Amor e Liberdade
Quanto mais atenção me cobram
menos atenção eu dou.
Não gosto de me sentir obrigada,
a única obrigação que eu tenho é
a de ser livre.
Eu gosto de competição, eu gosto de sabe o quanto eu sou bom em alguma coisa, eu gosto de sabe que fui o melhor, e é por isso que estou fardado a uma vida pequena, uma pessoa que precisa se sentir o melhor, necessita sempre de alguém para faze-la se sentir a melhor, tirando assim qualquer possibilidade de liberdade. Mas afinal existir coisa mais utópica que a liberdade ?
Alada Rebeldia
Deixe para mim uma janela aberta,
não te preocupe com a porta fechada.
Não terei prazo para entrar ou sair por ela.
Se me amas, peço apenas que eu seja livre para partir.
Se me amas, teus calorosos sentimentos deixarão rastros caso eu me perca de mim,
ajudando-me a recompor o meu ser,
e então, nos encontraremos em algum momento no tempo,
envoltos em saudades.
Pois quando me encontro nos horizontes da tua saudade,
vejo-me como o amante inalcançado, um fato não consumado.
Deixe para mim a janela aberta,
que a minha alada rebeldia tem nomes,
e a quem queira saber,
chamam-lhe amor e liberdade.
Precisamos educar nossos filhos para que aos poucos nos tornemos dispensáveis.
Que gradativamente tenham autonomia para cuidar de si mesmos e de seus bens. Compreendam a importância da organização e do conhecimento. Da necessidade de constante evolução.
Que ofereçamos todas as ferramentas e explicações necessárias sobre o mundo, a vida e as possíveis consequências de cada ato. De que para toda decisão há uma consequência. E para toda consequência indesejada há necessidade de reparação, embora essa nem sempre possa acontecer da maneira que desejamos. E que há consequências praticamente irreparáveis.
E diante disso possamos lhes dar liberdade para experimentarem a vida. Para aprenderem com seus erros e seus acertos. Para descobrirem a fórmula do equilíbrio. Para tornarem-se capazes de cuidar de si mesmos.
Mesmo diante das violências do mundo. Mesmo diante do nosso medo de que algo de ruim lhes aconteça. Afinal, não sabemos até quando estaremos ao lado deles. Eles precisam saber cuidar de si mesmos antes que seja tarde demais.
Afinal, esse é o papel da educação.
Capacitar alguém a ser, existir e se relacionar, sem depender de ninguém.
Que possamos lhes dar um voto de confiança.
É primordial entendermos que não podemos evitar que nossos filhos sofram. O sofrimento também faz parte da existência. E é com ele que nossos filhos crescem, evoluem e aprendem as lições da vida.
É essencial que encontrem em nós, seus pais, um ombro para chorar, uma palavra de consolo e de ânimo e o reforço da fé.
Eles só estarão preparados se tiverem a oportunidade de experimentar. De acertar, de errar, de reparar e assumir suas falhas.
E serão pessoas muito melhores se tiverem a chance de ver nosso exemplo.
De saberem que não somos perfeitos. Mas que tentamos e damos o nosso melhor.
Que mesmo se eles errarem ou seguirem por caminhos completamente diferentes do que lhes ensinamos, mesmo assim ofereceremos nosso apoio e nosso amor.
Afinal, estamos todos caminhando juntos em busca de um objetivo em comum, que é sermos felizes.
E para isso o perdão, o consolo, a aceitação, o exemplo, o equilíbrio e o amor são essenciais.
E com certeza no campo dos sentimentos nunca seremos dispensáveis.
Que eles possam nos querer sempre por perto simplesmente porque gostam da nossa companhia. Porque nos amam e sentem-se amados.
Priscilla de Carvalho Fev/2016
Priscilladecarvalhoar.blogspot.com
Sempre e sempre e sempre
As vezes eu sinto fome
As vezes eu sinto frio
As vezes eu sinto saudade
As vezes eu sinto um arrepio
As vezes eu sigo o relógio
As vezes eu sigo a razão
As vezes eu sigo a beleza
As vezes eu sigo o coração
As vezes eu penso em mim
As vezes eu penso em você
As vezes eu penso em nós
As vezes eu penso sem porquê
As vezes eu choro de raiva
As vezes eu choro de dor
As vezes eu choro de medo
As vezes eu choro de amor
Sempre que as vezes eu sentir a saudade
Sempre que as vezes eu seguir o coração
Sempre que as vezes eu pensar em nós
Sempre que as vezes eu chorar* de amor
Estarei sempre feliz
*(aquele choro bom que só conhece quem ama e é correspondido)
"A verdade é que crescemos com essa ilusão social que para ser feliz é necessário ter alguém. Não somos educados para "o amor próprio" essa é uma busca individual."
Caçador Sombrio
Como podes privar os olhos dos santos da beleza de uma pomba tão bela?
Como podes se engrandecer em meio a caçadores pela conquista de um ser tão puro?
Aaah, que insanidade vinda de ti!
Se não cuida para que ela continue bela, deixe-a partir!
Mas não a mantenha presa a ti como um troféu, e não corte a única grandeza que a faz livre; suas asas.
Irá mata-la não vê? Deixe-a partir!
E que bem longe de ti, ela finalmente viva em paz.
Particular
De uma pequena fresta surge um universo de sentidos. Como numa fenda algo pode se instalar ou invadir, e até mesmo se espaçar? É um número que só o amor pode conjeturar. De grão em grão em meio à cumplicidade são construídos alicerces sentimentais que ao final de tudo, fica o espaço criado pelo amor ou o vazio deixado por ele. Um mutuado de expectativas e esperanças desliza em nuvens de sonhos enquanto milhares de pesadelos limpam o céu de quimeras. A realidade é a carta de anuência para o efêmero cotidiano. Seria um nó do acaso improvisado por um laço em falso a busca por patentear os sentimentos a outrem. São tantas paredes testemunhas das insônias, tantos sorrisos estampados de plenitude, tantos equilibristas da razão e emoção, tanto amor surgido, “morrido”, “matado” e renascido, tanto amor, tanta dor. Que de aprofundar-se, cicatriza; que de esvaziar-se, transborda; que de dilacerar-se, sossega. E os pontos de cada nó rompido se tornam laços, e cada laço dado é um nó que se deu. Um ato que desata quanta dor que vira dó. Caberia no mesmo lugar o esmagamento e a liberdade gerada por amar, ou romperiam fitas de tanto entrelaçar a convivência e sua pluralidade? É, o amor é mesmo singular!
Os animais que mais possuem formas de defesa são também os mais sensíveis ao ataque, tais como as tartarugas em seus cascos ou as lagartas, que quando saem de seus casulos, tornam-se um dos insetos mais belos. Assim são os seres humanos. Passam o resto de suas vidas amedrontados. Fecham seus corações feito alvéolos para o mundo a fim de se protegerem na esperança de que um dia alguém possa libertá-los.
É preciso reconhecer que tudo isso que vivemos é simplesmente entendível, tudo é real e claro, criamos nossas ilusões para mover nossas vidas! Estamos sempre querendo esquecer algo, arriscando novas aventuras e decepções. Não estou dizendo que é algo ruim, mais cada vida segue as ilusões que lhe cabem, porém querem podar com lucidez aquilo que te mantem em movimento. Transformam seus ideais em regimento fechado, sem direito a ver a realidade e a liberdade dos pensamentos. Cabe a nós, simplesmente escritores não vendidos, poetas sem juízo, a dor do privamento das emoções supérfluas, para contemplar a arte com olhos aguçados, ouvidos sensíveis, olfato apurado, paladar refinado, sentir e tocar com muito mais intensidade. Não são as marcas astrais que irão nos dizem quem somos e sim nós mesmos, não tem ascendentes e descendentes para escorpianos, pois somos todos diferentes, eu posso ser o que quiser! não são argumentos quaisquer que poderão abalar a minha convicção da minha verdade. Estou certo que existe muitas coisas em oculto que só se descobrem encontrando alguém pra compartilhar todas as euforias, tristezas, tensões e agonias. Acredito que por esse motivo, está cada vez mais raro a vida conjunta, pois assim como as células se multiplicam elas ganham independência, perder o domínio é algo extremamente desesperador. Não ter mais controle e deixando cada vez mais o acaso ser a garantia da vida, é caminhar no escuro de apenas um pensamentos.
Ai daquele que se priva da reflexão da vida, aproveita apenas o que lhe é pouco dado e esquece dos sentimentos que realmente importam. Com isso não é necessário querer estereotipar humildade em panos e pobreza, sendo que não segue realmente o que acredita, a força interior faz com que vc não dure muito tempo e siga apenas tendencias, é capaz dos livres serem confundidos, porém eles não precisam de julgamentos hipócritas, eles são livres, somos livres, livres soltos, desapegados daquilo que a imposição quer oprimir. O amor é a chave da liberdade.
É aprendendo com os nossos erros que criamos novas oportunidades, pois não voltaremos a tropeças nas mesmas pedra, e com essa oportunidades criamos um novo mundo onde o sofrimento é um mero detalhe para uma vida de paz, amor e liberdade.
Feito passarinho
Bem-te-vi
Fique aqui?
Eu te quero.
Quero-quero
Desejo dar-te meu carinho,
Feito passarinho,
Aconchegar-te em minhas penas infladas,
E te dar liberdade para voar e fazer novas moradas.
E acaso opte por mim,
Escolha de ser ave pinguim,
Decidido a não voar,
ainda lhe ofereço o mar.
O mar imenso no azul,
Feito plumagem da ararinha do Sul.
Tão profundo quanto meu eu...
...se quiseres ser só meu.
E saiba,
Nem todo passarinho é infeliz na gaiola,
Se canta para quem adora
Gaiola vira ninho.
Tudo é uma questão de dar amor ao canarinho.
Ontem sofri com uma pedra que pedia socorro pelo bater das ondas na praia e não consegui sentir nenhuma sensibilidade em você. Não, você não é de pedra!
E lá estava eu, enrolado nos afazeres do dia-a-dia, entregando-me às promessas dos deuses que guardam os segredos do amanhã, deixando que os dias passem por mim sem que eu passe por eles, adorava a automaticidade a que havia chegado, tornava as coisas bem mais tênues e livres de complicações.
Afinal não existia nada de tão inovador em minha vida que me propusesse qualquer perspectiva diferente, mas pensava em muitas, e quase o tempo todo, embora nunca tivesse iniciativa para me propor jornadas tão ao horizonte líquido de possibilidades do desconhecido.
Isso é sempre algo que requer insensatez, intrepidez, para não dizer estupidez. Coisas que não habitam em mim há sabe-se quanto tempo, costumo me convencer de que sou naturalmente inclinado à condutas que traçam linhas retas, sem desvios; retas ao que me prescrevo como razoável.
Mas este não é o ponto a que quero chegar.
Aconteceu que, de repente, algo começou a me incomodar o pescoço, como se alguma coisa tivesse me picado, passei a mão e me comprometi a olhar no espelho, quando chegasse em casa, tornando-me novamente aos afazeres mecânicos do que a sociedade chama de profissão.
Com certeza a dor é algo que incomoda, assim como o caos à ordem. Quando sentimos dor, o incômodo acaba com a nossa concentração e transforma a si mesmo no palco para onde vertemos os holofotes da nossa atenção.
Eu não estava acostumado à incômodos, sempre tinha tudo em ordem, estava completamente habituado ao ritmo sólido e constante com que as coisas vibravam. Mas, hoje, mal podia fazer atividades medíocres, que vinha fazendo há anos à fio.
É bem verdade que essa rotina me transformou em alguém de pouco humor, sempre mordaz com as pessoas, dono de um ceticismo intragável, às vezes, nem mesmo eu suportava conviver comigo mesmo, mas o tinha de ser, se pode fugir de tudo na vida exceto de si mesmo. Esta é uma responsabilidade de natureza perene, que cada um tem para consigo mesmo, a de arcar com aquilo que fizeste de si: ‘criaste-te, agora, suporta-te’ — pensei.
Entretanto, não posso negar, situei-me por tanto tempo fora do espaço comum, que habituei-me a minha individualidade, meu espaço sem estrangeiros, com seus sotaques de ideias, suas religiões de valores, havia muito tempo que não me metia em conflitos, era só eu e eu mesmo.
Chegando em casa, fui logo ao quarto e me dispus a olhar-me no espelho, ali, bem no sítio em que me doía insuportavelmente. Para minha surpresa, não havia nada. Exatamente, nada. Nem mesmo um único vergão, marca, bolha ou ferida. Mas doía como se o incômodo viesse da picada de um escorpião. Dizem que é uma das peçonhas mais doloridas e incômodas. Nunca fui picado, li em algum lugar. Diferente de nada, nada não podia doer tanto.
Era violenta e invasiva, a dor. Não parava de latejar, sentia-a pulsar pelo meu corpo todo, mas se concentrava ali, no pescoço. Malditos calafrios.
Todo este arrebatamento, talvez se devesse a isto estar tirando-me do comum. Deveria ter passado no supermercado depois das vinte horas, que é quando paro no trabalho, e ter comprado algo para entreter meu estômago. Isso, entreter e não alimentar, pois é isso que acontece nas sextas à noite. Mas com toda essa situação me afligindo, mal lembro se desliguei a luz quando saí.
Só consigo pensar nisso, em resolver este incômodo, que parece estar tomando o controle da minha vida. E inimaginavelmente, como pode fazer sofrer tanto algo que começou há menos de doze horas.
Reclamei tanto comigo mesmo, fiz a dor acima de todos os meus sentidos.
O que mais me incomodava talvez fosse a confissão que devia a mim mesmo. E o diabo sabe como machucar. Azucrina com o que de mais importante guardamos no fundo do obscuro baú execrável de nossas almas, mas não podemos mentir a nós mesmos eternamente. Uma hora a verdade nos consome, e o que fazíamos oculto aparece. É como mágica, fingir bem é a chave. Fingir tão bem ao ponto de que todos acreditem. E a mágica só tem poder quando nós mesmos acreditamos nela. É assim que o truque funciona.
No fundo, eu sabia de uma coisa, que quis esconder de mim mesmo, o motivo real da minha falta de controle sobre a situação, com todos esses rodeios mentais. Algo que era comum, ao menos para mim. Rodeios mentais.
Sempre tento argumentar comigo mesmo, como se existissem dois lados em disputa, um dizendo algo e o outro tentando impor suas ideias, seus anseios, em via contrária.
A dor no pescoço, todo este incômodo, esta agonia, sinto-me tirado de mim mesmo, para fora, para longe do confortável buraco onde havia me enfiado desde a pré-história da minha vida, para o horizonte líquido e detestável de possibilidades, como eu o via, mas devo admitir, que ainda sinto os lábios dela marcarem suavemente um beijo de despedida no meu pescoço.
Canto…
(Nilo Ribeiro)
Hoje para você eu cantei,
mesmo sabendo que não podia,
da amargura me deslacei,
fiz para você poesia
cantei com toda pureza,
pois havia uma causa,
exaltar tua beleza,
enaltecer a tua alma
um canto singelo,
uma bela história,
a rainha e teu castelo,
a rainha e tua glória
doce, bela e generosa,
bondade sobre-humana,
uma divina senhora,
a mais nobre soberana
um canto de saudade,
um canto superior,
um canto de liberdade,
um canto de amor
para rainha meu canto,
pois sei ser justo,
me enfeitiçou teu encanto,
é teu amor que eu busco…
Crença
Em minha oração peço
Para tua fé respeitar meu desejo
Desejo de amar, beijar, abraçar
Eis minha paz
Respeito tua divindade
Então respeite minha liberdade
Teu coração pela tua crença petrificado
Está matando meu coração apaixonado
Que fé essa tua
Que fere e tortura
Não sou discípulo do teu Senhor
Mas mereço ser feliz no meu amor
NA TEMPERATURA CERTA
E se de repente
Eu chegar de mansinho
Te fazendo carinho
E no outro dia sumir
Não se assuste neguinho
É que eu gosto assim
Nem muito quente
Nem muito frio
Na temperatura certa
Que o desejo se manifesta
Calor demais sufoca
E o gelo empedra
Para haver um equilíbrio
Vamos deixar uma área livre
Porque tudo deve ter limite
Esse espaço é necessário
Para um relacionamento saudável
Mas se não der pra você
Então não da pra mim
É do desapego que eu estou afim
Não pense em me possuir
Eu nasci pra respirar
O ar mais leve, livre, e solto
Feito um pássaro ao voar
No seu mais sublime conforto
[06/05/2015]
