Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
Os conceitos de Deus e de Amor se confundem até na forma como se expressam em nós: o mais importante não é que a ligação dos amantes ou entre criador e criatura se faça real, mas a plenitude do sentimento gerado pela simples possibilidade do outro lado estar lá.
Chega um momento em que tudo o que se tinha como real se desfaz em irrealidades, o concreto se converte em ilusório, e o verdadeiro revela toda sua inconsistência, revelando o eu que era exibido no palco. Pela primeira vez nos vemos compondo a matrix, só que pelo lado de fora.
Despertar não significa abrir mão da crença, mas atuar decisivamente para que, de mera fantasia, a descubramos convertida em Conhecimento. Isso só é possível quando se reúne coragem e humildade para aceitar que já estivemos errados e ver no conhecimento a linha de chegada para a Verdade que deixa os covardes pelo caminho.
Preservar uma percepção mais clara da realidade passa pela diversificação em todas as área de conhecimento e de interesse. Todas as vezes em que nos concentramos numa única, distanciamo-nos da visão sistêmica e dos nossos parâmetros de análise, tornando-nos tendenciosos e nos aproximando perigosamente do fanatismo.
Opor resistência inquebrantável a todo indício de algo inusitado, mais do que inconcebível se revela bem pouco inteligente. Mas ser crédulo a ponto de transformar até um jumento caído de um barranco em "abdução por alienígena" passa atestado de uma credulidade fanática ainda mais estúpida que o próprio animal usado como "evidência".
A grande diferença num embate entre um combatente idiota e outro inteligente é que o idiota usa sua raiva em lugar de uma estratégia, e o outro faz uso inteligente da raiva do adversário como estratégia para ganhar a guerra.
Tanto o papel quanto o teclado aceitam qualquer coisa que se diga a nosso respeito, independente da ótica, do objetivo, e do caráter de quem escreve. Em assim sendo, a única coisa que revela inequivocamente quem somos é nossa biografia.
Apenas os fanáticos, os ignorantes e os insensatos fazem uma escolha por suas crenças. Pessoas racionais apenas percebem o sentido existente nas peças encontradas pelo caminho para justificar a procura por entendimento, não importando obter mais perguntas do que respostas. O essencial é não ignorar as pedras que pavimentam o caminho, e nem as tratar como se já se houvesse alcançado o ponto onde ele termina.
É senso comum que a razão da política é a de introduzir melhorias e levar qualidade de vida ao cidadão, que a remunera com seus impostos. Incompreensível, portanto, que a legislação não contemple um mecanismo para cassar os direitos políticos de qualquer mandatário público que tenha deixado seu território eleitoral pior do que quando assumiu. E não seria por falta de indicadores não termos ainda essa regra como cláusula pétrea nas três esferas de governo, deixando claro que, por serem os próprios políticos a criarem as leis, não hão de querer abrir mão das benesses do estado "apenas" por se mostrarem incompetentes.
São cinco os princípios que norteiam a ocorrência de improbidade administrativa na política: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. No entanto, apenas os quatro primeiros são tomados como razão para retirar um político de suas funções apesar de se ter na eficiência o mais importante de todos, já que é eleito para melhorar as condições de vida da população, e não omitir-se ou piorá-las. Prova-se assim que não é a ausência do mecanismo legal que impede o avanço da incompetência, mas seu desrespeito.
Não é raro se acreditar que, para defender valores inegociáveis, seja necessário expressá-lo de forma tão incisiva que dispense preocupação com rispidez ou grosseria. Bem ao contrário: quanto mais elegantes e educados se mostrarem os argumentos, mais respeitados serão, pois que não se atingirá pessoas em seus brios para que usem a emoção em lugar da razão, tornando-as mais aptas a refletir.
Algumas pessoas passam 100% de seu tempo de vida oferecendo provas incontestáveis de que nem mesmo um bandido inteligente consegue produzir tanto estrago e se mostrar tão nocivo quanto um ignorante bem intencionado.
Ao comparar meu tempo de aprendizado com os fatos que ainda me chocam, por várias vezes me questionei se, após todo esse tempo, não me preparei como deveria para o que a vida nos reserva. Mas após constatar que a crueldade vigente não foi o bastante para reduzir-me a humanidade, acabo me convencendo de que tenho mais a agradecer do que a lamentar.
De tudo que escrevo, é notório que os conteúdos mais relevantes são os menos lidos. Estaria a humanidade hoje mais propensa a se mostrar do que a pensar?
Até mesmo minhas publicações me dizem que ando na contramão do caminho trilhado por grande parte da humanidade pois que, ao me aplaudir, a maioria rende homenagem a textos que eu detesto lembrar tê-los escrito.
Ainda me dizes que te decepcionas? Ó tola carência humana de ser levada a sério, quando tua extensa trajetória já deveria ter-te convencido de que a natureza humana não é séria!
Todas as crenças humanas afirmam buscar a Verdade, mas ao se virem diante dela escolhem manter as velhas mentiras para não ter que enfrentar as certezas.
Quando o homem não consegue entender o percurso real entre A e B, ele cria uma trajetória inversa a partir de B repleta de elementos precipuamente reunidos para sustentar sua tese, construindo uma “verdade” à sua imagem e semelhança que se sobreponha a todas as demais.
Quando nos deparamos com uma “verdade” previamente estabelecida, ponderá-la ou apresentar argumentos se mostra totalmente improdutivo, pois que já está decidido em que se quer que acreditemos. E é quando o bom-senso nos recomenda poupar tempo e energia!
