Matéria
Habitar-se é um tipo de exílio sagrado!
Sinto como se não tivesse sido feito da mesma matéria dos outros.
Minha infância era um espelho embaçado,
onde ninguém parecia me reconhecer.
E compreensível ou não, as vezes ainda carrego a mesma sensação,
como se o mundo me oferecesse moldes
que nunca abrigaram a forma da minha alma.
Tudo em mim
sempre foi um pouco desalinhado,
como se eu dançasse um ritmo
que só meu peito escutava.
Descompassado ou não, era o espetáculo que eu entregava - sem holofotes,
Sem plateia, somente a alma.
Nunca vi como os outros viam.
O mundo me parecia um palco deslumbrante e distante
e eu, um espectador melancólico,
sentado à beira do próprio abismo,
tateando sentidos com olhos em carne viva.
Ainda assim,
sempre que alguém cruzava o meu destino,
eu me doava inteiro!
Sem reservas,
sem cálculos,
sem planos de fuga.
Investia o que em mim era força,
o que era luz,
e até o que eu sabia que me faria falta depois.
Porque amar, mesmo que em ruínas,
é para mim,
uma das formas mais sinceras de tocar a vida que se deseja.
Mesmo que por um instante,
eu me permitia vibrar naquela realidade sonhada!
Ali onde o toque era cura,
a presença era templo,
e o “agora” … bastava!
Mas depois do “até logo”,
a maré me levava de volta à margem de mim.
Fechava os olhos ao mundo
e encarava, no escuro,
as rachaduras que ninguém via.
Tentava, com as mãos nuas,
tapar os vazamentos da alma,
ainda que tudo escorresse pelas frestas do silêncio.
Às vezes parecia inútil.
Às vezes era mesmo.
Mas nunca deixei de tentar.
Nunca deixei de viver com tudo que carrego.
Porque, mesmo nos dias em que a existência dói,
ainda creio que viemos experienciar a vida!
E por inteiro!
Não só o riso,
mas também o pranto,
o vazio,
as perguntas que giram sem respostas, nem repouso.
Creio que todos os dias são bonitos.
Mesmo os que machucam,
os que confundem,
os que silenciam demais.
Bonitos porque existem,
porque me atravessam a alma,
e sobretudo, me ensinam!
Alguns chegam com flores,
outros com pedras,
mas todos me convidam a sentir.
E em todos,
me mantenho aceso.
Contudo, alguns são apenas sobrevivência,
tormenta mental sem fim triunfante,
um salto visceral para os corredores mórbidos das camadas que me compõem.
E então compreendo, em silêncio:
as partes que em mim se partiram
não pedem camuflagem,
pedem reconhecimento.
Como ensina o Kintsugi,
não é preciso ocultar a rachadura -
é nela que o ouro se deposita.
É o que rompeu que revela,
é o que feriu que desenha
a cartografia exata do que sou.
E talvez, a beleza mais honesta
não esteja na perfeição preservada,
mas na imperfeição assumida
e transformada.
Porque habitar-se é um exílio, sim,
mas é também a única forma
de não se perder
no mundo dos que jamais se permitiram sentir demais.
Nem sempre por vontade,
às vezes só por não caber em lugar nenhum.
E quando não se cabe,
volta-se.
Para dentro, para perto,
para algo que ao menos ecoe,
para onde a existência faça algum sentido - mesmo que breve.
É ali, nas entrelinhas do sentir e do viver,
no ateliê invisível do tempo,
que acolho meus cacos com reverência
e os ressignifico em arte —
não para esconder a dor,
mas para deixá-la visível,
abrilhatada com ouro,
com presença e vida.
- Por Daniel Avancini Araújo
Servo do Eu
Seu vício alimenta-te, matéria corporose,
Esquece-te de teus movimentos,
Pois já não és senhor de ti — és servo do eu que te devora.
Teus olhos veem, mas já não contemplam,
Teus passos seguem, mas não mais escolhem.
És arrastado por correntes invisíveis,
Que tu mesmo forjaste, dia após dia.
O desejo vestiu-se de rei,
E tu, súdito fiel, curvado ao trono do hábito.
O espelho já não te reconhece,
Pois o reflexo é de um estranho sem vontade.
Corpo e mente em guerra silenciosa,
Onde o grito da razão é abafado
Pelo sussurro doce da repetição.
És o que repete. És o que consome. És o que se apaga.
E ao fim do ciclo, se fim houver,
Resta a dúvida sussurrada ao silêncio:
Quem é teu dono?
Ou foste tu quem se deixou possuir?
A matéria é a sombra da consciência, as leis do universo são sua linguagem e tudo o que existe é a manifestação de uma mente eterna.
O tempo passa arrancando pedaços de novidades e cuspindo restos antiquados de efêmera materia imemorial.
"A vida é um vai e vem frenético e desengonçado de matéria que se choca e se transforma infinitamente e aparentemente sem sentido. Um movimento caótico e interminável do qual olhamos para ele e o chamamos de beleza"
Dentro do tecido cósmico, onde a consciência e a matéria são entrelaçadas, elas se revelam não como entidades distintas, mas como manifestações diferentes de uma única realidade fundamental. Neste cenário, a consciência emerge como um equilíbrio relativo, um estado de harmonia que permeia e define a existência.
PARA ONDE VAMOS?
Somente cinco por cento do universo e feito de Matéria Visível
(matéria bariônica)
O restante é composto por Energia Escura ou Matéria Escura.
É hipótese aceitável que no pós vida passemos a viver na forma de
Energia Escura.
Toda energia que existe, em cada partícula componente da Matéria, principalmente nas flutuações quânticas espaciais, na verdade, são afluentes de uma grande fonte invisível e porque não dizermos - espiritual! Pode-se entender o espiritual, como uma fonte energética "desconhecida". E tal Fonte SUPERIOR, tem dois pólos - O Positivo e o Negativo, geradores de energia!!! Essa incrível dualidade é refletida muito bem, na energia do libido entre o feminino e o masculino que se atraem e gera, através dessa força libidinosa - a energia da paixão -, outras vidas. O Masculino e o Feminino. O Bem e o Mal. O escuro e o claro. O preto e o branco. A Força e a fraqueza. Deus e o Diabo. O Homem e a Mulher... ( Dualismo Cósmico). Sem essa "dualidade", a vida, tal qual se conhece, não seria possível.
Às 21h51 in 09.04.2024
Fontes históricas são as provas dos eventos ocorridos no passado. Ela é a matéria-prima que serve de base no ofício do historiador.
O amor em matéria de ausência, se é sofrido, não é grande; se não é impaciente, não é amor.
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