Memória
Pranto oculto
Por suas estrelas,
a noite é linda,
e a escuridão que
não se vê
é pranto oculto,
latejante,
vulto
que dói profundo.
Escala o mundo
… em vão.
É a estrela mais distante,
entalada na memória
e no semblante.
É como verso acabado
de amor sem amantes.
E a que brilha
é como a velha música
em notas da trilha,
algo grande que antes havia
e não há mais.
Por todas elas
a noite…
Às vezes escura,
às vezes bela.
É como a vida:
- Eterna espera.
Olhei demoradamente
para a foto da família.
Rostos lindos,
que meu coração vê.
Dedicatória
de algum ano
em que o sol se punha, rindo.
De lá para cá, eu a perdi,
juventude!
Agora, só a tenho retratada.
Mas eu ainda a encontro na memória...
Ficou longe
a cor da infância!
Silêncio é o que prende
a garganta.
Fecho os olhos.
Saudade!
Cara e coragem,
eternas bagagens
desta viagem
rumo ao fim.
Viver é partir
sem apetrechos
nem preconceitos,
levando a vontade
de ir, passo a passo,
construindo a história
preenchendo lacunas,
de lembranças na memória.
As memórias ficam contidas em lugar fechado. Por vezes as de bem longe aparecem e nos assaltam com a nitidez da recordação... Maravilhosa é nossa memória!
ⁿᵒᵗ𝐀𝐒
.
O tempo é um apagador de memórias. O habitat vai se modificando - como é o seu `costume´- e claro, nós, uma vez que somos parte deste.
Mas, pra quase tudo tem um jeito. Nos apegamos com unhas e dentes à saudade. Ela – essa dorzinha gostosa - “é o que faz as coisas pararem no tempo”, diz Mario Quintana.
.
Ontem, vasculhando meus guardados, encontrei um amarelado talão de cheques do saudoso BEC – Banco do Estado do Ceará, onde trabalhei quase16 anos. Antes, passei 2 anos na Credimus.
.
“Incontinenti”, lembrei dos nomes famosos dos cheques. Cito alguns:
Cheque Peixe - Bate no banco e ... nada.
Cheque Boemia - Aqui me tens de regresso.
Cheque Bailarino - Quem apresenta no caixa, dança.
Cheque Cowboy - Só recebe quem saca primeiro.
Cheque Denorex - Parece bom, mas não é.
.
Quando aparecia um novo nome – que não passava muito tempo para se tornar famoso – era motivo de brincadeiras entre os colegas.
.
Hoje – quase desaparecido – o talão virou Pix. É Pix pra lá, é Pix pra cá... Meu temor é que num Pixcar de olhos, nos transformemos em `Pixcopatas´. Oxalá isto não aconteça!
.
Dizem que voltar ao passado com postura nostálgica é doentio, mas voltar ao passado com o fito de aprendizagem é super-hiper-must-plus importante!
.
Mas sabe de coisa, amigos: foi-não-foi, não me furto em querer voltar a esse passado, ainda que me tachem de doente. – Ainda vai querer renascer canceriano? – Vou!
.
Aᶦʳᵗᵒⁿ Sᵒᵃʳᵉˢ 20.08.24
Uns cantam quando riem, outros quando choram, eu quando bebo, porque choro rindo, misturando todos os sentimentos em uma só dose
...Dona Maria descobriu-se portadora de um dom extraordinário e de uma maldição que a impedia de ser plenamente feliz: ela era uma viajante do tempo, capaz de revisitar qualquer momento de sua vida. Um eterno retorno, em pequenos recortes temporais. Se sua vida tivesse sido preenchida apenas por momentos felizes, realizações pessoais, encontros incríveis e grandes feitos, que bênção seria! No entanto, não foi assim. Ela era incapaz de controlar o destino de suas viagens, e é aqui que reside sua maldição. As chances de encontrar-se revivendo terríveis momentos de solidão, arrependimento, violência ou escárnio, prevaleciam...
Recorte do livro Tempo que o Tempo me deu
Liberdade
Conseguiu sair
deixar para trás
esse lugar.
Contudo,
tende-se a esperar
algo que o fará.
É compreensível
querer voar e explorar
o mundo à fora.
É uma nova fase
que todo filho é ensinado,
hora de sair de casa.
Não custa nada curtir a efervescência da juventude; faça isso com intensidade, porque logo restarão as boas lembranças de um tempo de ouro que ficou impregnado em nossa memória.
Meus 40 anos
Nesta data eu comemoro 40 anos de história
São tantas as lembraças guardadas na memória
Lembro da menina pequena brincando na sala de escolinha
Reunia os primos na vó e também brincava de lojinha
Os dias na escola eram de festa , sempre gostei de estudar
Além disso era alegre a na rua adorava brincar
Na adolescência eu dançava e jogava todos os esportes
Participava do grupo da igreja e escrever sempre foi o meu forte
Quando jovem me tornei fui estudar na faculdade
Era trabalho e estudo, da infância deu saudade
Depois que estava formada, vi que tudo ia mudar
Era a idade adulta, responsabilidade e muito a batalhar
Com o passar de bons anos, já era tempo de encontrar
Alguém para dividir a história e poder a vida compartilhar
Mais um ciclo vivido, é hora da família aumentar
Vem a gravidez e vem a filha, descubro a melhor versão de amar
Hoje são 40 primaveras e penso o que isso representa
Sinto que há muito a viver, pois a vida começa aos 40.
La Description du Poète
Um corpo extenso, tez alongada e alta,
E, homem, chorando vivo incessantemente.
Dos meus dez anos, na vida rude, a falta,
Perdi a mãe, talvez por desígnio da Mente.
A alma aparenta-se inclinada, cônscia
De dores maternais e tumultos extremos;
Em meu cérebro, a ideia, não vã, propícia,
De esperanças e triunfos supremos.
Nenhum livro me escapa ao ardor da mente,
Mas, ah! Conhecimento, que pura ilusão!
Nenhuma dor ou pranto silente,
Pode esconder-me o fúnebre caixão
Da triste esperança, eterna e persistente,
Nos olhos mortos do meu coração.
Um poeta, cujo olhar nos céus se encontra,
Reflete em nuvens sua ambiciosa visão;
Uma erudição que em vão se desponta,
E, em vasta escala, uma férrea solidão.
Poeta visionário, sem mente sombria,
Vislumbra o amor no mundo em sua dor.
Mas, em seu tempo, é uma alma vazia
Sem saber se é criatura ou criador.
Memórias e o Tempo
Memórias que colecionamos ao longo do tempo,
Adormecidas, surgem com o cheiro, o gesto, o rosto,
Trazendo lembranças de outros tempos,
Congeladas nas imagens, fotos antigas, filmes de eventos.
Festas, reuniões para comemorar algo,
Memórias afetivas da infância,
Saudosistas, de paixões e amores,
Da escola, dos amigos, das risadas.
O tempo em que o jovem só tinha que viver,
Sem preocupações, apenas estudar,
Memórias dos carinhos e cuidados da mãe, da avó,
Dos ensinamentos dos pais, perdidas no tempo.
Surgem como um filme quando a idade chega,
A velhice bate à porta,
Viver e recordar,
Viver e ter memórias para relembrar,
O tempo que não volta mais.
Aglomerado de folhas unidas por um elo,
Papel áspero que, fontificado, as protege.
No início e no fim, se tais palavras descrevem,
Apresento à vista: um caderno.
Um caderno, ou melhor, um diário que, simples,
Traz à lembrança uma época branda,
Quando a riqueza era lenda
Ou, por que não dizer, a liberdade, uma dádiva,
E estudar, uma oportunidade.
Tudo mudou, e com isso, o significado.
Hoje, o caderno é um recurso cuja importância se perdeu.
A riqueza se foi, o significado do significado
Desconfigurou-se. Pois tudo se pode ter,
Mas o porquê de ter não existe;
O para quê se dissolveu.
O altruísmo e a resiliência de outrora
Tornaram-se as lendas de hoje.
Sonhos escaparam dos sonhos para uma realidade medonha,
Onde significar é apenas alinhar-se
A uma linha percebida, que leva ao nada.
Os comportamentos adquiridos durante a infância nos acompanham sempre, e mesmo que tenhamos conseguido, à força de uma grande vontade, mantê-los cercados, encolhidos em um lugar tenebroso da memória, quando menos esperamos nos saltam na cara como gatos enfurecidos.
Os brancos se dizem inteligentes. Não o somos menos. Nossos pensamentos se expandem em todas as direções e nossas palavras são antigas e muitas. Elas vêm de nossos antepassados. Porém, não precisamos, como os brancos, de peles de imagens para impedi-las de fugir da nossa mente. Não temos de desenhá-las, como eles fazem com as suas. Nem por isso elas irão desaparecer, pois ficam gravadas dentro de nós. Por isso nossa memória é longa e forte.
"Sementes de atenção, disposição e carinho, cultivadas no solo do cuidado e regadas com amor.
Essa é a receita para, senão dizê-lo a eternidade, porquanto são nas memórias que deixamos, a forma que encontramos de perpetuar quem fomos, com certeza o único instrumento certo para, em vida, colhermos nosso maior tesouro, aqueles a quem podemos chamar de amigos."
Sim, a vida tem um início e um fim. E é entre esses dois marcos vitais que temos a chance de sermos memoráveis.
"O que seria de mim sem o outono
Sem as cores, sem as folhas, sem a chuva
E sem você na memória?..."