Coleção pessoal de nataliarosafogo1943

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De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

⁠Ontem da minha janela
errando pelo horizonte, aproximava-se a noite e seus mistérios, e algo já turvo me inundava o pensamento, eram os sonhos que não podiam regressar, longínquos delírios, quando eu soltava todas as amarras.

⁠É na solidão que a desolação tem resposta, depois sentimos abandono, fastio, nostalgia, tantos sentimentos nos assolam, somos como flores efémeras, e no silêncio também é onde escutamos a morte que é tão velha como nós, vamos perdendo o ruma das palavras, fica a memória num labirinto, porém sempre a Poesia se impõe.

⁠mais um fim dum dia, em que a vida é árvore sem flor, o vento assobia silabas azuis, e o corpo vai despindo seu aroma...

⁠Que estranha desmemória há no tempo a passar! Conspira contra o voejar dos nossos sonhos...

⁠as flores moldam-nos os dias, trazem-nos pensamentos positivos, oferecem-nos uma oculta linguagem que se torna mágica e nos dão força e brio para continuarmos...

olhos de ver e sentir o mar... as mágoas submergidas em águas ocultas, no coração o vazio, do a(mar) fiel recordação que jamais se apaga...

⁠Alegre-se, viva mais um dia e procure ser feliz...regale seus olhos olhando a natureza... deixe entrar a magia e ordem no seu desmesurado coração e sinta-se grato.

⁠Os corações andam mendigos duma brisa de amor....a esperança é legítima! Todos precisamos de paz e amor...

⁠meus olhos trazem o verde da planície, o chão das primaveras perdidas e um toque de mel à porta do esquecimento onde a mente mergulha

⁠verde é o nosso caminho quando a fé não nos falta e a esperança não nos abandona...

⁠através das cortinas da alma, vou remando até à infância, nada me barra o caminho, e fico a boiar no poente em liberdade, agradeço a Deus a dávida do sonho, que me permite encher o peito de água nova, reconcilio-me comigo mesma, e em equilíbrio fica o interior...serena, mais lúcida, vou continuando o caminho...partem as horas, fica o cansaço, inacabado o sonho, voltam os anseios como trepadeiras dando-me o abraço e eu esqueço as canseiras, adensam-se os beijos frementes de desvario, suspiros do sol interrompem meu frio, escapo-me pelo meio da alegria e vou vivendo, sorrindo dia a dia...

⁠um fogo breve é já a vida, é folha que cai ao chão e conhece a velhice, é o obscurecer da beleza que não volta, é lágrima de resignação, é escutar o doentio lamento da alma...no fragor da festa tudo era surpresa a arder na carne, a iluminar o rosto, ternos sonhos, nada comparável ao tempo dos amores, cujos ruídos agora se apertam no peito como cristal cortante que acaba de se partir perante os nossos olhos embora na penumbra...mãos dóceis eram outras que vão perdendo o tacto, e há um riso triste ocupando o quarto de janelas fechadas, onde só o espelho vai golpeando o futuro... murcham as flores na jarra imaginária, queimando o olhar longínquo, e irrompem as carências dum amor nunca descoberto, caem aguaceiros, oscilam os sonhos, e a chuva nos olhos bate sem piedade... rasgão do tempo de Outono que caprichosamente lhe assoma com a saudade...

⁠as flores seduzem o ar vão cercando o nosso olhar e falam-nos om voz de distâncias percorridas, de outras estações bem mais felizes, ajudando-nos a esquecer o mundo real...

⁠com o passar de folha, apagou-se metade do meu sonho, já a memória se esquece da antiga disciplina, comovidas as flores na jarra, afirmam que estou delirando... e deixam um aroma fresco ao alvor, em minha almofada... a memória é pois um cântaro cheio de saudade, resgato o sonho, e lá volta a brisa com a claridade da infância...nessa hora sonho com o tanger do sino, cujo som mágico consigo ainda recordar, e o rio, éden da minha infância, águas cristalinas espelham o céu e nas margens crescem flores como meninas joviais...meu sonho continua à sorte, e vai jogando o jogo da vida e da morte...o tempo cega-me, mas as estrelas avivam-me os sentidos e a lua escuta o meu coração, solidária dá-me a mão e o sonho continua...

⁠O som do mar penetra nos interstícios dos meus sonhos e logo oscilam memórias d' amores, como velhas roupas no estendal a secar... enquanto o vento rodopia na turva memória, o coração convida o amor a ficar. Garboso o mar, afaga-me com seu forte azul, onde canta a primavera.

vivo obedecendo ao capricho do tempo, enrolada às marés da vida, repetindo gestos, palavras e pensamentos.

quando olho minhas mãos, me apercebo das fadigas por que passaram e olho a sofreguidão dos meus dedos em agonia por não saberem ainda estar parados, lembro as vidas que dependeram delas e hoje vejo que são mãos cheias de nada.

natalia nuno

⁠gorgeio ao sol de cada dia, ébria de luz da alvorada...esqueço o travo amargo da solidão e o encanto vibra, como outrora, fazendo bater o coração.

⁠vejo-me no espelho do teu olhar, fortaleço com teu vigor, e canto, choro, e sonho ...cega neste amor