Lobo
O SABOR DA VIDA
O sabor da sua dor nega-lhe o sabor do seu sangue
Mágoa das suas lágrimas, do seu sentido suspirar
A morte chamou no encontro com o céu e o inferno
No despertar de um sonho infernal incapaz de sentir
A dor que o atormenta pobre infeliz ou não, quem sabe
O que o espera, no dia que se encontrar com a morte
Tenta levantar-se com a dor que sente, a sua boca está
Seca como o pó do deserto, em poucos minutos sente
O peito a dilacerar jorrando sangue de todos os pecados
Cometidos mal se põe de pé, não sabe onde está ou onde
Se encontra perdeu o norte, o rumo sente calor é incapaz
De superar a dor, sentida na sua alma, alma que há muito
Tempo alguém a cobiça, quer falar mas não consegue
A garganta está seca, sabe a fel, tenta gritar, gritar mas
Não consegue sente agonia, dor na sua débil mente
Recorda com muita saudade todos os momentos vividos
Lembranças boas e más de tantas pessoas que passaram na
Sua longa vida, pessoas que lhe deixaram alguma saudade
As outras ele amou não como gostaria de ter amado pensa
Ele se fosse hoje seria diferente, pensa com a sua débil mente
Os beijos que ficaram por dar a quem ele tanto amou e ama
Os abraços que ficaram perdidos e tantas vezes esquecidos
Grita por dentro de amor com a vontade de amar, amar
De voltar a sarar as feridas no corpo mas sente que a morte
Não o quer deixar voltar à vida, pede perdão pelos suas falhas
Que são muitas ele sabe tem consciência disso, ele sabe que a
Morte está presente, que lhe nega o sabor do sangue e da vida.
JÁ MEU
Esqueci-me de respirar
Nas setas, nos espinhos
Dardo sangrento de morte
Assassino da minha alma
Dos meus pensamentos
Feridas que eu não nego
Das nossas conversas sutis
Vejo a carne morta da vida
Como ignorar a dor que sinto
Quando só os meus braços
Te pedem amor, carinho
Cego véu que rasga de preto
Os fios de sedas entrelaçados
Come os meus delírios
Como saborosas carícias
No meu corpo, cantam as almas
Para conquistar, apaixonar-me
Tornar a vida num doce passeio
Doce inocente homem que já é meu.
Só meu...Já meu.
❤ (▾◡▾)
HÁ VENENO - I
Os meus silêncios
Eles olham para mim
Das janelas do quarto
Vejo refletido a dor
Da angústia sentida
Bebo do copo a água
Envenenada de amor
Lá fora a erva cresce
Lentamente na terra
Amarga chora na folha
Das árvores do vento
Imploram misericórdia
Enquanto as paisagens
Serenas da espinhosa
Morte ficam à espreita
Do sol, da lua, da vida
INVERNO MEU
O sol de inverno
Num salto infinito
Sobre a dorsal dor
Mistério que sopra
Para o desconhecido
Com sede de amar
Chove-me na alma
Talha-me o orgulho
Rendo-me à tristeza
Navego com o vento
Neste meu sol de inverno.
MISCELÂNEA
No meu próprio delírio
Labirinto da minha mente
Numa miscelânea perfeita
Desfruto de tudo que vejo
Mas a agonia que a habita
Neste coração em desalento
Sem rumo afasto-me da vida
É um remoinho em silêncio
Extermina engole o meu sol
Pedra fria num grito silencioso
Ausência sem presença, saída
Calo-me no silêncio que só meu
Longo inverno desencantado
De amarga chuva de sentidos
Uma lágrima persiste na face
Fixo-me numa oração e rezo.
ENCONTRO
Invólucro veloz
Insaciável solidão
Insondável rastro
Carente perfumado
Segredado momento
Distancia-se tardio
Ornamento noturno
Esquecida noitada
Perdida escuridão
Calçada Portuguesa
Esperançosa saudade
Apaixonado sentimento
Ecoado pensamento
Intimista paixão
Amor tão desejado.
TALVEZ
Hoje, estranhamente
Não sei o que escrever
Talvez escreva algo
De dor, talvez de amor
Ou de nada em concreto
Talvez algo já conhecido
Como os versos em cor
Das muitas letras sem dor
Nas palavras de amor
De um sono já acordado
Que repousa num poema
Num verso, numa prosa
Numa saudade ou não.
MATARAM A COTOVIA
Já mataram a cotovia
Porquê? Pergunto eu
Queria ter voado com ela
Livremente pelo céu azul
Sobre o meu amado mar
Sobre as altas montanhas
Poisar nas fragas geladas
Das nossas serras, dos montes
Que saudades me deixaste?
Ó minha querida cotovia
Em que solidão me deixas-te
Fiquei com os dias tristes
Como as fragas frias das serras
Nevoeiro da imagem que eclode
Na mente, quando de noite cobre o sol
Num véu espesso, que cobre a dor
Ela torna-se cada vez mais intensa?
Persigo os sulcos da saudade
Ó minha doce pequena cotovia.
TU ÉS MEU
Tu és o homem que eu quero
Não temos não existe segredos
Acredita nunca me senti assim
Dás-me alegria, amor e paixão
Entre o céu, a lua, as estrelas
Gosto sentir o teu forte corpo
Nos carinhosos abraços que tu
Me dás, sinto todo o teu amor
Amo beijar-te deixando-te louco
Gosto de saborear-te lentamente
De loucuras que assolam a mente
Nos teus gemidos de tanto prazer
E por segundos sinto-te a escorregar
Pelo meu corpo de ternas sensações
Posso saborear-te a qualquer hora
Sem hora marcada de dia, de noite
Tu és só meu, eu sei tenho a certeza
Dás-me amor quando me sinto só
O meu ser procura-te delirantemente
Nas frias noites de inverno, nos dias
Quentes de verão, tardes de primavera
Não vivo sem ti, tu és o meu homem.
Amor
O meu ser procura-te delirantemente
Nas frias noites de inverno, nos dias
Quentes de verão, nas tardes de primavera
Sem ti não vivo, mas isso tu já sabes.
Meu lado leste vazio e transbordando,
Guardarei o tempo que gastaria tentando te explicar o que estou sentindo,
Eu não posso ser apenas um grupo de palavras,
Me sinto tão complexa,
Cheias de experiências,
Sou um lobo fugindo da matilha.
CALÇADA
Aqui estou, aqui me vejo
Num túnel mal iluminado
Esquecida ou encontrada
No meio de tudo, de nada
O corpo flutua e já dorme
Numa vida tão mal contada
Balançando no inexpressivo
Num velho, perdido combate
Sou a bússola na imensidão
Do meu próprio pensamento
Onde os ponteiros do relógio
Não encontram já o caminho
Ao longe o olhar não avista
Num passado num presente
Onde a mente pisa os seixos
Calça já as pedras da calçada.
SOMBRA
Perdida esquecida, sem oxigénio
Num ergástulo escuro, sem dor
Pequena letra, palavra escondida
Insensata atmosfera, talvez hipócrita
De verdades que são muitas vezes
Falsas promessas, ânsia de liberdade
Coabita na contemplação da morte
Apenas pede a Deus a misericórdia
Que a sua alma anseia há tanto tempo
Um premio que ele acha que merece
Cobre o seu frágil corpo, com um velho
Manto preto já roto, ergástulo eterno.
NOITE DE INVERNO
Noite de inverno, no
Chamamento do frio
O teu corpo pediu
Uma esmola ao meu
Num sopro do tempo
Entre as folhas caídas
Lá fora no chão, tapadas
Com a neve a derreter no chão.
Cuidado com os falsos profetas que se apresentam a vocês disfarçados de ovelhas e que na verdade não passam de lobos roubadores . Pelos seus frutos vocês poderão reconhecê-los. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
Mt 7, 15-16
Anda traz-me cerejas que eu ofereço-te o mar
Anda pousa no meu silêncio, deixando-me o teu
Anda, acorda-me da dor, para acordar em ti
Anda dá-me a tua mão, nem que seja em sonho
Anda traz-me cerejas, o mar já espera por nós.
VIDA
Sou talvez o meu próprio engodo
Um pedaço de carne que desprezo
E por dentro engulo cada gota
De veneno que a vida me dá.
POEMAS CATIVOS DE ALECRIM E LAVANDA
O tempo do tempo é consumido como ar
Na rotina do seu amargo arrependimento
No arrasto do vento, no tempo da luz
Pragmática de um beijo, morre sem nada dizer
De uma história, sem prosa, sem verso
Num único versículo, entre o perfume das rosas
Talvez o silêncio esconda, poemas sofridos de amores
Sem sentido das palavras que alguém roubou
Sem reconhecer o culpado no próprio esquecimento
Perderam a fé na abandonada mente, no condenado corpo
Telhados de inverno cheios de quimera de um amor proibido
Morto no esquecimento de uma alma, esquecida dando dor a tristeza
Nas horas, nos minutos, de sussurros cativos da solidão
Que existe uma prosa lírica em cada sílaba em cada palavra
Liga ao coração como uma oração de esperança
De louvor ao amor num aroma fresco de alecrim e lavanda
ENCONTREI O SABOR
Nos teus olhos encontrei o amor
No frango com castanhas
Encontrei o sabor dos teus lábios
No lombo com abacaxi
Encontrei no teu corpo o calor
No borrego no forno
Encontrei tudo que nos completou
No pão recheado de presunto
Encontrei os teus abraços
No polvo assado no forno
Encontrei o teu sorriso
Nas sardinhas à tanoeiro
Encontrei-me a viajar na tua mente
Nos rolinhos de couve com gengibre
Encontrei a suavidade da paixão
No entrecosto assado no forno
Encontrei a intensidade do teu amor
No bacalhau com natas e queijo
Encontrei a entrega do teu coração
Na perna de peru no tacho com couve-flor
Encontrei a lucidez do teu amor
Amo-te na sopa à lavrador
