Machado de Assi Poema a Carta
O Amor tudo crê
Tudo é muita coisa
O Amor tudo espera
Tudo é muita coisa
O Amor tudo suporta
Tudo é muita coisa
Ser pleno em qualquer um desses requisitos
Exige fracassar miserável nos demais
Tudo é muita coisa
E ser humano é pouca coisa
Concluo,
Amar não é humano,
É dom de Deus
Acabei de sair daí. Conversei com você, chorei com o meu coração, fui sincero e quando eu falo que " Deus sabe disso" é porque realmente Ele sabe e tem ouvido meu coração triste, nesses últimos dias. Triste por minha causa, triste por arrependimento, vergonha e medo de ter perdido você para sempre. Tenho me apegado a Deus pois sei que só Ele pode me ajudar e sei que Ele me ouve e me perdoa e também transforma todas as coisas.
Seria loucura te conhecer como eu conheci e te perder como perdi. Eu acredito no Amor, talvez o amor humano não seja perfeito, mas pode buscar melhorias, pode ser melhor a cada dia. Isso me dói quando falo (que te amo) porque pode ser que nunca mais eu tenha você...
Você
Até pouco tempo atrás
Eu tinha o péssimo hábito de pensar que todas as cartas,
Que eu tinha escrito, escrevia e iria escrever em minha vida
Eram apenas coisas descartáveis
como quaisquer outros pedaços de papel.
Coisas essas, das quais eu nunca me orgulharia.
Seriam para todo sempre e não deixariam de ser apenas...
Árvores cortadas que jamais voltariam,
Grafites e canetas gastas que jamais retornariam,
Papéis tingidos que jamais se limpariam
E calos em minha mão que jamais sairiam.
Isso até eu escrever para o meu amor.
Aquela que sempre elogiou meu suposto talento pra escrita,
Do qual até mesmo eu duvidava.
Aquela que sempre está ali, até mesmo quando eu já não me sinto
Mais merecedor de sua companhia.
Fez com que fosse produzido algo que, até mesmo hoje,
Sou incapaz de explicar como fiz.
Com origem nos sentimentos mais sinceros e reprimidos que sentia e senti
Naquele fatídico dia e um pouco antes,
Nasceu minha obra-prima.
Não em quesitos como coerência, coesão ou ortografia,
Coisas que geralmente cruciais em um bom texto.
Mas sim pelo que ela sozinha conquistou e fez.
Sejam as lágrimas, minhas e suas
Ou a confirmação do implacável amor mútuo que sentimos até hoje.
Vou poder sempre me orgulhar de ter feito alguém gostar do que eu escrevi
Para minha sorte,
Meu maior tesouro.
Você.
Já tinha te visto muitas vezes,
Mas não tinha te olhado como olhei daquela vez,Decabeça baixa olhando pro nada.
Foi nesse momento que te vi de verdade de um jeito especial .
Você tão longe e eu tão perto sem poder fazer nada, quando senti em meu coração que você não era aquela pessoa que eu sempre olhei mas nunca tinha visto.
É incrível como a vida nos prega peças, a partir desse momento meu coração passou a sentir algo diferente que eu não queria dar o braço a torcer, mas chegou um momento que não consegui mas esconder de mim mesmo e agora não sei o que fazer sem você.
Fico feliz por chegar a segunda feira, haha quem diria e fico triste quando chega a sexta feira.
Só porque não poderei te ver no final de semana.
Mesmo vc fugindo ...
Continuo sentindo o que sinto por vc , mando fotos , vídeos ,sonhos que tive ,mais é só pra ter uma resposta sua ... Mesmo sabendo que não vou ter ...
Moço dos olhinhos puxados ,dessa boca q me deixa sem chão ...
Não vou negar, nunca neguei não deveria nem ter revelado mais fiz isso !
Sentir seu bj uma única vez seria um sonho , por isso nunca vai acontecer .
Desejo sua felicidade c TD o coração , quando penso q é sem essa pessoa q voz fala rs dói , não deveria mais dói .
Que merda !
Mesmo q não responda ( rs que é o certo de acontecer , pelo menos sabe o q sinto ou dúvida vai saber ... )
Fica com Deus 🙏
Que ele cuide de vc já q não posso !
Seja feliz ( é o q mais desejo pra você ).
*Meu olhinhos puxados*
Lázaro Machado de Carvalho, 27 anos, filho de Edineide Machado de Carvalho, natural do Pé de Serra: Uibaí-BA, Funcionário Público. Apaixonado por Literatura e Artes, participou de vários recitais no Grêmio Cultural Voz do Povo – Uibaí-BA, além de compor e recitar diversos poemas de sua autoria e de autores brasileiros. Atualmente, cursa Direito na Faculdade Regional da Bahia – UNIRB em Salvador – BA. Alguns poemas de sua autoria: Amizade; Mais que um Amor uma Utopia; Dias efêmeros do Pobre, entre tantos outros.
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
-Tu as eu tort. Tu auras de la peine. J'aurai l'air d'être mort et ce ne sera pas vrai...
Moi je me taisais.
-Tu comprends. C'est trop loin. Je ne peux pas emporter ce corps-là. C'est trop lourd.
Moi je me taisais.
-Mais ce sera comme une vieille écorce abandonnée. Ce n'est pas triste les vieilles
écorces...
Entre pernas, passos e tropeços a gente vai deixando algumas coisas pelo caminho e encontrando outras... O que não pode é se subtrair. O processo tem que ser de acréscimo, sempre. Nada é tão definitivo assim e a gente nunca É, a gente ESTÁ...
Sempre digo que quem se aprofunda nas coisas, quem mergulha, sabe exatamente o gosto que tem o alimento cru porque não se contenta com o que está pronto, posto sobre a mesa. A gente vai experimentando aqui e acolá, vai sentindo o ritmo, o tempo, tendo cuidado com algumas coisas e desrespeitando as placas de aviso de perigo de outras. A gente cai, levanta, chora, celebra. A gente vive. A gente se conhece através das reações dos outros a nós mesmos. A gente se trabalha ou estagna, regride ou evolui. A escolha é sempre nossa. Tal como as consequências. A gente resolve se entregar quando é tarde pra descobrir que pra respeitar o nosso próprio tempo, é preciso lembrar e ter o mesmo respeito pelo tempo do outro. E que muitas vezes, pra ser honesto, é preciso se correr um risco o qual não queremos. Mas a gente corre. Que o medo não tenha tanto poder sobre nós... E que não fiquemos condicionados por experiências anteriores - há sempre uma oportunidade de surpresa, mas teremos que estar abertos a isso. Nada é tão definitivo.
Jamais essa mulher nascerá. Só de uma rede de laços se pode nascer. Ela continuará a ser semente abortada, poder por empregar, alma e coração secos. Ela há-de envelhecer funebremente, entregue à vaidade das suas capturas.
Tu não podes atribuir nada a ti próprio. Não és cofre nenhum. És o nó da diversidade. O templo, também é sentido das pedras.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
Da sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
IV
Conclusão a sucata! ... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões Dráticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou ...
Palavras ao Vento
Eu sempre acreditei na vida, desde muito pequeno, que existem pessoas na nossa história que elas são tão fundamentais, mas tão fundamentais que a gente não pode mais dizer um nome sem que a gente lembre do nome dela. A gente identifica os verdadeiros amigos, as pessoas essenciais na nossa vida no momento da muita alegria ou no momento de muita tristeza: são esses dois extremos que são capazes de revelar quem a gente ama de verdade. Quando você está alegre demais, aquelas pessoas que você gostaria de tê-las ao seu lado vendo as coisas que você está vendo. Quando você está triste quais são as pessoas que você gostaria que estivessem ali segurando a sua mão? Aí você verifica os seus verdadeiros amigos. Agora, por quê que eles ficaram? É um mistério! A gente nunca sabe dizer porque aquela pessoa ficou amiga da gente. Talvez porque ela tenha tido uma sensibilidade maior que os outros não tiveram, talvez porque elas olharam pra gente de um jeito mais aperfeiçoado, porque tiveram mais paciência com a gente, tiveram mais calma. Não é assim? Os amigos que vão ficar pro resto da vida, a gente pode ter sido enjoado, mas eu sei que na hora que precisar deles eles vão está do meu lado. Só por isso a gente suporta os defeitos dos outros...porque a gente sabe que mesmo que eu esteja na miséria ela vai está ali do meu lado; mesmo que eu perca tudo que eu tenho (...)
Eu achava engraçado porque as novelas mexicanas tem umas frases dramáticas (...) Tem uma frase de novela mexicana que eu sempre recordo, é uma que falava assim: “Meu filho, aconteça o que acontecer nós nunca vamos deixar de te amar”. E eu achava engraçado aquilo, mais cheio de significado. Dramático, né? Aconteça... Gente o que poderia acontecer de tão sério? Sei lá. De repente, você já não é o ser humano que você gostaria de ser. Que tenha dado tudo errado. E eu acho bonito isso, né? Não há condição para o amor nessa casa, aconteça o que acontecer. É aquela velha história: eu briguei com você,eu fiz tudo errado, eu te tratei mal, te destratei...eu fui injusto com você, eu te abandonei, mas de repente no meio da noite meu filho morre e você é a primeira pessoa pra quem eu tenho vontade de ligar. Isso é amor, não há outra chance! Eu não tenho medo que o outro não vá me receber, eu não tenho medo de que o outro vá me tratar mal, do mesmo jeito que o tratei. Eu não tenho medo de que o outro lado tenha resistência a mim. Não! O amor que eu sei que ele tem por mim é que me dá coragem de ligar no meio da noite e dizer: “Eu preciso de você agora, mesmo que você não tenha tido a oportunidade de me ter ao seu lado no momento em que você precisava!” (...) Isso é ser amigo de verdade, é quando não depende do tempo, de quantas vezes eu liguei pra você, quantas vezes eu fui atrás. Não, não, o laço que permanece, que independe do tempo. Que às vezes na correria da nossa vida, às vezes você não tem aquele tempo de cultivar, mas você sabe que ele está lá (...) Eu tô aqui!
Cada vez que eu me recordo a necessidade de ter alguém ao meu lado eu me lembro dessa frase:” Eu tô aqui!” Eu não faço estardalhaço, eu não crio muito barulho, eu não tô dando notícia, mas eu estou aqui!!! O tempo vai passar, as coisas vão ficar diferentes, pode ser que eu não tenha oportunidade de está aí, pode ser que eu não tenha oportunidade de chegar a tempo, mas fique sabendo que eu estou aqui! Que bom que essa frase tem o poder de repercutir em quem ama e talvez quem ame nem sabe o quanto isso repercute, porque experimentar da misericórdia pelo lado dos fortes não sei se tem muita vantagem... Eu quero ver a gente saber experimentar a misericórdia pelo lado dos fracos, quando você precisa ser amado, quando você precisa ser elogiado, quando você precisa ser aquele que sai do lugar para pedir ajuda. Aí nessa hora, neste momento você possa ver que as coisas poderão ser resolvidas com aquela presença que você sabe que não muda, que está ali, alguém que lhe assegura está ali (...) Não sei qual a possibilidade que eu tenho de está na sua vida, não sei de que forma eu possa está na sua vida...pode ser que de uma forma concreta, pode ser que você me conheça (...) eu gostaria de dizer pra você (...) que eu gostaria de continuar estando aqui e dizer: ”Eu estou aqui (...)!”
Quando as cinzas da quarta
Se tornarem brancas
Quando as notas das falas
Se tornarem brandas
Eu deixarei que minha voz descanse
Sobre o acorde do silêncio
Mas enquanto as armas estiverem prontas
E os olhares altivos revelarem afrontas
Eu colocarei a minha voz
Sobre o acorde da coragem
E cantarei o sonho de extinguir a guerra
Romper as cercas, libertar a terra
Despejar no mundo cores de aquarela
Preparando a vida pra outra primavera
E cantarei o sonho de colher milagres
E ver romper da terra inúmeros altares
Pra derramar no mundo cores de eucaristia
Que semeia a noite para florescer o dia
Quando a fome dos pobres for só de beleza
Quando a chama da paz já estiver acesa
Eu deixarei que minha voz descanse
Sobre o acorde do silêncio
Mas enquanto as retas estiverem tortas
E a morte insistir em manchar as portas
Eu colocarei a minha voz
Sobre o acorde da coragem
Todo mundo fica para baixo de vez em quando. Desanimar é próprio do ser humano, porque ninguém é de ferro nem pode ser forte toda vida. A fragilidade faz parte do crescimento, ajuda a gente a se fortalecer.
Mas desanimar não é desistir. Como uma onda que passa, o desânimo pode deixar uma devastação, mas sempre é tempo de se reconstruir. É a lei do progresso. Quando você se sente para baixo, pensando em desistir, algo na sua vida acontece que lhe dá uma mexida. É Deus falando com você, lembrando que tudo tem solução. Pode parecer que não, mas nada é definitivo, nem a morte, que é só um estágio de transição. Tudo pode ser refeito, desfeito e perfeito, porque a perfeição depende das suas expectativas.
Permita-se aceitar que você pode desistir. Isso dá um conforto danado na gente, porque retira de nossos ombros aquela cobrança que a sociedade impõe de que temos que ser persistentes. Você pode desistir, se quiser. Só não desista da vida, porque, sem essa, não dá para se fazer mais nada. A vida é nosso repositório de experiências. Sem elas, não avançamos.
Jogue tudo para o alto, mas lembre-se de que tudo o que sobe há também de descer. Quando isso acontecer, deixe cair o que não lhe serve mais e agarre o que lhe pertence. Você vai ver que isso não é desistir, mas usar a inteligência para se libertar do que pesa na alma para depois prosseguir com confiança, serenidade e, aí sim, persistência.
Elegia
Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaçam, num suspiro.
E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava,
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.
Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria ?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia ?
Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estrela fria.
As arvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.
Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.
E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.
Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.
Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.
Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quando aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
passeias brandamente
como ao que vai morrer se estende a vista
de espaços luminosos, intocáveis:
em mim o que resiste são teus poros.
E sou meu próprio frio que me fecho
Corto o frio da folha. Sou teu frio.
E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria ?
E já não sei se é jogo, ou se poesia.
Menino chorando na noite
Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
E no entanto se ouve até o rumo da gota de remédio caindo na colher.
Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora, em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.
Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontenção de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...
(...) e aí estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que não passa do somatório de objectos vazios. Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.
Como é que havias de subir até aí, quando te desprendes disso com tanta facilidade?
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