂȘ, meu amor, vĂȘ como por medo jĂĄ estou organizando, vĂȘ como ainda nĂŁo consigo mexer nesses elementos primĂĄrios do laboratĂłrio sem logo querer organizar a esperança. É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma nĂŁo faz nenhum sentido. É uma metamorfose em que perco tudo o que eu tinha, e o que eu tinha era eu – sĂł tenho o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pĂ© diante de um susto. Sou: o que vi. NĂŁo entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com os seus planetas e baratas. Eu, que antes vivera de palavras de caridade ou orgulho ou de qualquer coisa. Mas que abismo entre a palavra e o que ela tentava, que abismo entre a palavra amor e o amor que nĂŁo tem sequer sentido humano – porque – porque amor Ă© a matĂ©ria viva. Amor Ă© a matĂ©ria viva?

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

As pessoas tĂȘm medo de falar o que elas acham de verdade, tĂȘm medo atĂ© de pensar em algumas coisas.

E na verdade, eu tenho muito medo de dizer que estou feliz. Vai que tudo desmorona de novo?

Fico com medo. Mas o coração bate. O amor inexplicåvel faz o coração bater mais depressa.

Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trås.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Ou estarei apenas adiando o começar a falar? por que nĂŁo digo nada e apenas ganho tempo? Por medo. É preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto. É como se eu tivesse uma moeda e nĂŁo soubesse em que paĂ­s ela vale. SerĂĄ preciso coragem para fazer o que vou fazer: dizer. E me arriscar Ă  enorme surpresa que sentirei com a pobreza da coisa dita. Mal a direi, e terei que acrescentar: nĂŁo Ă© isso, nĂŁo Ă© isso! Mas Ă© preciso tambĂ©m nĂŁo ter medo do ridĂ­culo, eu sempre preferi o menos ao mais por medo tambĂ©m do ridĂ­culo: Ă© que hĂĄ tambĂ©m o dilaceramento do pudor. Adio a hora de me falar. Por medo? E porque nĂŁo tenho uma palavra a dizer.

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mas hĂĄ maneiras de fazer isso sem tanto estardalhaço. E sem tanto medo. (...) Enxugue essas lĂĄgrimas inĂșteis, levante esse queixo e vĂĄ tratar da vida. Faça tudo o que deseja fazer. VocĂȘ acha que depois de morta vai ganhar um bĂŽnus? Uma prorrogação para tentar sair desse empate? Esqueça o empate. Vença. Perca. Ofereça a si mesma algum resultado. É vocĂȘ mesma que assina. E eu.

Eu sou muito insegura, na verdade, eu tenho o maior medo de estar sustentando uma ilusĂŁo. Parece um castelo de cartas, qualquer toque errado e jĂĄ era, sinto que pode acabar a qualquer momento por parte dele, eu me prendo demais a este sentimento e nĂŁo deixo os outros fluĂ­rem, queria tanto ter a certeza de algo mais concreto!

Não tem nada que me deixa mais inteira do que sentir o medo de ser despedaçada.

Quando eu olho no seu olho, eu sou vocĂȘ e vocĂȘ Ă© eu. Se vocĂȘ tiver medo de mim Ă© porque vocĂȘ tem medo de vocĂȘ.

Eu quis amar, mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração

(...)
Eu nunca fiz coisa tĂŁo certa
Entrei pra escola do perdĂŁo
A minha casa vive aberta
Abri todas as portas do coração

(...)
Eu sempre tive uma certeza
Que sĂł me deu desilusĂŁo
É que o amor Ă© uma tristeza
Muita mågoa demais para um coração...

Tom Jobim

Nota: Letra da mĂșsica "Água de Beber"

O ser humano tem medo da morte porque tem medo da dor.
NĂŁo creio que uma pessoa em sĂŁ consciĂȘncia
possa mesmo desejar que exista vida apĂłs a morte.

Hå tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me då às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.