Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
A moldura imperfeita não se revela um obstáculo para que a sensibilidade do apaixonado pela arte identifique a obra prima trazida a destaque por suas dimensões físicas. Assim, o corpo atrelado à alma que descobrimos amar pode realçar-lhe a beleza, mas é a magia do artista colocada na tela a essência que irá atrair, como um ímã, os olhos de Eros. E então, em dado momento, a atenção antes voltada unicamente para a obra descobre a harmonia da moldura à sua volta – até desprezada a princípio – e desperta para o conjunto absolutamente perfeito que forma com a arte pela qual nos apaixonamos. É quando descobrimos que ela se mistura às cores da tela e lhe dá a ênfase que faltava para que pudéssemos absorver – sem limites – a plenitude da obra.
Você não é admirado somente pelas idéias que brotam de sua inspiração,
mas também pelas pessoas que o inspiram dentre aquelas que admira.
Mais do que ficar triste por não acreditares num deus, entristece-me é ter que admitir a idéia de que ninguém te trouxe para a minha vida por algum mérito meu, ou para que eu pudesse aprender a ser melhor a partir de ti...
E pela primeira vez não quero concordar contigo, pois que ficarei muito mais infeliz se começar a acreditar que não poderei continuar a ter teu amor ou, antes, poder te dar o outro tanto que te dedico em todas as nossas próximas vidas.
Ainda que sua evolução cósmica aconteça involuntária e inevitavelmente, a sua próxima reencarnação não retém as memórias dos benefícios e momentos felizes vividos neste seu agora. Assim, por que deixar para descobrir isso quando não sobrar mais tempo para desfrutá-los?
Mergulho tão intensamente em cada fração de segundo vivido que com frequência tenho que correr para não chegar atrasado no instante seguinte.
Críticas são indispensáveis ao crescimento de qualquer pessoa. Mas quando utilizadas como batalhas campais de acesso público, presencial ou virtual, transformam-se em mero exercício de vaidade em competição de conhecimentos. Além de desrespeito a esse público, coloca-o em trincheiras que não escolheu ocupar. O duelo mais nobre, então, faz-se quando os adversários escolhem suas armas e decidem suas divergências em espaço reservado e acordado com seus juízes, para não transformar suas contendas em puro exibicionismo de cenas bizarras ou, no mínimo, incômodas.
Só se acusa no outro o que já existe em nós. Os que não
o trazem em si mesmos confiam até prova em contrário.
Há "poetas" que se forçam a sê-lo porque querem imitar aquilo que leram, e Poetas que brotam sem que se lhes apontem caminhos, pois que são seus sentires que irrompem de suas almas buscando pela cratera libertadora... Como erupções de sentimentos que não conseguem permanecer no interior de suas entranhas, por mais que tentem. Esses são os reais. E talvez os únicos que se fazem verdadeiros.
Acho perfeitamente compreensível termos fumantes com mais de 50 anos, posto que este público foi vítima real de uma campanha maciça da indústria tabagista para convencê-los a se viciarem numa época em que se acreditava que a erva era dotada de propriedades medicinais para curar doenças como bronquite crônica, asma, doenças do fígado, dos intestinos e até reumatismo. O que não consigo entender é como os jovens de agora - em sua maioria conscientes e politizados para diferenciar manobras marketeiras, e com amplo acesso a todo tipo de informação - entram numa de se viciarem, contrariando todo o meu conceito de inteligência. Esses podem ser tudo, menos vítimas.
Irrita-me o pensamento de certas mulheres que enxergam suas genitálias como o dom supremo que qualquer inteligência jamais ousaria rejeitar, comportando-se como se possuí-las fosse a maior concessão que um ser magnânimo pudesse fazer a um outro tão inferior quanto um homem.
Há pessoas que se definem como "autênticas" porque desenvolveram o hábito de revelar às demais todas as impressões que estas lhes passam. São o que se poderia chamar de "autênticos compulsivos".
Na realidade o que não conseguem é "segurar a língua" em nome de uma pseudo-autenticidade que muitas vezes revela uma agressividade incontrolável - involuntária ou não - quase sempre associada à violação grosseira da intimidade alheia ou, no mínimo, insensibilidade para com os sentimentos dos outros.
A não ser que o expressem de forma inequívoca, nem todos se acham preparados ou desejam conhecer todos os detalhes da impressão que passam para os demais. Há que se ter cuidado, portanto, com verdades ligadas no "piloto automático" e não solicitadas. E mesmo quando alguém afirma desejá-las, o mínimo que merece é que tal impressão seja passada de uma forma elegante e, sobretudo, gentil, independente do grau de honestidade empregada. Nada mais equivocado do que confundir grosseria com sinceridade!
As sociedades modernas só conseguirão evoluir no rítmo que poderiam quando se conseguir extirpar delas os três tipos de indivíduos que retardam sobremaneira seu desenvolvimento e não se enquadram, tecnicamente, no que juridicamente se define como "cidadãos". São eles:
- o inconsciente
- o indiferente
- o inconsequente
O primeiro é aquele tipo de pessoa que não consegue sequer perceber a diferença entre o certo e o errado. Falta-lhe qualquer referencial para distinguir o que poderia ou não poderia ser feito, no que deva ou não deva contribuir para que o bem comum se instale, pois que o ato de viver é algo que lhe acontece instintivamente como a qualquer outro ser vivo, e que não depende de sua interferência para coisa alguma.
O segundo tipo é o do conformado que um dia até já acreditou que o empenho de cada um fizesse a diferença, mas optou por deixar que a iniciativa partisse sempre dos outros, e acabou por se convencer que ninguém tem força suficiente para mudar o que acredita ser a regra, passando simplesmente a aceitar a idéia como realidade.
Os indivíduos da terceira categoria são os que encaram a sociedade em geral como um grande jogo e eles próprios como jogadores: o prazer só existe diante do desafio de vencê-lo a qualquer custo, pois que o mundo se divide em vencedores e perdedores onde as regras se apresentam como submissão do perdedor ao grupo dos vencedores. Assim, para integrar este último, é preciso provar aos dois lados que nasceu e irá morrer atropelando as dos demais, pois a que criou para si mesmo está acima de todas as outras. Assim, o significado de "legal" jamais se aplica a algo como "legitimo em função do interesse coletivo", mas sim ao sentimento que o domina quando subverte as normas sem qualquer outra justificativa que não o prazer do desafio.
Mentira descoberta pela denúncia de outrem em vez de tropeços próprios no mínimo sugere estarmos diante de um calhorda inteligente. Não há coisa mais irritante do que burrice aliada a inabilidade, seja na presença ou na ausência de caráter. Antes a inteligência dos pilantras à mediocridade dos incompetentes.
Folia que se conta em dias...
Fantasias mudadas em momentos...
Cinzas que se estendem por intervalos cada vez mais longos, até a derradeira ilusão no brincar da vida.
Após recolocadas as fantasias no armário da alma há que se encarar a inevitável quarta-feira com suas cinzas e saudades dos dias felizes, restanto sonhar com um novo e remoto carnaval a ser vivido, ainda que por instantes que se alternam.
Existem intervalos de vida em que um passado feliz transformado em cacos nos coloca numa espécie de limbo entre a doce ilusão vivida e a negritude absoluta de um futuro assentado em alicerces profundamente abalados, forçando a uma reaprendizagem de posicionamento perante o mundo de forma a aceitá-lo com sua realidade, em lugar do romantismo pueril de antes, para que possamos ressurgir de nossas cinzas internas.
A arte para mim, seja quando a expresso através da escrita, das tintas, ou de qualquer outro meio, é o reflexo de um sentir que brota de dentro para fora, como o ser vivo que busca a tona d'água para respirar. Jamais conseguiria exercê-la por encomenda, ou visando o resultado financeiro que pudesse proporcionar. O artista em mim não consegue dividir espaço com o empresário. Crio para promover a vida,
não para ser promovido pela minha criação!
