Memória

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Mesmo distante não estás longe;
Pois te levo na memória.
Mesmo desacompanhado não estou só.
Pois te trago comigo, dentro de mim.
Mesmo no silêncio, sempre te ouço.
No bater do meu coração, que é teu...
Sempre teu.

Mas acabou...
Tenho que seguir na estrada da vida sem você.
Carrego na mala apenas as lembranças alegres.
Deixo a poeira das tristezas.
Levo em mim, apenas a saudade.

No vazio da última tentação,
Estará o último refugio.
Na sólida decisão de por um fim;
Encontra-se a dúvida do futuro
O emaranhado de sensações que causam diferentes reações.
Caiu a última lágrima do amor
Que já não é mais amor.

Quem sabe algum dia nossas estradas se cruzem.
Se estivesse aqui, agora.
Já não diria: Eu te amo.
Mas, Adeus...

O orgulho é uma prisão onde só quem se põe pode se libertar

Contra a memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Oswald de Andrade
Andrade, O. Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928

Fascina, vicia, gruda, marca, prende, atiça .. traz à memória o que é bom. Deixa marcas que nem o tempo pode arrancar de mim. Na hora em que eu sentir eu vou lembrar, vou dizer se foi bom, se durou, o quanto quero de volta, o quanto quero pra mim. O que quero não lembrar, preciso esquecer. mas essa sensação provocada por uma ou outra fragrância sempre faz questão de me lembrar, mesmo que eu não queira, mesmo que eu não peça. Perfumes fazem isso, é sua função atormentar, embaralhar todas as cartas que estavam arrumadas, fazer surtar. E não é uma coisa que eu não goste , muito pelo contrário, sou viciada nisso, apesar das consequências.

Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania.

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.

Fernando Pessoa
Poemas de Ricardo Reis
Inserida por guigort

A memória é o espelho em que vemos os ausentes."

Inserida por vinicius05

Rio, é tão fácil ser feliz...

Soneto de Nenhuma Dor

Nenhuma dor dói mais que dor nenhuma,
Nenhuma palavra pode até ser um soneto,
Nenhum sorriso não quer dizer tristeza,
Nenhuma verdade torna o silêncio obsoleto.

Nenhuma dor me traz a solidão,
Nenhuma ausência me faz sentir sozinho,
Tanta paixão me deu nenhum amor,
A solitude amplia meu caminho.

Nenhum ocaso me faz pensar que é tarde,
Nenhuma verdade me faz refém do medo,
Nenhum perdão me ameniza a mágoa.

Nenhuma lembrança é a dor que ainda arde,
Nenhuma saudade tem o gosto azedo,
Nenhuma agrura me arranha a alma.

É triste ser feliz, eu já fui triste um dia...

Inserida por tadeumemoria

ETERNIDADE

Um vale assombrado ou um pântano tenebroso
Abrigar-nos-á para purgarmos
Por toda a insensatez e luxúria...
Mendigos e flagelados ouviremos Coubain ou Janis Joplin
Blasfemando melodicamente contra o amor...
Teremos uma vizinha que pensa que já morreu
Que não fala, nem ouve, porque teme
Ter a certeza disso por outro alguém
Revoada de corvos na tarde
como um mal presságio
E, à madrugada, relâmpagos e trovões
numa tempestade apocalípticas...
Na vereda que conduz a caverna dos enforcados
Uma ou outra cruz demarcando
aqueles que não souberam lutar pela paixão
Mas também veremos árvores com corações
E declarações de amor sem fim
Alguns poemas que jamais entenderemos
Porque a eternidade é obscura e fria

Mas quando eu conseguir entender
Quando ela chega com meia dúzia de estrelas no bolso,
A ansiedade no olhar, corada e arfando: ‘’quanto tempo!’’
Na minha mente eclipsada de confusões
Um raio de luz entrará furtivo
E uma manhã ensolarada expulsará do vale
Todos os fantasmas e habitará o pântano
Então eu direi sem me preocupar
Como as palavras podem ser simples e banais:
“Eu também...”

Inserida por tadeumemoria

GRANADA

Essa ansiedade me mantém acordado...
Essa ansiedade me mantém acordado...
Noites invernosas habitam meus olhos,
Chove copiosamente...
Deslizes de terra... desmoronamentos...
Descompor-se... dessentir...
Essa ansiedade me faz respirar...
Essa ansiedade me faz respirar...
Um meteorito é um sobreaviso...
Um poema pode ser uma granada,
O Papa sente-se cansado...
Essa ansiedade me mantém acordado...
Essa ansiedade tem a ternura de Isolda,
A leveza de Mata Hari,
Beija-me e me faz levitar...
Quem detém furacões...
Quem detém vulcões...
Esta ansiedade é paciente,
perene como as neblinas...
Dilui correntes e guilhotinas...
Esta ansiedade me salva e liberta
Desperta-me para essa ansiedade.

Inserida por tadeumemoria

AUTOBIOGRAFIA

Uns me chamam de vagabundo...
Outros me chamam de anjo...
Não sou isso nem aquilo
Pelas esquinas do mundo
Eu vivo tocando banjo
Fingindo que estou tranquilo...

Inserida por tadeumemoria

O romântico diz "eu te amo" com frequência...
O profundamente romântico guarda o amor como um tesouro.

Inserida por tadeumemoria

Tenho dificuldade em dizer "eu te amo" é uma frase muito forte... e sempre admirei Hebe Camargo dando selinhos nas pessoas...

Inserida por tadeumemoria

QUANDO O MONGE FAZ O HÁBITO

Estiro-me em manchetes...
Estendo-me em crimes...
E morro tentando mostrar
À mim mesmo que existo.

Inserida por tadeumemoria

Uma única coisa faria as nações e as pessoas viverem em harmonia: respeito.

Inserida por tadeumemoria

As vezes passeio no paraíso, percebo a solidão do Pai; Ele brinca de bumerangue com os astros nos proporcionando dias e noites... tenho a leve noção de como Ele se sente quando escrevo um poema. Ele é triste...

Inserida por tadeumemoria

NEM DEDOS

Minha mãe entrou em casa com o aspecto de quem carregara um fardo muito pesado, no entanto, tudo o que ela trazia era aquele envelope. Sentou-se à mesa, pôs o indicador e o polegar da mão direita, cada um em um canto dos olhos como se quisesse deter as lágrimas, e, pôs sobre a mesa o envelope, era a ordem: “o juiz deu quarenta e oito horas e acrescentou vinte mil a indenização; mesmo assim o dinheiro ainda não é suficiente para comprarmos o chalezinho do seu Ivo, apesar de ser a casa mais em cota que encontramos”. E não tínhamos mais tempo para procurarmos outra; entre três ou quatro quarteirões, a nossa era a única casa que permanecia de pé, desafiando tratores e compressores, que nivelavam o solo, juntando entulhos do que foram os lares de nossos vizinhos. Por ali passaria a lest-oeste, uma avenida que ligaria o mucuripe à barra do ceará; e as avaliações nem sempre eram justas. Muitos ficaram sem condições de comprar outra casa, outros só conseguiram porque foram para muito longe do centro; mas nós queríamos continuar ali no jacarécanga, e tínhamos de pagar o preço... Antonio meu irmão mais velho, trouxe apesar de ser hora do almoço, uma xícara de café, pois sabia minha mãe viciada no mesmo: “seu Dedé disse que a hora que a senhora quiser, na televisão e na geladeira ele põe preço...” mamãe soltou uma imprecaução; detestava aquele usurpador, contudo sabia-se sem saida: “vão-se os anéis, ficam os dedos.” A voz de minha mãe pareceu-me soar mais rouca que de costume, meio travada por uma angústia que ela só continha para nos exemplar. E na ingenuidade dos meus doze anos eu perguntava, “e quem não tem anéis?” afinal não tinha sido sempre assim, mesmo quando foi para comprarmos aquela casa tivemos de vender a geladeira para juntarmos com aposentadoria do meu pai,desta maneira conseguimos aquele pequeno teto. Éramos pobres, mas tínhamos esperança. Nossos l´deres lutavam pela queda da ditadura militar, pelo fim daquele sistema opressor.
Um ou dois anos depois a avenida estava pronta. Chamar-se-ia Castelo Branco em homenagem ao presidente da república. Na inauguração muitos políticos, a imprensa falada escrita e televisada. Todos queriam aparecer ao lado da obra que representava o progresso. A banda de música da polícia militar tocava o hino nacional; no ar, a evolução de alguns caças de guerra. Não se perdia uma nota do hino, nem os rasantes dos mirages. De repente o mergulho vertical de um mirage, que mais parecia manobra de um kamikase em busca do inimigo... o choque, a explosão, casas destruídas... foi o que de mais vivo ficou na minha mente. E a lembrança de que o mar não fica a trezentos metros...
Passados vinte anos derrubou-se a ditadura. Há um sistema democrático, mas não há distribuição de renda, e, a corrupção aumentou. Pensei que nunca diria isto: sinto saudades dos generais, afinal a beira-mar se aproxima. Falam em elitizar o pirambu e agora não temos mais anéis, acho que nem dedos temos mais...

Inserida por tadeumemoria

Nenhuma dor dói mais que dor nenhuma...

Inserida por tadeumemoria