Machado de Assis Contos Curtos Saudades
Eu preciso tanto ouvir o teu canto
Aquele de quando vinhas pelo caminho
Da terra branca de Minas Gerais, e que só se ouvia
O grasnar dos pássaros noturnos misturando-se
A uma canção pueril.
Sua doce voz, às margens do rio
Lavando nossas roupas e cantarolando,
Eu queria tanto vir outra vez a sua tez
De veludos.
Ficara a assombra do que fomos nós
E o desatar dos nós que nunca conseguimos
E partiste, com nossos versos tristes, ficamos
Ao som da valsa já sem compasso, sem dança
Sem tom de que ainda existimos.
COSTURANDO O TEMPO
Vivo a costurar o tempo
Com minhas agulhas, costurando
Vou caminhando... alinhavando
e até remendando-o.
Às vezes sento, e entre um café e outro
Conduzo-me de ponto a ponto.
Mas tudo é atemporal
E não há como desenhar esse tal tempo
Copiando rosas ou folhas ao vento.
E nessa costura sem fim
Teço-me um infinito para mim.
Joana de Oviedo – Direitos reservados
E AS PÉROLAS MORRERAM
Dizer que te amo para quê?
Se as pérolas que te ofereci
Jogou-as fora ao dia fenecer?
Matou-as com tanta ironia!
E a flor que te dei, também murchou
à neve do triste inverno (também não cuidou).
E a caneta de ouro que a ti guardavas
Não fazia parte dos teus pretensos tesouros!
Joana de Oviedo - do livro Pérolas Telúricas
Direitos reservados
REPETIÇÃO
A vida é mais que lembranças repetidas. Ela continua. É soma ao agora, ao amanhã e ao depois, que se tornarão coisas repetidas também. Mas não é só isso, pois haverá outros amanhãs e outros dias para somar, e tudo volta ao começo de tudo: A vida é mais que lembranças repetidas.
PROMESSAS
Trago nas mãos tuas promessas vãs
sem saber o que com elas fazer
e nos ombros os gravetos de antigas primaveras
Como barco à deriva
levando apenas um remo
Das flores, as pétalas
que murcharam, aos ventos,
ao sol por.
E levo nos ouvidos, a esperança
da última nota da nossa música
e seus ruídos...
E nos olhos, desejos
por seus lábios frementes.
E na terra da mesma estrada,
conto nossos passos
antes que o tempo e a desilusão
os apaguem, amor!
O TEMPO DE SER FELIZ
O meu tempo de ser feliz é agora
Mesmo que tenha chorado
Trago alegrias de antigas auroras
E se o tempo passou e vc apenas chorou,
Vá estrada a fora a colher os feixes, os molhos dos trigos e da primavera esquecida:
Lembranças do passado.
Mas vá, sem antes levar
os gravetos de agora,
os feixes das rosas, das primaveras
e os desenhos das nuvens de algodão.
Mas vá.
Deixe em paz seu coração.
Junta a lenha no terreiro!
Torne-se inteiro!
ESSÊNCIA MALDITA
Provei tua essência, Oh, alma dos meus delírios!
E pela estrada, suspirei fundo a minha dor...
Sem saber se era um caso de amor, ou a breve vida
Dos lírios que fenecem da noite ao dia amanhecer.
Então, em que crer? Se só uma ilusão vivi
Se das tuas mãos só o olor recebi!
Como troféu senti na carne os ventos batendo,
apressados a levar o tempo!
Provei tua maldita essência, oh, alma dos meus delírios!
E morri como os lírios noturnos... taciturnos!
Joana de Oviedo
do livro Pérolas Telúricas
NOSSO DIA A SÓS
Meu amor, é para ti...
Meus pergaminhos!
O polén das árvores que eu amo,
os dou...
É tudo que tenho...
E o meu amor que espero:
Venha buscá-lo!
Buscar-me!
Enquanto em mim
a ilusão dos teus cabelos
soltos, batendo-me no rosto
E os ventos vêm a tocar-me de leve
Trazendo-me um cheiro de polén, brisa...
Do seu perfume!
IGUAIS ÀS BORBOLETAS
Nada melhor que sermos
iguais às borboletas,
é sermos os casulos,
de onde nascerão a juventude
das borboletas velhas
a cumprirem o seu cículo.
Quando se cansar de voar,
poder adormecer e sonhar,
e, adormecendo poder sonhar
que em breve voltará a dar
vôos rasantes.
FOME DE TI
Não era a lua
E nem a chuva
Que deslumbrava-me
o corpo nu.
Eras tu, oh meu amor
Que caminhavas
Por sobre a dor
Da pobre alma
Que te pedia
Um pedaço de pão
Naquele dia.
E aquela fome
Ainda me consome.
Você partiu!
E eu ainda sinto fome
Fome do afago das tuas mãos
PEQUEI
Pequei contra ti
E como tenho pecado!
Devo pagar.
Serei condenado
Pequei por amor
Sou desgraçado
Mas já tenho a pena
A triste saudade.
Viver por viver
É também um morrer
É sentença de morte
É um viver sem norte
Essa é a pena
Por tanto querer.
E preso à alma
Que nunca se acalma
Não há quem liberte
E vivo perece.
Hei de morrer
Sem ouvir sua voz
Sem ter sua prece,
Meu amor, meu algoz!
SONHO
Enquanto durmo, tu te despertarás
De teu sono injusto dessa vida e virás
A minha alcova para me ver
Para sentir meu respirar
Diferente do ar a te mover.
À noite, em um sonho bom, transformar-te-ás
e teu rosto manchado de meu batom..
E a seda de minha roupa esvoaçando por teu jardim.
e tua flor a tocar em mim.
Ao amanhecer ainda sentindo tua respiração
acordarei feliz de meu sonho bom!
DESPERTARÁS
Tu despertarás para mim
Oh, alma dormente,
Meu coração carmesim
tão perto te sente!
Não ouves as passadas
Em volta de sua morada?
Não houve meu pranto
Buscar seu encanto?
Pobre sou eu...
Um grito ouvi
Suspiro abafado
Um leve sorrir!
Tu, estás aí?
Bate tuas asas,
Vem pra nossa casa!
Tira o véu que cobre
Seu rosto de breu.
Eternamente sua sou eu
e você para sempre meu!
O que ela não entende e que eu já repeti mil vezes foi que se um dia chegamos a nos relacionar foi porque eu quis
Parece idiota, mas foi bem assim
Eu comecei num fogo de paixão louca e a cada investida havia um balde de água fria e eu ouvia, menos Maria, menos Maria. Bom, com o passar do tempo, insistindo em ficar porque tenho cismas em minha cabeça eu passei a ser menos e agora escuto, mais Maria, mais Maria. Será que eu sou louca?
O SEGREDO DA LUA
Eu e a lua conversando sobre vc:
Ela me diz que seu corpo nu
era tudo que alguém poderia querer.
E me mostrou as noites
em que caminhava só,
de tão triste, ela própria sentia dó.
E vi suas lágrimas e vi também sua dor,
E a lua sentiu um amor
que nunca antes houvera .
e chorando me contou toda sua quimera.
Que o sol havia aparecido
e vc desaparecido no âmago da solidão
que era só sua e da alva lua.
TU, A ESTRADA
Aquela beleza disforme
Lançou sobre mim
A tristeza de um olhar informe
E tudo cintilou-me a alma
descomedida e desamada.
Lancei-me à mão daquele
pequeno e estanho ser.
E era amor, e era paixão.
Pude ver o cintilar da retina
Mas era noite desatina.
Caminhei os seus passos
como as borboletas
Que não deixam rastros.
Tudo disforme, nada informe
naquela estrada.
Tu, a estrada!
Hoje seria um dia comum, talvez não fosse feito nada interessante.
Talvez a gente até tomasse uma cerveja, talvez jogasse um buraco.
Talvez a gente só brigasse um pouco, ou talvez estivesse em silêncio cada um em um canto da casa por estar de saco cheio.
Talvez tanta coisa, e as coisas foram momentos que hoje não existem, mas fizeram sentido tanto tempo, que é esquisito agora por não fazer nenhum.
É estranho como eu funciono.
Se eu não tô funcionando direito por dentro, não consigo funcionar direito por fora e vejo isso ao contrário,.
Tô aqui tentando arrumar minhas roupas e não flui muito, tô livre e lidar com Liberdade as vezes é difícil.
Posso fazer a hora que eu quiser e quando que quero?
Eu ando tendo muito medo
Tenho medo de esquecer de você
Tenho medo de seguir minha vida
Tenho medo de não conseguir me cuidar
Tenho medo do que tem de reservado pra mim aí na frente
Tenho medos e mais medos
Mas dane-se os medos, seguirei enfrentando um a um de cara limpa, peito aberto, ombros erguidos, mente sã, seguirei mesmo com a incerteza, seguirei mesmo me sentindo pequena e fraca, seguirei porque a vida é só num V e o resto é ida.
Vaso Grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora, esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
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