Levanto

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Chego a chorar manso de tristeza. Depois levanto e de novo recomeço.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco. 1998.

Sou a mulher mais cansada do mundo. Fico cansada assim que me levanto. A vida requer um esforço de que me sinto incapaz. Por favor passa-me esse livro pesado. Preciso de pôr qualquer coisa pesada sobre a cabeça. Necessito constantemente de pôr os meus pés sob almofadas para que consiga continuar na terra. De outro modo sinto-me partir, partir a uma velocidade tremenda, tão leve me sinto. Sei que estou morta. Logo que pronuncio uma frase a sinceridade morre e torna-se numa mentira cuja frieza me gela. Não me digas nada, vejo que me entendes, mas tenho receio dessa compreensão, tenho medo de encontrar alguém semelhante a mim e ao mesmo tempo desejo-o. Sinto-me tão definitivamente só, mas tenho tanto medo que o isolamento seja violado e eu não seja mais o cérebro e a lei do meu universo. Sinto-me no grande terror do teu entendimento, meio por que penetras no meu mundo; e que, sem véus, tenha então que partilhar o meu reino.

Anaïs Nin
NIN, A., A Casa do Incesto, Assírio e Alvim

Ainda assim eu me levanto

Você pode me marcar na história
Com suas mentiras amargas e distorcidas
Você pode me esmagar na própria terra
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Meu atrevimento te perturba?
O que é que te entristece?
É que eu ando como se tivesse poços de petróleo
Bombeando na minha sala de estar.
Assim como as luas e como os sóis,
Com a certeza das marés,
Assim como a esperança brotando,
Ainda assim, eu vou me levantar.
Você queria me ver destroçada?
Com a cabeça curvada e os olhos baixos?
Ombros caindo como lágrimas,
Enfraquecidos pelos meus gritos de comoção?
Minha altivez te ofende?
Não leve tão a sério
Só porque rio como se tivesse minas de ouro
Cavadas no meu quintal.
Você pode me fuzilar com suas palavras,
Você pode me cortar com seus olhos,
Você pode me matar com seu ódio,
Mas ainda, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade te perturba?
Te surpreende
Que eu dance como se tivesse diamantes
Entre as minhas coxas?
Saindo das cabanas da vergonha da história
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, vasto e pulsante,
Crescendo e jorrando eu carrego a maré.
Abandonando as noites de terror e medo
Eu me levanto
Para um amanhecer maravilhosamente claro
Eu me levanto
Trazendo as dádivas que meus ancestrais me deram,
Eu sou o sonho e a esperança dos escravos.
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.

Maya Angelou
Poesia completa. Bauru, SP: Astral Cultural, 2020.

⁠Levanto pela manhã e presto continência para o capitão de minha salvação e pergunto, quais são as ordens hoje?

Quem me faz cair
Me faz aprender
E cada vez que me levanto
Me levanto ainda mais forte
Pronto pra proxima
Akeles q vivem em funçao de me derrubar
Soh me fortalecem
Naum tenho inimigos
Apenas ajudantes informais

Todos os dias me levanto sabendo que quanto mais pessoas eu salvar, mais inimigos eu farei.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfeitando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Vinicius de Moraes
Para uma menina com uma flor

Nota: Trecho do texto "Para uma menina com uma flor"

...Mais

Abro meus olhos, a cada manhã que levanto
Para encontrar a verdade que eu sei que está lá.
Tenho sorte de respirar, tenho sorte de sentir,
Sou feliz por acordar, sou feliz por estar aqui.
Com todo esse mundo, e toda sua dor,
Todas as suas mentiras, e todos as suas mazelas...
Ainda sinto uma sensação de liberdade -
Tão feliz por estar aqui...

Hoje, contemplando o fim da tempestade,
Já não recolho os destroços como antes.
Levanto minha cabeça e sigo em frente...
Se tenho que tirar uma lição, fica esta:
O vento só leva, quem se deixa levar....

"Educação eu tenho, só não tenho paciência. Se me der na telha eu levanto e vou embora, não preciso ficar aturando gente mal amada."

Muitas pessoas passam, mas pra poucas me levanto.

Inserida por Pvieira

Quando sofro uma derrota não ponho as mãos na cabeça e choro, ponho as mãos no chão e levanto.

Eu faço que nem meus Hérois de animes, posso cair mil vezes, mais sempre me levanto disposto a continuar a lutar...

Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?
O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta,
sim, o protetor de Israel não dormirá, ele está sempre alerta!

Salmos 121:1-4

Meio sonolento ainda, levanto a cabeça e vejo você sorrir com minha camisa, chega perto e diz "me dá um beijo". É isso aí que me ganha.

A estrada é longa mas eu vou seguir

Se eu cair, me levanto não vou desistir

Buscando um caminho que me faz progredir

Nas mãos de Deus entrego meu ir e vir.

Salmo 121

1 Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?
2 O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
3 Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta,
4 sim, o protetor de Israel não dormirá; ele está sempre alerta!
5 O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita.
6 De dia o sol não o ferirá; nem a lua, de noite.
7 O Senhor o protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida.
8 O Senhor protegerá a sua saída e a sua chegada, desde agora e para sempre.

⁠Todos os dias são iguais, eu me levanto, rego minhas plantas, faço exercícios, mas estou lutando. Não é ruim. Vivo como se lutasse todos os dias e esperasse os melhores dias.

Rotina... levanto, me arrumo, trampo, casa...
Rotina... levanto e me lamento, me arrumo mas não me aprovo, trampo mas não me supri, casa estou sozinho...
Rotina... levanto me lamento e entro em desespero, me arrumo não me aprovo entro em desespero, trampo não me supri entro em desespero, casa estou só entro em desespero...
Ver de fora parece fácil, vcs olham pra mim e acha que sou a pessoa mais feliz do mundo, ou a pensa nossa q cara bonzinho, legal, divertido.... pufff.... queria ser o q vcs vêem, queria ser o q eu sonho....
Mas eu deveria ser feliz com o que tenho!!! Tenho pouco, mas já tive muito, estou falido de sentimentos, estou falido de afeto, estou completamente falido de amor...
Mas eu deveria estar feliz , deveria , mas não estou, eu não sou feliz, alegre pode ser!!! Tento disfarçar a tristeza dos meus olhos com um sorriso, tento tampar o vazio do meu coração, com ilusões, tento preencher minha vida com sonhos, q nada mais é q a vontade de ser o que não posso, de amar o suficiente para ser amado...

O Padeiro

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento — mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

— Não é ninguém, é o padeiro!

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

"Então você não é ninguém?"

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"

E assobiava pelas escadas.

Rubem Braga
BRAGA, R., Para gostar de ler, Vol I -Crônicas, Editora Ática, São Paulo, 1989