Manual de Sobrevivência
No fim o espírito civilizatório haverá de prosperar,
demonstrando a insanidade e a estupidez,
dos que usam as armas da guerra,
banhadas com o sangue de inocentes, para promover a barbárie.
Os radicais necessitam da guerra para se justificar.
A humanidade da paz para sobreviver.
Olhe à sua volta, você vê um povo feliz? Impossível. Temo pelo futuro, pois fácil é se perceber o presente. Sobreviver é diferente de viver.
Não me recordo de não ter sofrido em alguma etapa da minha vida, tudo que tenho recordações, de uma forma ou outra, estava enfrentando algo, passando por algo, essas recordações me fazem ver o quão tive que ser forte para me manter de pé, o quão suportei coisas para não proferir minha raiva, quando tratado como um objeto, vou continuar nessa linha, não tenho escolha. As memórias de cada sessão dolorosa ou de cada olhar de piedade se misturam em meu passado como um mosaico de batalhas vencidas e perdidas, reconhecer que cada cicatriz, visível ou não, foi conquistada a ferro e fogo me mostra que minha força é menos sobre ausência de fraqueza e mais sobre a resiliência que surge quando “não ter escolha” se torna um chamado à sobrevivência.
Às vezes o excesso te faz desistir um pouco a cada dia, quando o peso de medicamentos, de cirurgias e de olhares comissivos se acumula, sinto-me afundar gradualmente, cada nova praga de dor retira uma parte da minha vontade de lutar, essa erosão diária ensina que a resistência não é
um salto heroico, mas uma sucessão de escolhas pequenas para continuar respirando apesar da exaustão acumulada.
Ninguém te entenderá, ninguém pode sentir a dor que você sente, às vezes nada é dito, porque você já desistiu de demonstrar e ninguém vê, às vezes viver cansa, percebo que minhas tentativas de explicar meu sofrimento a quem nunca viveu nada semelhante soam vazias, as palavras se perdem no eco de empatia limitada, quando decido silenciar minha dor, sinto que me torno invisível, mas isso acaba salvando-me de perguntas vazias, ainda assim, esse isolamento agrava o cansaço de simplesmente existir.
A toxidade de uma pessoa, com o tempo, se torna contagiosa, conviver com olhares de pena e comentários maldosos é como ser exposto a uma substância química que lentamente corrói a autoestima, para me proteger, aprendi a criar
defesas emocionais, porém, esse isolamento preventivo também me isola de afetos genuínos, mostrando o custo alto de preservar a sanidade em meio a tanta negatividade.
Se juntar todos os grãos de areia do mundo, ainda não seria um número próximo de galáxias em nosso universo, a terra é um grão, eu sou um grão de um grão, em meu estado de insignificância aparente, sinto-me perdido num oceano de vidas igualmente frágeis, mas, com frequência, isso me traz conforto, não sou o único a sofrer e minhas batalhas, embora quase invisíveis, fazem parte de algo maior, essa perspectiva cósmica me ajuda a relativizar meus problemas, lembrando-me que o universo é vasto demais para me enclausurar em desespero.
O cachorro come seus sapatos, porque ele tem medo de que você vá embora, assim como um cão ansioso agarra-se ao que tem para evitar abandono, percebo que minhas próprias angústias me fazem agarrar memórias dolorosas como forma de tentar controlar algo que nunca pude, entender esse
comportamento me ajuda a enxergar que a doença mental, às vezes, gera ações aparentemente irracionais motivadas pelo medo de ficar completamente só.
Se alguém te tratar mal, basta lembrar que há algo errado com essa pessoa, não com você, quando sou alvo de olhares compassivos ou excluído em conversas, tento resistir ao impulso de me culpar,
lembrando que a crueldade alheia reflete a limitação interior deles, não meu valor, essa mentalidade me fortalece em momentos de rejeição, ainda que seja difícil impedir que a mágoa me consuma antes dessa lembrança vir à tona.
Pessoas mal resolvidas andam destruindo outros seres humanos, vejo o reflexo dessa destruição em cada comentário disfarçado de “conselho” que recebo, como se eu precisasse de “dica de vida.” Reconhecer a dor alheia como um projeto de poder me faz repelir qualquer ajuda guiada por interesse, mas também me isola, pois me torna cético até diante de intenções genuínas.
As pessoas são cruéis, elas têm medo de tudo que é diferente, porque a gente revela como elas são absurdamente iguais e entediantes, meu corpo marcado pelas sequelas e meu discurso melancólico mostram a quem me observa que a vida é dura, e isso assusta quem prefere ignorar qualquer desconforto.
Ao me ver diferenciado, projetam insegurança, ofendem-me até que eu me cale, e só depois percebem o quanto a uniformidade que tanto prezam aprisiona todos numa ilusão de normalidade.
Algumas pessoas se vão e, quando voltam, não cabem mais; não é rancor, é tempo. Tempo que moldou novos contornos em suas almas, que escavou distâncias silenciosas entre nós, e fez do reencontro um espelho onde já não nos reconhecemos. Porque certas ausências não se medem em dias, mas em metamorfoses.
Quem sabe ouvir, arranca lições até do silêncio,
em longos períodos em que minhas cordas vocais não respondiam, descobri que o silêncio diz mais do que a fala vazia, o som ausente convida à empatia e ao olhar atento, mas poucos aceitam esse convite. Esse aprendizado me faz valorizar quem permanece em silêncio para compreender, em vez de falar sem escutar.
Você merece todo amor que tenta dar aos outros, mesmo quando minha voz falha ao declarar gratidão, percebo que meu desejo de cuidar excede minha capacidade de me receber amor. Reconhecer meu valor não como alguém que “uma hora vai desistir,” mas como
sujeito digno de afeto, tem sido batalha diária que contradiz a voz interna que insiste em me desmerecer.
Não se sinta obrigado a estar disponível fisicamente, mentalmente ou virtualmente para alguém, respeite seu espaço e principalmente sua energia, uma mensagem “inocente” pode carregar tanta vibração distorcida que suga toda sua energia, cada telefonema de alguém perguntando “como você está?” às vezes esgota, pois evoca lágrimas que ainda não secaram. Definir limites tornou-se necessário para preservar o restinho de força que me resta, mesmo sabendo que muitos confundem essa postura com frieza ou ingratidão.
O mal semeia a intolerância até florescer em domínio; então, emudecido o bem, faz-se senhor do silêncio.
A pessoa que aprecia sua própria companhia, dorme sem esperar mensagem, sem esperar agradar ninguém, depois de longas horas de isolamento, descobri que estar só não é sinônimo de vazio; pude aprender a escutar meu próprio corpo e, às vezes, encontrar serenidade no som de
minha respiração.
Minha autossuficiência vacila diante do medo de não haver quem me chame pelo nome. Ainda assim, ao me lançar na solitude, descobri forças que o silêncio guardava em segredo.
Se dói, exclua. Se incomoda, evite. Se chateia, ignore. Se faz mal, afaste-se. Não mudamos os outros, mas podemos escolher como viver.
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