Linha Reta e Linha Curva
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Desta vez és uma prosa diferente. Gostaria de falar, que você se deixou apaixonar por alguém que adora escrever. E que, ainda bem, que nós somos ilimitados por dentro. Somos um “vazio’’ cheios de espaços, e cheio de coisas ao mesmo tempo. Não vejo meus limites em escrever poesias sobre você. Na verdade, se tratando de você, é como chegar numa sessão de poesia em uma biblioteca. É só caminhar meus olhos sobre você. E tudo se torna tão fácil, porque, no momento em diante em que eu fito meus olhos nos teus, eles me contam segredos quando tua voz não tem coragem. Teu corpo te desobedece quando sente meu toque. Você pode até ser bem racional, mas meu romance consegue tirar você da pista, como um carro desgovernado que passa a cem quilômetros por hora numa curva fechada. O bom é que após perder todo seu controle, não existe penhasco nenhum, não existe fim, nem se quer um ponto final. Após que você passa direto pela curva, tudo que lhe resta é mergulhar no meu romance exagerado.
Há o tempo de sonhar e de chorar,
e tudo passa logo,sem dó,
há o tempo da semente germinar,
Ah,bendito tempo, tens poder de sermos pó!
Na poeira da estrada que se curva
ao desconhecido que nunca saberemos,
seguimos passos em compasso de espera,
cada um é o pequeno segundoque vivemos
Desse tempo soberano que maltrata,
nada seguramos de fato,
ele vem, d´vida, nos leva e mata,
é o relógio invisível que tememos !
O tempo sempre nosfascina,
porque não o podemos medir,
mas ele nos ensina
e as lições dele temos que seguir !
Enquanto sente pena de si mesmo
O mundo da voltas, tempos se vão
Que não mais podem voltar.
E já que cada curva de tua boca
Já sustentou intensos sorrisos
Faça de ti alguém que colecione sorrisos
E não que colecione lagrimas.
"(...)O vento vem vindo de longe,/a noite se curva de frio;/debaixo da água vai morrendo/meu sonho, dentro de um navio... (...)".
(do poema "canção", do livro 'Obra poética' - Pág 18, - J. Aguilar, 1958.)
Ausência
A tua ausência é maior que o ar
que é maior que o olhar
que descrevo até o fim da curva...
pelo mar afora
e adentro de mim...
A curva de uma mulher é tão perigosa como a Tamburello, com o tempo também se transforma numa chicane.
Balada da travessia
Na curva da noite e meia
acordam os insones
para a balada da travessia.
O som da batida eletrônica faz vibrar as pupilas
que dançam atordoadas com tal barulho.
As pernas também se mexem
seguem desobedientes à revelia do som ambiente.
E à revelia, a noite te comove...
As cortinas se fecham, as luzes se apagam, a noite vence
vem o sono e te envolve com seus tentáculos
você não resiste, nem insiste.
Já sonolento, perde toda a ginga das pernas
e antes que perceba
completa solenemente a travessia.
Já reparou que o sorriso é curvado e lindo?
A vida também é assim, é linda, mas tem curvas, e se a beleza do sorriso está em sua forma curvada, talvez a beleza da vida também esteja em seus caminhos tortos.
Metáforas são importantes. São como a curva na assinatura de um documento, ou como a frase que antecede a morte do vilão de uma história.
Élcio José Martins
A INTERROGAÇÃO DA CURVA
O que tem depois da curva?
Pode ser o monstro que uiva,
Ou o santo que cuida.
É São Cristóvão que ajuda.
A interrogação persiste,
No medo que existe.
Não tem regra nem palpite,
E nem Lei que eu acredite.
O que tem de lá,
Não pode ser o que tem de cá.
De cá é o que conheço,
De lá virá o que mereço.
Rezo a reza, rezo o terço,
Vida longa que eu mereço.
Tempo de ida e recomeço,
Vejo a curva pelo avesso.
Interrogo o tempo,
Interrogo o maestro do tempo.
Perco a hora, perco o tempo,
Faço contas, quero mais tempo.
Curva leve a acentuada,
Com descida e encruzilhada.
Estrada da vida transitada,
Pelo amor e a intolerância malvada.
Pequenos automóveis na estrada,
Cruzam carretas desgovernadas.
Estradas esburacadas,
Ceifam vidas estruturadas.
Vem o medo e some o riso,
Irresponsabilidade sem juízo.
Na placa tem o aviso,
Seu freio é seu paraíso.
Mas na curva da ilusão,
Tem caminho e direção.
Afoga as mágoas da emoção,
Tem o amor que acelera o coração.
O câmbio que muda a idade,
Troca marchas de sonhos e saudades.
Quinta marcha dos Casebres de bondade,
Pede a ré os rincões da falsidade.
Mas tem a curva da fé,
Homens justos ficam de pé.
Foi Maria e foi José na manjedoura de sapé,
Que deu ao universo Jesus de Nazaré.
Élcio José Martins
Um apreciador... Do brilho dos olhares, da curva dos sorrisos, do sabor que tem os lábios e do perfume do corpo de uma mulher. Bem, talvez eu não seja um apreciador... mas um amante dessa obra de arte por completo.
Élcio José Martins
A INTERROGAÇÃO DA CURVA
O que tem depois da curva?
Pode ser o monstro que uiva,
Ou o santo que cuida.
É São Cristóvão que ajuda.
A interrogação persiste,
No medo que existe.
Não tem regra nem palpite,
E nem Lei que eu acredite.
O que tem de lá,
Não pode ser o que tem de cá.
De cá é o que conheço,
De lá virá o que mereço.
Rezo a reza, rezo o terço,
Vida longa que eu mereço.
Tempo de ida e recomeço,
Vejo a curva pelo avesso.
Interrogo o tempo,
Interrogo o maestro do tempo.
Perco a hora, perco o tempo,
Faço contas, quero mais tempo.
Curva leve a acentuada,
Com descida e encruzilhada.
Estrada da vida transitada,
Pelo amor e a intolerância malvada.
Pequenos automóveis na estrada,
Cruzam carretas desgovernadas.
Estradas esburacadas,
Ceifam vidas estruturadas.
Vem o medo e some o riso,
Irresponsabilidade sem juízo.
Na placa tem o aviso,
Seu freio é seu paraíso.
Mas na curva da ilusão,
Tem caminho e direção.
Afoga as mágoas da emoção,
Tem o amor que acelera o coração.
O câmbio que muda a idade,
Troca marchas de sonhos e saudades.
Quinta marcha dos Casebres de bondade,
Pede a ré os rincões da falsidade.
Mas tem a curva da fé,
Homens justos ficam de pé.
Foi Maria e foi José na manjedoura de sapé,
Que deu ao universo Jesus de Nazaré.
Élcio José Martins
Louca não sou, acho isso,
mas tenho momentos confusos,
já fugi de compromissos
e já comi até parafusos
Segui por onde nem sei,
passos e voos sem fim,
numa tremenda disparada
ninguém pôs a mão em mim
Já acelerei até mil,
nem percebi a curva adiante,
creia, nem o radar me viu,
voei e por ele passei rasante
SERVO ENCANTADO POR SÚPLICAS
"Servo encantado por súplicas,
Não despejes mais que o íntimo
Construído por tuas evasivas.
Quem reverencia dubiedades
Não decresce no espaço foragido.
Se fulminas o etéreo no esgoto inconsumível,
Sovinas duas inércias:
Ao vento o escopo de estarrecer sagacidades
E ao rastro de curvas a inescrupulosa exculpação
Do mesmo exposto descurvado."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES