Martyn Lloyd Jones
O melhor corretivo contra o orgulho e contra tudo o que o acompanha é conhecer a Deus, Seu caráter e a verdade sobre Ele.
Não poderemos experimentar libertação do poder do pecado enquanto não formos, primeiramente, libertados da culpa do pecado.
(...)Como se argumenta no grandioso capítulo nove da Epístola aos Hebreus, há o fato de que o ensino geral de Moisés, com tudo mais que ele apresentou, foi tão-somente um expediente temporário. Bem, precisamos falar sobre isso com absoluta clareza. Era nestas coisas que os membros do Sinédrio se gloriavam, e eles estavam rejeitando Cristo. No entanto, examinem aquilo em que eles se apegavam! Vejam a lei. Uma parte de todo o problema deles era que não percebiam que a Lei não pode salvar ninguém. A Lei só nos pode dizer o que fazer; não pode dar-nos o poder que nos capacitaria a fazer o que ela diz. Por isso o apóstolo Paulo escreve aos romanos sobre "o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne..." (Romanos 8:3). Moisés se levantara diante do povo e praticamente dissera: "Cumpram estes mandamentos, e vocês serão salvos". A Lei deixa conosco: "Não matarás. Não adulterarás. Não cobiçarás". "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda o teu entendimento e de todas as tuas forças, e a teu próximo como a ti mesmo." Tudo ótimo, mas você pode fazer isso? A Lei diz: "Faze isto, e viverás". Mas ninguém pode fazer isso. Portanto, como já vimos, a Lei nos deixa condenados, sem esperança e desamparados, e nos diz que precisamos ser libertados.
Sábio é o homem que sempre pensa. Não age baseado apenas no instinto ou no impulso ou no desejo. Não, ele insiste em aplicar-se ao pensamento, à razão e à meditação.
Quando o ego tem a ascendência, ele sempre joga com os nossos sentimentos. O ego não pode resistir a um verdadeiro exame intelectual.
A minha necessidade não é de conhecimento, mas de poder. Posso saber o que é certo, mas a questão é: como poso fazer o que é certo? O conhecimento da lei não me capacita a guardá-la e a cumpri-la. Mas, diz o apóstolo Paulo, eu tenho um Evangelho que não é assim. Este Evangelho funciona. Ele tem sucesso.
Se você passar muito do tempo de que você dispõe numa atmosfera mundana, verá que o fio da sua vida espiritual ficará embotado. Não há nada de errado, inerentemente, em ver televisão ou ouvir rádio, mas se passar muito tempo fazendo isso, é certo que não será capaz de orar muito bem, e que perderá o gosto pelas Escrituras.
Quando você se julga forte, e provavelmente invencível, quando você acaba de ter uma grande vitória, corre o perigo de achar que nada mais é necessário, que você se tornou um cristão de tal maneira forte que imagina que pode resistir facilmente. Você se esquece da exortação que diz: "Aquele que cuida estar de pé, olhe, não caia."
Se tentarmos combater o diabo e estes poderes unicamente em termos da nossa sabedoria e do nosso entendimento, inevitalmente seremos derrotados.
A maior dificuldade acerca da vida cristã é que as pessoas correm em busca do experimental antes de terem entendido a verdade. O experimental é decorrência do entendimento da doutrina, da verdade.
Estar debaixo da Lei significa que você tem que tentar justificar-se na presença de Deus por suas ações, por suas próprias obras, por seus feitos. A Lei é sempre uma coisa que chega ao homem e lhe diz: "Faze isto, e viverás." É o oposto da justificação pela fé.
O homem que é escravo do pecado e de todos os seus poderes não pode crer; portanto, o simples fato de que um homem crê no Evangelho é prova de que ele foi "libertado do pecado".
Só existem duas posições: ou estamos em Adão, ou estamos em Cristo. Não há posição intermediária. Você não poderá ser um salvo sem estar ligado a Cristo, sem estar em Cristo. E, assim como não há posição intermediária, assim também não pode haver processo progressivo nesse ponto.
Quanto à questão da pregação... O perigo está em ficar preso ou às anotações próprias ou ao que foi preparado, e esquecer a “liberdade do Espírito”.
Você e eu não temos que estar olhando nossa vida passada; nunca devemos ficar olhando para qualquer pecado que tenhamos cometido no passado, de modo nenhum, a não ser para louvar a Deus e engrandecer a Sua graça em Cristo Jesus. Eu o desafio a fazer isso. Se você olhar para o seu passado e este o deixar deprimido você deverá fazer o que Paulo fez. “Eu fui blasfemo”, disse ele, mas não parou aí. Disse em seguida: “Sou indigno de ser pregador do Evangelho”?
O que na verdade ele diz é exatamente o oposto: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1 Tm 1:12). Quando Paulo olha para o passado e vê seu pecado, não fica recolhido, de castigo num cantinho, a dizer: “Não presto para ser cristão; fiz coisas horríveis”. Nada disso. O que tudo isso produz nele, o efeito que lhe causa, é levá-lo a louvar a Deus. Ele se gloria na graça de Cristo, e diz: “Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1 Tm 1:14).
A melhor maneira de purificar a igreja é pregando sistematicamente a palavra de Deus. Pois ninguém resistirá ouvir por vários dias a genuína palavra de Deus e não ter uma reação. Duas coisas vão acontecer: ou os pecadores saem da igreja ou se convertem.
