Luz e Sombra
A Luz só se revela quando a escuridão é atravessada. Quem foge da sombra nunca verá a plenitude da Luz.
Amor
Amar é ver sem querer mudar,
acolher luz e sombra em paz,
entender que o tempo é mar.
É estar perto sem sufocar,
dar asas sem medo do voo,
no silêncio também cuidar.
Ser porto em dia de ventania,
compreender antes de julgar,
amar é ser lar, não prisão.
SimoneCruvinel
A dor da indiferença é como uma sombra que obscurece a luz das lembranças compartilhadas. A conexão que parecia profunda agora se revela como um intrincado jogo de palavras, onde as promessas foram tecidas com fios frágeis. Às vezes, a presença desejada é apenas uma ânsia de fechar um capítulo que permanece aberto, e o abraço final se torna um ato simbólico para selar a despedida.
Neste profundo abismo do sentir,
Onde a luz e a sombra podem se unir.
Amar é...
dançar entre risos e lágrimas.
É vida pulsando também em tramas trágicas.
I. Entre a luz que revela e a sombra que protege
Nem toda luz é revelação. Há claridades tão intensas que cegam. Desnudam o que ainda não está pronto, queimam o que germinava em silêncio. E há sombras que não escondem, apenas resguardam. Guardam o que é semente, não o que é ruína.
Vivemos entre clarões e penumbras, mas o medo nos ensinou a preferir a luz mesmo quando ela fere. Aprendemos a temer a escuridão como se fosse sempre ameaça, mas esquecemos que nela repousa o mistério, e é no mistério que a alma respira. A noite, quando acolhe, não sufoca. Ela sussurra verdades que o dia, apressado, ignora.
A luz exterior muitas vezes ofusca a centelha interior. E a escuridão, por vezes, é o caminho necessário para reencontrá-la. Há silêncios que só se escutam no escuro. Há encontros que só acontecem longe da luz pública, no íntimo do não dito, do não visto, do que permanece em suspensão.
A sabedoria não mora na claridade constante, mas na dança entre os polos. Saber acender a própria luz sem negar a sombra é o princípio da lucidez. Reconciliar-se com o escuro é devolver à alma sua capacidade de habitar o tempo sem medo do invisível.
“A vida, em sua sabedoria oculta, alterna luz e sombra mesmo nos dias mais comuns. Aos que têm olhos de ver, cada surpresa é lição e cada dor, uma ponte para o despertar.”
"Assim como só existe sombra se houver Luz, nós só existimos se projetados pela Luz de Cristo, pois nossa Luz é Jesus."
Enquanto isso,
O motorneiro vai tocando o bonde
Espetáculo de sombra e luz
Que num instante desaba
Nunca mais tentei parar o tempo
Depois que ele se foi
A impressão que dá é que ele acaba
Em todo lugar onde há começo
A vida é que corre ao avesso
E ninguém vê
Se esquece que o Sol se põe
No momento em que nasce
Desse modo é que tudo se dá
Só não dá pra mudar nada
Mas eu teimo em transformar
Poesia em sonho
Pra não ter que dizer adeus
Confesso o pecado alheio
Coisa estranha
Os sonhos não eram seus
E aos poucos se foram
Deixando ficar
Sem altos, sem baixos
Nem perdas e ganhos
Enquanto isso
Um violeiro louco vai tocando no deserto
O sonho parece mais perto
Que o lugar bonito que vejo, quando acordado
Passo a noite pensando e quase rio
Quase rio, quase todo dia
Quase dia, quase poesia
Enquanto isso
O timoneiro vai tocando o barco
A vista alcança o invisível
E durante o caminho
A vontade de aço fraqueja
A gente erra
E os sonhos parecem naufragar
Em um Mar tão distante daqui
Nada mais que o pó da estrada
Dá um nó na garganta
Só de pensar
Na pena de não sonhar
Pois hoje é dia de semana
Te aparta de mim
Eu sou um cara por demais comum
Enquanto isso
O coração que vai tocando a prece.
Edson Ricardo Paiva.
Antes que escureça
Faça sombra à luz do Sol
Os escombros do coração
Destoam daquela coisa
Pura e boa
Que a gente queria
Ainda outro dia desses
Linda como coisa à toa
Voa lá distante agora
Mas dá tempo de vê-la ainda
Antes que escureça
Pois toda escuridão tem começo
E singular é a vida
Isolada, uma ilha
Perdida, perto do nada
Até que, então, se perceba
Ou não
Que as coisas simples
Não podem ser divididas
Devido à própria simplicidade
Que as torna complexas
Mas podem sempre
Ser compartilhadas
Quando entardece
Às sextas-feiras
Primeiro
E antes de tudo isso
Esqueça o preço da vida
Pois a vida é graça
E dá tempo de vê-la ainda
Qual lembrança
de alguma linda canção
Que o coração cantava em silêncio
Um lenço branco acenando
Igual despedida
Um adeus lá no horizonte
Hoje, fatalmente
A vista cansa
Ao final do dia
Antes que o dia escureça.
Edson Ricardo Paiva
A meia luz
Sua sombra em silhueta
Seu perfil em perfeito alinho
Curvas e caminhos
Mostram rotas no ninho
Uma Ninfa na cama
Loucura deŕrama
A moça, a dama e o vinho
Me descompassam e enebriam
Uma brinca e sorri
A outra invade e dilacera
A taça vermelha em chamas
Incendeia desejo no beijo
E euforia no encanto
Aos sintomas desse veneno
Queria estar imune
A meia luz confunde
O desejo, o pecado e seus braços.
O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.
“Se até a sombra nos deixa quando escurece, por que haveria de ser diferente com as pessoas? Apesar da escuridão, sempre haverá um ser iluminado disposto a nos oferecer em centelha de luz.”
Conforme observou Jung, a Sombra nos é necessária porque não podemos ser tudo aquilo que, em princípio, poderíamos vir a ser. Precisamos escolher quais aspectos em nós mesmos vamos expressar no mundo. Todavia, se enganarmos a nós mesmos, transmitindo a falsa impressão de que somos só doçura e luz, então a nossa irada e rancorosa Sombra vai manifestar-se em outra parte – nas outras pessoas, em nossa visão do mundo, em nosso corpo e em nossos sonhos (talvez como uma figura sombria e escura, ou através de uma personalidade inteiramente desagradável). A nossa Sombra vai rapidamente nos provocar: "Olhe para mim! Estou aqui!" e podemos ou fingir que ela está "lá fora" ou fazer um sério exame em nós mesmos.
Se expusermos as Sombras à luz, elas desaparecerão como que por magia. Contudo, a maioria de nós tem medo ou, simplesmente, vergonha do nosso lado Sombra; assim, ele permanece escuro e, à medida que aumentamos a intensidade de luz que incide sobre nosso eu consciente, a sombra se aprofunda.
Isso não significa que devamos dar vazão ao lado "escuro" da nossa natureza. Tudo que precisamos fazer é reconhecer nosso eu Sombra, para que não mais precisemos projetá-lo sobre o mundo exterior. Enquanto nos enganarmos com a ideia de que nem sequer poderíamos imaginar-nos desejando a morte de alguém, por exemplo, aqueles impulsos assassinos serão substituídos por outros, como um espelho da nossa Sombra. Não basta dizer as palavras "Acho que eu poderia matar alguém"; precisamos tê-las dentro do coração. Somente quando possuímos a nossa Sombra é que nos tornamos inteiros. ("CRESCENDO E EVOLUINDO COM ALEGRIA", de Gill Edwards)
