Luto Morte
A Eternidade é a carruagem do tempo, ensandecida em sua interminável viagem pelo infinito. Ela é o oceano sem limites, sobro o qual passam as frágeis frotas dos tempos, das idades e das eras em sua inútil e ridícula jornada rumo ao nada. Diante da Eternidade, um ano, um século, um milênio, mil milênios, um trilhão de milênios, não chegam a representar nem sequer um mero segundo. Em face da Eternidade os heróis desaparecem, as pedras viram pó, as estrelas perdem seu resplendor, e os deuses, consumidos pelo tédio de contemplar inertes o repetitivo devanear de galáxias moribundas, clamam pela morte...
Engana-se quem pensa que nascemos uma única vez. Todos os dias temos a difícil tarefa de dar vida a uma parte nossa que o tempo matou.
Tão distante, parece o fim
A marca perpétua e árdua da vida
Deixou de lado toda alegria e emoção
Machucou infinitamente a superfície
Depois cravou o fogo sobre o sangue
A dor da chama quente ardente
Muito maior que a perda da própria vida
Não pode ser mais curada
Todas as feridas permanecem abertas
E somente a morte pode salvar da dor
Quando a gente morre, acabou
Você deixa saudades por um tempo
Mas então, o tempo passa
As pessoas que mais se comoveram morrem
As que não se comoveram tanto, esquecem
E você já não mais é uma lembrança
[...]
Prenda-me,
em teu silêncio
e verei ricamente,
teus esplendores
*
Prenda-me,
Em tua coragem
Porque parte de mim
Não sabe lidar com a dor .
As vezes sinto dores que não sei identificar. É como se cimitarras cortassem-me de dentro pra fora. Parece-me que nessa hora, atinjo o ápice do sofrimento existencial! E então preciso me agarrar a todos os instintos primordiais de conservação para continuar sobrevivendo! Quem me matará será o tempo. Há de ser ele! Ninguém mais possuirá esse prazer!
Eu diria que esta cidade está morrendo, e que minha entrada no festival é a última chance de sobrevivermos como cidade.
MÁGICA
Amo por tudo o que fizestes
Amo por tudo que passamos juntos.
Uma colcha de retalhos,
A cada dia se costurava um,
Ela crescia bela e aconchegante,
Eram retalhos e mais retalhos,
A cada retalho era um dia,
A colcha crescia como o caminhar da vida...
Hoje me cubro com ela,
Aquece os dias frios,
Acalenta a dor que deixou,
Os tecidos de retratos,
Enfeitam minha cama,
São lembranças eternas.
Só porque foi, e voou para longe,
Sei que também vês nossa colcha,
Porque a morte é mágica,
Em todas as suas fotos sorri,
Por que estás simplesmente encantado!
A estrela e a nuvem
Esperança vem até mim
Tímida, porém sorridente.
Me fazendo crer que é possível
Erguer me, saltar à luz ardente
Curar as chagas, acalmar a febre
Podendo viver entre as armadilhas
Desse mundo vil,
Entro agora num momento raro
Pacífico, equilibrado, concentrado
Feito a luz das últimas horas da vela
De um candelabro
Ainda é fraca mas dá a satisfação
De enxergar timidamente o cenário
E permitir viver, talvez uma ilusão?
Mesmo que caia e tropece
Na penumbra
Na angústia que hora ou outra
Sei que virá
Preciso lembrar que a chama da esperança não desaparecerá
Ela apaga e acende em ritmos incertos, como quando as estrelas do firmamento assim o fazem
Quando as nuvens lhe cobrem seus brilhos dispersos.
Não deixarão de existir por isso
Sua luz retornará , não é uma esperança
Mas a certeza que esse ciclo
Continuará
Basta saber que a esperança é a estrela
A angústia é a nuvem
sombra e a luz se revezando..
Esteja pronto para ambos!
Sim, eu clamo a ti para que a luz seja permanente
Permanece! Imploro! Fica!
Por favor? O que eu preciso fazer pra você ficar para sempre?
Mas....
No canto da mente
Já sinto a sombra esfregando as mãos , sorridente
Esperando sua chance
para retornar a me colocar sobre seu julgo impiedoso.
Nuvem saia!! Deixa a luz das estrelas passarem!
Não me consuma!
Não me domine.
A nuvem vai e vem, mas a estrela sempre estará lá!
Pense nas estrelas!
As estrelas!
As estrelas!
Me envolva sarça ardente! Me envolva!
Quero deitar e dormir na luz!!
Escutando um vento distante
Sobre a manta uma brisa leve
Som no fundo dos pássaros
Pela janela vejo
O limoeiro balançando devagar
As nuvens passam atrás dela
quase imperceptíveis
Os olhos vão pesando
Adormeço.
Quando acordo atras dos galhos do limoeiro
Não tem mais nuvem
Entre a forquilha
A luz das estrelas!
Sinal de esperança?
Esteja vivo!
Esteja vivo!
Sobreviva!
Ah! Fique vivo!
Sim! Me consuma esperança
Força de viver!
Me consuma!
Me consuma
ME DEIXE VIVO!
ÚLTIMA VEZ (soneto)
Tal dia, marcado, será derradeiro
Sem eco, sem contenda, e paz
Tão segredado, de saber ineficaz
Que bom é se manter cavalheiro
E neste exato momento, fugaz
Que o é, no silêncio de mosteiro
Apagarás da vivência tal letreiro
E o já, egresso, não suspeitarás
Um dia, o gesto será só roteiro
Instantes do palco, por detrás
E na pena a tinta sem o tinteiro
Última vez, suspirada cor lilás
Desfeito e desnudado useiro
Nada mais terá regresso, jaz!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Os seres humanos não morrem nunca; suas almas migram para um outro lugar, assim como as andorinhas fazem quando sentem a chegada do verão.
Por que nas latas de cerveja não tem fotos de tragédias fatais, de famílias destruídas, de mães em prantos e de gente falsa rindo?
De tudo se morre, viver é um risco absoluto! Cada decisão, pode provocar uma avalanche, levar um escorregão, de indecisão também morre ao atravessar um sinal por exemplo, será que dá tempo... Se ficar parado, não fizer nada, também uma bala perdida lhe alcança, um vento, um tombo de mal jeito, a cabeça encontrando o chão, morresse por não se movimentar. Levanta-se murro, cercas eletrificadas, pra se proteger, como se fosse só isso, vivessem invadindo casas, fôssemos algum Silvio Santos, pra sequestrar. São inúmeras possibilidades. Então vamos aproveitar... Na volta da festa acontece algo, o carro bate, ou uma inocente taça lhe corta a jugular num encontrão inocente, assim não vale, estávamos tentando aproveitar. Então é bom nem falar... Como evitando de falar não acontecesse essa sucessão de eventos sinistros e trágicos. Acho que a vida é mais uma aposta, e nos os jogadores e o homem nasceu pra ser eterno, mais vida tiver, mais vida quererá, não importando as condições em que viva, enquanto houver vida há esperança. Ou como diria o poeta: "Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." - Fernando Pessoa.
Sermos pequenos em um Universo tão vasto não nos faz insignificantes, mas raros e valiosos. Somos uma amostra inexplicável de vida, guardada em um pequeno grão de areia, entre tantos outros grãos de areia, num infinito desconhecido.
Razões pra não desejar a vida e coragem pra não querer morrer; eis a definição do sofrimento que dilacera a existência humana.
Todos morrerão um dia, isso é um fato real. O que importa é o que estamos fazendo, nesse período, entre a vida e a morte. Estamos construindo ou destruindo.
Não existe anestesia sem dor, ela é o ponto máximo daquilo que te fere, e o limite da anestesia é a permanente falha de sinais vitais, é o fim de tudo.
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