53 frases de madrugada para refletir antes do amanhecer
NA MADRUGADA
um aperto no peito árido e ramoso
sussurrando a saudade num rigor
suspirando a dor cheia de amargor
um silêncio nu, descalço e moroso
uma encenação do sono malicioso
um pactuar medroso com o temor
um desanimo calado em dó menor
um maldoso sentir vazio assustoso
a soltar dos olhos lágrimas sofridas
partidas, uma sensação desfolhada
como se estivesse esfolando vidas
assim, adentra cada minuto do nada
numa ausência e sofrências nutridas
no compulsar solitário da madrugada
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’08”, 17/10/2021 – Araguari, MG
A VOZ DA SAUDADE
Se a madrugada, acordada, plena
Branca de luar e a sensação vazia
A emoção apertada de um dilema
Faz o peito ranger de dura agonia
O silêncio na imensidão extrema
O pensamento a situação irradia
Tal um sofrente e sentido poema
De ciciosa insônia, aguada e fria
E o coração se cala no que sentia
A escuridão fala pra dor da gente
Como um canto de acre soledade
Num tom dolente a falta arrepia
Porque mais que o ruido ardente
Vozeia a voz acética da saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 janeiro, 2022, 15’34” – Araguari, MG
Alta Madrugada
Acordei, na penumbra da madrugada,
O relógio marcava duas, vida renovada.
O sono? Ah, traiçoeiro, me abandonou,
E em lençóis revoltos, o leito se tornou.
Levantei-me, busquei a varanda serena,
No silêncio absoluto, a cidade pequena.
Todos dormiam, a paz reinava ali,
E lá no céu, a lua começava a surgir.
Sozinha como eu, sem estrelas por perto,
Um reflexo meu, num céu tão deserto.
Recordações brotaram, sorrindo e chorando,
Entre passado e presente, meu ser oscilando.
A mulher guerreira, forte, tão resoluta,
Fragilizou-se, precisando de ajuda.
Olhei para o alto, busquei acolhida,
No Pai Celeste, meu porto, minha vida.
Com lágrimas sinceras, confessei-me ao amigo,
Ele ouviu e guardou cada pranto contigo.
Com amor embalou-me num sono profundo,
E assim passou a noite, calmo este mundo.
O dia raiou, a luz trouxe certeza,
O Senhor é meu refúgio, eterna fortaleza,
E nEle sempre confiarei.
ℌ𝔢𝔩𝔠𝔢𝔡𝔦𝔯
Madrugada, sinto-me abraçada e beijada.
Procuro-te, ilusão.
É apenas a saudade e a lembrança tocando
meu corpo !
São as vozes do silêncio que ecoam na madrugada e levam-me em segundos a um mundo que grita e chora, implorando paz !
Entre versos, poemas e poesias escuto o silêncio da madrugada.
A cidade dorme, você dorme. Em pensamentos toco teu rosto,
beijo tua face, acariciou teu corpo e sussurro em teu ouvido:
dorme doce anjo, sonha com os anjos e desperta pra mim !
Sou um verso triste em uma manhã escura.
Sou noite quente em madrugada fria.
Sou tarde gelada em dias de chuva.
Sou eu em noites de breu.
Sou lembrança pouco lembrada.
Sou livro escrito em folhas rasgadas.
Sou saudade no tempo de um tempo passado.
Sou um pouco do muito do tudo e do nada.
Sou mulher que ama e não amada.
Não me espere na madrugada
Não lembre-se dos meus olhos
Melhor esquecer.
Não dá mas para lembrar
Nem viver de saudades !
Acordei lembrando do sonho que me acompanhou na madrugada. Tu estavas lá: feito ondas calmas, feito rio que corre suave, feito pássaro que voa livre, feito frio que pede lareira...feito homem garoto, menino moloque que pede colo, feito lua a espera do sol...tu estavas lá cantando a canção que me encanta, tocando meus olhos de mansinho, explodindo meu coração...tu estavas lá me apaixonando, me jurando amor para sempre, me levando bem mais além do horizonte, me beijando em alto mar. Tu, era meu sonho !
Um rosto, um olhar, uma boca que me seduz...uma voz que me encanta e me canta suas noites, madrugadas sem rumo, sem sono, sem chamego. Um rosto que eu procuro em cada rua...becos, esquinas. Uma boca que silencia suas vontades, desejos...que abafa seu grito, suas palavras...Um olhar que me acompanha, me segue sem sorrisos, calado...Um olhar de um homem triste, de um garoto sem sonhos.
Na madrugada do samba passa Chico e Buarques, passa também Marias e Caetanos. É carnaval, abram alas: a poesia e os poetas estão na passarela, vestidos de fantasias e sonhos.
Cai na folia
Desbanca a bateria
Samba na Avenida,
Pés descalço
Fantasia,
Canta a madrugada
Chamega,
Tira onda da saudade
Rola,
Enrola,
Abraça a felicidade
Desce o morro,
Balança,
Faz graça
Encanta.
Joga fora,
Manda embora,
A tristeza,
A ironia...
Poetas e violeiros,
Cantam as saudades
Cancioneiros da madrugada,
Cantadores de flores
Conversam sobre poemas
Versos, melodias...
Falam, de amores.
Lá vem eu na madrugada...dançando na ladeira, batucando na avenida. Lá vem eu, desfilando na passarela, sambando...caindo na dança, tirando os sapatos, bailando. Lá vem eu, hoje os meus versos tão mais aflorados, vou rodopiar na poesia, sambar no mar !
Samba a noite no frio da madrugada, na minha saudade passa cheiros deixando teu perfume e levando de mim...nada, do que ficou de nós.
Já te enviei rosas em papel clichê, já te escrevi versos em flores ! Te fiz poemas de madrugada, toquei tua alma. Abracei teu lábios, beijei tua boca..toquei teu corpo nu. Fiz canções...abri os botões da tua camisa, te calei com beijos. Cavalguei na tua pele, dancei ! Sentindo, seduzindo...te arranquei gemidos, roubei palavras, ouvi suspiros ! Fui por estradas, perigo. Passeei na tua língua: deixei recados ! Mergulhei nas ondas dos teus braços, no mel do teu sorriso...me fiz pássaro e te cantei ! Contei desejos sagrados, pecados ! Me enrolei nos teus cabelos, ousei ! Em cada curva dos teus olhos, com cada pedaço, me deliciei ! Falei de sonhos, segredos...
22/06/2017
No silêncio da madrugada o orelhão que ainda restava na rua tocou com seu alarme insistente.
O bizarro não é isso.
É você imaginar...
Quem estava do outro lado da linha?
Bruxa da madrugada, me leve da sala.
Me prenderam em um quarto escuro, só vejo minha alma.
O carcereiro me invade as vezes.
Sou uma alma condenada?
Procuro na imaginação apenas a última revoada.
é
madrugada
la fora noite fria
êrrê madrugada
absorve
consome
seduz
não ouso Teu nome
não uso Tua foto
ouça meus ais
lamentos de dó
momentos de dor
descanso em ti
noite escura
revejo meu dia
componho meu verso
invento o inverso
encontro
sei quem é
sei que - Tu - É
Fonte de minha embriaguês
meu ópio
Estrela a me guiar
Minha fé
é só
É.