Lobo
PELO MAR ADENTRO
Entro pelo mar adentro com aqueles
Que morrem num abismo agarrados a
Um último sonho dirigido na escuridão
De um comboio que passa numa velha
Ponte que ilumina a escuridão das noites
Escura que é impossível perder o caminho
Lâmpada no mar adentro sombrio de viver
Aprisionados numa clareira que nos ilumina
Há nossa volta um abismo certo e atingível
Tão incerto ilusório que mantém muito longe
O pensamento das memórias não realizadas
Sentimento amarrado, sentimento esquecido
Dos pensamentos cinzentos dormem na mente
Já vi demais, mas não vi tudo o que gostaria
Caminhei, mas não tão longe quanto eu queria
Pelo mar adentro dos que já partiram de viagem.
AMO LER-TE
Quero ler-te como tu me lês
Nestas páginas que escrevo
Deleita-me no teu belo corpo
Leio-te nos sonhos que tens
Leio-te no caminho que faço em ti
Leio-te nos teus vazios segredos
Leio-te nas tuas profundas dores
Leio-te nas tuas lágrimas contidas
Leio-te na desilusão do teu coração
Leio-te nas asas do meu corpo em ti
Leio-te sedento de paixão por mim
Como gosto de ler-te, como tu me lês
Ler-te é amar-te mais, mais sem fim.
POR MIL
O céu deve saber
Eu acho que sabe
Sabe que eu te amo
Por mil, mil noites
De tanto tremor
De morrer entre a lua
Tenho-te meu amor
És todo meu eu sei
É por tua causa que
Os anjos me cantam
O teu doce suspiro
Eu morro de doçura
No teu forte abraço
Como eu te amo
Na absoluta serenidade
No céu dourado
Os anjos em segredo
Dançam sobre
Os nossos corpos
De tão glorioso amor
Por mil meu amor.
ANJO
Onde estás tu, meu anjo?
Procuro-te sem cessar
A minha alma angustiada só pensa em ti
O meu pensamento circula de dor
Sei que Deus te levou, mas porquê?
É só silêncio meu anjo, meu filho. ❤
O SABOR DA VIDA
O sabor da sua dor nega-lhe o sabor do seu sangue
Mágoa das suas lágrimas, do seu sentido suspirar
A morte chamou no encontro com o céu e o inferno
No despertar de um sonho infernal incapaz de sentir
A dor que o atormenta pobre infeliz ou não, quem sabe
O que o espera, no dia que se encontrar com a morte
Tenta levantar-se com a dor que sente, a sua boca está
Seca como o pó do deserto, em poucos minutos sente
O peito a dilacerar jorrando sangue de todos os pecados
Cometidos mal se põe de pé, não sabe onde está ou onde
Se encontra perdeu o norte, o rumo sente calor é incapaz
De superar a dor, sentida na sua alma, alma que há muito
Tempo alguém a cobiça, quer falar mas não consegue
A garganta está seca, sabe a fel, tenta gritar, gritar mas
Não consegue sente agonia, dor na sua débil mente
Recorda com muita saudade todos os momentos vividos
Lembranças boas e más de tantas pessoas que passaram na
Sua longa vida, pessoas que lhe deixaram alguma saudade
As outras ele amou não como gostaria de ter amado pensa
Ele se fosse hoje seria diferente, pensa com a sua débil mente
Os beijos que ficaram por dar a quem ele tanto amou e ama
Os abraços que ficaram perdidos e tantas vezes esquecidos
Grita por dentro de amor com a vontade de amar, amar
De voltar a sarar as feridas no corpo mas sente que a morte
Não o quer deixar voltar à vida, pede perdão pelos suas falhas
Que são muitas ele sabe tem consciência disso, ele sabe que a
Morte está presente, que lhe nega o sabor do sangue e da vida.
JÁ MEU
Esqueci-me de respirar
Nas setas, nos espinhos
Dardo sangrento de morte
Assassino da minha alma
Dos meus pensamentos
Feridas que eu não nego
Das nossas conversas sutis
Vejo a carne morta da vida
Como ignorar a dor que sinto
Quando só os meus braços
Te pedem amor, carinho
Cego véu que rasga de preto
Os fios de sedas entrelaçados
Come os meus delírios
Como saborosas carícias
No meu corpo, cantam as almas
Para conquistar, apaixonar-me
Tornar a vida num doce passeio
Doce inocente homem que já é meu.
Só meu...Já meu.
❤ (▾◡▾)
HÁ VENENO - I
Os meus silêncios
Eles olham para mim
Das janelas do quarto
Vejo refletido a dor
Da angústia sentida
Bebo do copo a água
Envenenada de amor
Lá fora a erva cresce
Lentamente na terra
Amarga chora na folha
Das árvores do vento
Imploram misericórdia
Enquanto as paisagens
Serenas da espinhosa
Morte ficam à espreita
Do sol, da lua, da vida
INVERNO MEU
O sol de inverno
Num salto infinito
Sobre a dorsal dor
Mistério que sopra
Para o desconhecido
Com sede de amar
Chove-me na alma
Talha-me o orgulho
Rendo-me à tristeza
Navego com o vento
Neste meu sol de inverno.
MISCELÂNEA
No meu próprio delírio
Labirinto da minha mente
Numa miscelânea perfeita
Desfruto de tudo que vejo
Mas a agonia que a habita
Neste coração em desalento
Sem rumo afasto-me da vida
É um remoinho em silêncio
Extermina engole o meu sol
Pedra fria num grito silencioso
Ausência sem presença, saída
Calo-me no silêncio que só meu
Longo inverno desencantado
De amarga chuva de sentidos
Uma lágrima persiste na face
Fixo-me numa oração e rezo.
ENCONTRO
Invólucro veloz
Insaciável solidão
Insondável rastro
Carente perfumado
Segredado momento
Distancia-se tardio
Ornamento noturno
Esquecida noitada
Perdida escuridão
Calçada Portuguesa
Esperançosa saudade
Apaixonado sentimento
Ecoado pensamento
Intimista paixão
Amor tão desejado.
TALVEZ
Hoje, estranhamente
Não sei o que escrever
Talvez escreva algo
De dor, talvez de amor
Ou de nada em concreto
Talvez algo já conhecido
Como os versos em cor
Das muitas letras sem dor
Nas palavras de amor
De um sono já acordado
Que repousa num poema
Num verso, numa prosa
Numa saudade ou não.
MATARAM A COTOVIA
Já mataram a cotovia
Porquê? Pergunto eu
Queria ter voado com ela
Livremente pelo céu azul
Sobre o meu amado mar
Sobre as altas montanhas
Poisar nas fragas geladas
Das nossas serras, dos montes
Que saudades me deixaste?
Ó minha querida cotovia
Em que solidão me deixas-te
Fiquei com os dias tristes
Como as fragas frias das serras
Nevoeiro da imagem que eclode
Na mente, quando de noite cobre o sol
Num véu espesso, que cobre a dor
Ela torna-se cada vez mais intensa?
Persigo os sulcos da saudade
Ó minha doce pequena cotovia.
TU ÉS MEU
Tu és o homem que eu quero
Não temos não existe segredos
Acredita nunca me senti assim
Dás-me alegria, amor e paixão
Entre o céu, a lua, as estrelas
Gosto sentir o teu forte corpo
Nos carinhosos abraços que tu
Me dás, sinto todo o teu amor
Amo beijar-te deixando-te louco
Gosto de saborear-te lentamente
De loucuras que assolam a mente
Nos teus gemidos de tanto prazer
E por segundos sinto-te a escorregar
Pelo meu corpo de ternas sensações
Posso saborear-te a qualquer hora
Sem hora marcada de dia, de noite
Tu és só meu, eu sei tenho a certeza
Dás-me amor quando me sinto só
O meu ser procura-te delirantemente
Nas frias noites de inverno, nos dias
Quentes de verão, tardes de primavera
Não vivo sem ti, tu és o meu homem.
Amor
O meu ser procura-te delirantemente
Nas frias noites de inverno, nos dias
Quentes de verão, nas tardes de primavera
Sem ti não vivo, mas isso tu já sabes.
Meu lado leste vazio e transbordando,
Guardarei o tempo que gastaria tentando te explicar o que estou sentindo,
Eu não posso ser apenas um grupo de palavras,
Me sinto tão complexa,
Cheias de experiências,
Sou um lobo fugindo da matilha.
CALÇADA
Aqui estou, aqui me vejo
Num túnel mal iluminado
Esquecida ou encontrada
No meio de tudo, de nada
O corpo flutua e já dorme
Numa vida tão mal contada
Balançando no inexpressivo
Num velho, perdido combate
Sou a bússola na imensidão
Do meu próprio pensamento
Onde os ponteiros do relógio
Não encontram já o caminho
Ao longe o olhar não avista
Num passado num presente
Onde a mente pisa os seixos
Calça já as pedras da calçada.
SIM EU SEI
Morro de ti
Por ti, amor
Do insuportável
Que sou sem ti
Morro de amor de ti
Com a urgência
Da minha pele
Que sente de ti
Morro de ti
Por ti, amor
Com a urgência
Do sabor da tua pele
Que sinto em mim.
Morro em mim de ti.
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AMAR SIMPLESMENTE
Amar é respeito é confiança
Amar não é só usufruir do corpo
Não é só dominar como se fosse
Dono do corpo, da alma ou da mente
Amar é respeitar o outro sendo respeitado
Amar é tratar com carinho a pessoa amada
É fazer amor selvagemente dando prazer
A quem amamos, não é saciar só os nossos desejos
Amar é proteger conquistando todos os dias
A pessoa amada, aquela que nos faz palpitar
Amar é fazer a pessoa que tanto amamos
Ser levada às nuvens todas as noites ou dias
Nos gemidos de prazer entre os corpos
É despertar na pessoa amada tudo de bom
Amar é conduzir e deixar ser conduzida
É fazer a pessoa amada sentir-se única
Amar é amar simplesmente deixar-se amar.
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TINTAS E PINCÉIS
Carrega-me nos teus braços
Nesta estrada de fraga vazia
Leva-me a ver o meu amado
Mar, banha-me o corpo com
A tua faminta fome de desejo
Como as ondas do meu mar
Abraçam as pedrinhas, a areia
Deita-me meu amor nos lençóis
Da tua cama, já perfumados de ti
Encaixa o teu forte corpo no meu
Amei-te com as tintas e os pincéis
Amei-te por caminhos sem rumo
Amei-te numa bela poesia colorida
Senti-me tão amada e tão desejada.
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ORIGINAL PINTURA
Escrevo um poema no teu corpo
Sem que fosse uma original pintura
Mas não sou pintor, nem muito menos
Um desenhador, sou alguém que amas
Que tenta escrever um verso no teu corpo
Sem que fosse tatuado, afinal não sou tatuador
Falta-me as tintas de cores ou as agulhas
Mas se eu soubesse ler, tentava ler
O teu corpo na tua bela nudez
Esse dialeto falado dos teus abraços
Ou ainda o alfabeto do calor que exalas
Nas letras soltas escondidas na tua pele
Escritas numa folha qualquer ou não
Dos beijos molhados como cada página
Onde folheio o teu corpo como um livro teu
Com letras minhas agarradas à minha pele
Como é bom ler-te alto nos gemidos do nosso quarto
Ser a mãe de todos os teus filhos pintados no meu peito.
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