Luis Fernando Verissimo poemas Sonhos
ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
O que te desejo:
O brilho de uma estrela, para te iluminar por toda sua vida.
Um pedacinho do sol para aquecer seu coração
O colorido do arco-íris para que não exista nenhum momento preto e branco.
Uma nuvenzinha para você descansar nela.
Anjinhos todas as noites para te proteger.
Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.
A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.
"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.
"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.
Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.
Fernando Pessoa, 13-1-1920.
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Névoa
A névoa envolve a montanha,
Húmido, um frio desceu.
O que é esta mágoa estranha
Que o coração me prendeu?
Parece ser a tristeza
De alguém de quem sou ator,
Com fantasiada viveza
Tornada já minha dor.
Mas, não sei porquê, me dói
Qual se fora eu a ilusão;
E ha névoa em tudo o que foi
E frio em meu coração.
Não tenho medo de morte, tenho medo é de morrer sem ter realizado os meus sonhos e objetivos, sem ter sido o motivo da felicidade de alguém.
Quero poder chegar um dia e olhar para traz e dizer, fiz tudo que tinha que fazer, sou feliz por isso :) !
Deus mandou que não nos julguemos uns aos outros, porque todos somos cegos e ignorantes quanto ao que vai no coração.
São poucos os políticos que sabem fazer política. Mas, quando um intelectual tenta entrar nesse meio, então é o fim do mundo.
A diferença do sucesso ou não sucesso está dentro da gente. Está na forma como nós pensamos, na forma como nós agimos.
Não há coisas de que mais te devas recordar do que daquelas em que hajas errado, para nas mesmas não tornares a errar.
A glória de Deus é tamanha, que não pode deixar de perder-se quem se atreve a investigar-lhe a majestade.
(...) Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Nota: Trecho adaptado de soneto de Luís de Camões.
Eu te esqueci no dia que ao pisar num dos cacos do meu coração partido feri meus pés e ao vê-los sangrando decidi que não queria mais sofrer por você.
Deslembrei de ti quando conheci outra pessoa que não me magoava como você me magoou. Que não faria o que você me fez, que me respeita e me queria bem. Ainda que você também me quisesse bem eu sei, mesmo sabendo que você me amava, sim, mais de uma maneira que não era o jeito que eu esperava que você me amasse.
Deixei você sair da memória do meu coração quando cansei de lutar, quando percebi que você não seria o meu futuro e sim apenas o meu passado. Eu te amei, muito, mas você abusou de mim, abusou da minha paciência. Abusou do meu amor mais puro.
Rasgo o verbo assim que é para que você saiba que já não me lembro mais de você, isso que você lê são apenas ecos de sentimentos que povoam meu inconsciente, eu não penso mais em você, mas uma parte de mim ainda se lembra, vagamente. A fila andou e meu orgulho foi sempre algo que me protegeu das dores do mundo.
Como alguém disse um dia “O vento apaga as velas, mas atiça as fogueiras.”
Você é essa vela apagada. Há certas pessoas na vida da gente que vem para nos ensinar através da dor. Você foi mais uma delas. Amanhã você será apenas uma lembrança nos meus olhares distantes e perdidos quando eles estiverem percorrendo as estradas do passado, mas apenas por alguns momentos, porque já estarei aconchegada nos braços de outro e voltarei sã e salva ao meu presente.
Aprendi a viver sem você, melhor, aprendi a viver por outra pessoa. Saiba que é apenas uma lembrança mesmo e que dia após dia está se tornando mais apagada e apagada.
Foi assim que me esqueci de você, espero que você também já tenha se esquecido de mim. O martírio talvez seja pra ti a melhor forma de me esquecer. Pague o preço.
Verdadeiro valor não dão à gente;
Essas honras vãs, esse ouro puro
melhor é merecê-los sem os ter
que possuí-los sem os merecer.
E sou já do que fui tão diferente
Que, quando por meu nome alguém me chama,
Pasmo, quando conheço
Que ainda comigo mesmo me pareço.
APEGO
Amar-te é um tempo de ódio
Odiar-te é meu profundo amor
Estar nos teus braços é uma vitória rara
Afastar de você é ir de encontro ao fim,
Enterrei-me nos teus pequenos olhos
Infiltrei-me no teu sorriso
Corri para quem me abraçar
Menti para vontade do sofrer,
Cansaço, vazio e exploração!
Porcaria de vida, rica destruição;
Índios inventando nome de gente
Gente que jamais chegou a ser índio.
O melhor Mestre não é o que dá as melhores respostas, mas o que faz as melhores perguntas.
Le GraAll (1978)
Para uma garota
Quem fala, perde a língua.
Quem perde a língua, perde sua verdade.
Coitado do guri , enterrado com seus pés vivo
Fazeres um arem em demasia
Acabe logo com seu suco de veneno
A noite gira tanto e tudo parecem não ter fim
E quando te dei o céu das minhas palavras
O chicote do homem branco sorriu como a um escravo
Ta doendo tanto e já nem sei em qual estação estou,
Vou matar este soldado de minha alma militar
Aproveitando que estou sangrando de ilusão
Sangrando a carne talvez cure o coração.
Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas. O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!
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