Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
Não é a ideologia que faz a pessoa, mas as pessoas é que deturpam e emburrecem as ideologias que abraçam.
Existe uma significativa parcela da humanidade que acredita ser mais fácil mascarar a realidade do que esforçar-se para torná-la melhor.
Não há quem possa afirmar "não ter inimigos" apenas porque nunca quis levar prejuizo a outrem. Nossas mais nobres ações podem contrariar interesses e despertar o ódio de supostos atingidos. Assim, você pode tanto ser adorado quanto odiado pela mesma razão, pois tem mais a ver com o desequilíbrio do outro do que com todo o seu bom senso.
Solidariedade passa de virtude para conivência quando o beneficiado não contribui em coisa alguma para a mudança buscada e você gasta a energia de que outros tanto precisam.
Não me cobre persistência na ajuda que lhe ofereço quando deixa claro que não faz o mínimo para ajudar a si mesmo!
É comum que a primeira falha tenha sido inevitável; a segunda já é negligência com prevenção; a terceira passa atestado de incompetência; na quarta já não resta dúvida: é má fé mesmo!
Não devemos jamais perder a capacidade de nos indignarmos diante das iniquidades que o mundo nos impõe. Mas não devemos nunca permitir que ela nos faça abandonar a prioridade que precisa ser dada à busca de ser feliz.
O problema das paixões ideológicas é que elas sempre selecionam aquilo em que se quer acreditar, por mais improvável que se mostre. A única forma de não nos afastarmos da realidade é preservando o equilíbrio, garantindo assim o bom-senso que previne as ilusões da defesa emocional de qualquer dos lados que se enfrentam!
Não é raro que você compare as trajetórias de pessoas famosas - algumas até meteóricas - com a sua, e se pergunte: “O que fiz de errado, que para mim não deu certo?” Quando isso acontece eu lhe afirmo que o único erro que repete é confundir sucesso com fama e dinheiro. Estes são MEIOS! Sucesso é o fim que se atinge depois que os meios passaram (e eles SEMPRE passam!). É aquele encantamento interno que fica nos outros e em nós mesmos, quando o constatamos. Sempre que conseguimos isso, temos sucesso. Uma celebridade pode encontrá-lo na forma como governa, como canta, ou como revela uma habilidade incomum, caso se entregue a elas com paixão, e as enxergue como missão. Assim, seu sucesso total não fica atrelado a fama e fortuna quando atinge um número enorme de pessoas que você encanta, e consegue transformá-las apenas com a habilidade de fazê-las pensar, pra nunca esquecer. Depois olhar para trás, conhecer o que fez e concluir: EU FIZ ISSO!
Cresci ouvindo as pessoas me dizerem do quando admiravam minha inteligência. Na mocidade, preocupado apenas em viver a vida, isso não fazia a menor diferença. Na maturidade vem a vontade de descobrir como ela poderia facilitar-me alguma coisa. Na terceira etapa da vida sobrevém a consciência de que ela não nos livra das mazelas humanas, e a hora é de aproveitar o tempo para torná-la útil aos outros e ao que resta de bom em nós mesmos.
Apenas porque alguém não sabe a diferença entre o certo e o errado não torna legais os seus ilícitos, nem faz dele uma pessoa honesta.
A cobrança de ações assumidas com outros é constrangedora e frustrante, porque passa atestado de não comprometimento ou, no mínimo, de que não se previu etapas e possibilidades de se oferecer o resultado prometido. São coisas de que os envolvidos não podem se eximir com risco de revelar o despreparo que transforma qualquer empreitada em aventura. Antecipar-se à cobrança, antes de esperar por ela, é característica primeira dos que não negligenciam suas responsabilidades, nem falham com aqueles que dependem de suas ações.
Não fique à espera do que as pessoas não podem - ou não querem - lhe oferecer, nem insista em alterar sua rota em função de quem não vive o seu momento. Apenas coloque-se disponível, e aqueles que quiserem compartilhar os seus com você saberão o que fazer para encontrá-lo.
Descobri um dia que a escolha por qualquer dogma - ou me afastando de todos - apenas me aproximava de um dos extremos da corda. Concluí, portanto, que todos eles, quanto tudo o que existe, tem um pouco do muito que preciso para me situar mais perto desse ponto de equilíbrio entre os dois lados, e a ciência da vida consiste em não perdê-lo de vista!
Não ter ídolos nem ideologias é tarefa nem sempre das mais fáceis, já que tanto o macro quanto o micro universo se apresentam em permanente mutação. Mas todas as vezes em que nos fixamos em uma única linha - seja ela de pensamento ou de caminho a ser seguido - seremos arrastados para um dos extremos sem que nos demos conta disso.
Ficar-se atento ao risco do imobilismo é a forma mais eficaz de proteção. A capacidade de sair do ponto onde estamos para olhá-lo à distância - por mais que pareça confortável e seguro aquele onde estamos agora - é a única maneira de percebê-lo de forma consistente e confiável, como também de constatar se não é hora de mudar para um ponto novo pois que, visto de fora, este já nos aproxima mais de uma das pontas do que do meio! Não ter receio de mudar sempre que piscar o alerta é trocar a imobilidade pelo equilíbrio que nos salva.
Não ter receio de buscar a mudança como o melhor critério de avaliação nos previne da ameaça de transformar vícios em algo trivial e rotineiro. Ter coragem para trocar caminhos todas as vezes que se fizer necessário, e ser um camaleão que empresta à própria alma as cores que o ambiente aponta como as mais confiáveis naquele momento, ainda que incompreensível para o observador externo, é a única forma de manter-se fiel a minha própria essência! O ótimo de agora pode ser o péssimo de amanhã, e você será parte dele se recusar-se a olhá-lo de outro ângulo, de modo a perceber se ele continua ou não harmonizado com o melhor que quer para si.
Se não nos permitirmos abandonar o "ismo" de nossas origens, se não reunirmos toda a coragem para romper os tirânicos grilhões das tradições, dos dogmas, das crenças moldadas por outrem, de modo a que não os cristalizemos no alto de um mastro que já não nos representa em toda a plenitude, nos coloca em sério risco de distanciarmo-nos de nós mesmos para entrar num labirinto de um não-ser sem volta!
Há que se estar atento à diferença entre louvar as tradições de nossas origens, respeitando os ancestrais que as forjaram, e manter-se atrelado a elas como leis para o nosso presente e caminho obrigatório para o futuro, este tão diverso e imprevisível que, por isso mesmo, mais precisa de trilhas do que de trilhos. As trilhas revelam heróis. Os trilhos, apenas fundamentalistas que combatem os que têm coragem de se renovar pois que, por comparação, lhes expõem a covardia.
