Lembranças do Passado
A beleza dela morava em casa avarandada, com um jardim de bogari que ainda hoje, tantos anos passados e rolados, remexe em minhas lembranças.
Partículas do passado
Eu me afogava com minhas lagrimas.
Eu caia, mas tinha que me levantar.
Você nunca me amou.
Desarmou meu coração.
Sugou minha energia, quase parou minha respiração.
As declarações enganosas ficavam no porão.
Cigarros e vinho no chão.
As suas mentiras,
As lembranças,
Deixei tudo em uma gaveta.
Cheiro de álcool em plena segunda feira.
Acordada a noite inteira.
Estava cheia de olheiras.
Não agüentava mais suas desculpas farrapadas.
Não estava de brincadeira.
Eu tentei mudar, mas quando um não quer, o outro vai embora.
Você não enxergava que isso só me magoava?
As festas e suas bebedeiras já tinham passado da hora de acabar.
Por um momento eu escutava um leve som, como uma cachoeira.
Mas despertava com você derrubando a garrafa de cerveja.
Uma hora da manhã eu limpando sua sujeira.
Quando você abria sua boca e dizia: eu te amo,
Eu chorava, porque não podia mais dizer o mesmo.
Eu chorava por sentir um desgosto lá no fundo.
Estava cansada de ser um objeto sem valor.
“Bêbado de amor” era o que você dizia quando via minha face de raiva.
“Não me deixe, por favor,” foi o que você disse quando me viu fazendo minhas malas e indo embora.
Não importa quanto um momento te marcou, não se pode viver no passado. Perdoe e se for preciso esqueça! Só é possível seguir em frente quando você deixa a bagagem que te prende e te impede de seguir!
Você pode até não consegui apagar uma pessoa do seu passado, mas pelo menos pode apagar ela de todos seus álbuns de fotos! Viva a tecla delete!
O Passado
Bebe da sua própria vida...
Afogue-se em mágoas suas do passado,
revive dores antigas.
Dores que emergem das noites vividas
ou que pulsam latente
em plena a luz do dia.
Sabe as velhas feridas que tu tens medo de tocar?
Toca-as, com teu próprio dedo,
faze-as sangrar.
Transforma o teu escárnio em afeição
e deixa percorrer nas tuas veias cheias de nicotina,
o sangue encarnado que turva o teu coração.
Morrer já não basta para si,
viver assim já não é mais opção,
faze tu também o teu caminho:
- Resgata de dentro do peito tudo que há por lá,
mesmo que não possa ver agora,
tira o que puderes tirar.
Resgate a si mesmo de dentro do próprio peito
ou, enterre-se de uma vez por todas lá.
Faz o que tem de ser feito, não cabe mais reclamar.
Mate-se o dia inteiro, viva-se pleno, até o sol raiar.
Descubra como é importante enterrar-se no peito,
e depois desenterrar-se no dia em que bem desejar.
Você é Passado!
Andas a dizer pela cidade
que você já me esqueceu
Seria melhor tu dizer que
nunca nem me conheceu.
Estar nas suas lembranças
e palavras não me apetece
Que fale só quem me ama,
Que lembre quem merece!
Marta Gouvêa
Cada foto do nosso passado relembra uma vivência que nos proporcionaram experiências, sejam elas boas ou ruins mas o importante é o que estamos vivenciando no presente...
Sob o brilho das estrelas, os meus pensamentos de vagueiam entre lições e sorrisos do passado e as promessas do amanhã.
Doer o peito ao lembrar e relembrar o passado, pode significar que no presente não está plantando-se o necessário para o futuro. Há a possibilidade de colher os bons frutos que no passado foram plantados, largar os que estão podres e seguir em frente. Possível é, ainda, comendo-se os frutos colhidos, retirar as sementes para plantá-las agora, já. Sempre há alternativas. Sempre há opções. Contudo, sempre há exceções, nestes casos, é necessário esforçar-se para tornar o caminho a se seguir o quanto melhor.
O saudoso passado...
Durante muito tempo ouvi, como um mantra enfático, a afirmativa: “Saudade do passado! No meu tempo era muito melhor...”. Repetidas vezes isso me provocou a revolta adolescente de quem gostaria de convencer que o meu presente também era bom, seja pelas tecnologias, avanços, mudanças histórias, conquistas, .... e até pela minha presença. Por mais que o desafio de mudar esta frase motivasse, era uma realidade irredutível. Contudo, como o bêbado que retoma a sobriedade, a maturidade trouxe uma capacidade analítica de enxergar os problemas da minha época, admirar elementos do passado e repensar certos conceitos. Apesar da “minha tecnologia” ser surpreendente, de fato no meu presente faltava muita coisa, que não justificavam mudar esta frase. As minhas críticas foram revistas, ganharam novos pontos de vista, interpretações, ... e só me restou tentar mitigar as lacunas do meu tempo. Até que um dia, as lapidações da vida, como em um ciclo previsível, me fizeram repetir o mesmo discurso de meus antepassados. Penso que ...
Talvez, com o tempo as luzes naturalmente se apaguem, como as estrelas no céu que perdem o brilho te deixando em um vazio sem orientação ...
Ademais, é provável que a inversão dos polos magnéticos esteja de fato ocorrendo, pois, o Norte não está mais evidente. Todos os elemos norteadores da vida começaram a desaparecer fazendo com que precise caminhar sem referenciais, como em um quarto escuro ....
Talvez as cores percam a intensidade e naturalmente o mundo pareça monocromático, como os clássicos do cinema mudo, que apesar de antigos trazem felicidade para a vida ...
Os meus exemplos, formadores de caráter, retidão, honestidade, hombridade, .... os meus inspiradores não estão mais aqui para me aconselhar ...
E por mais mórbido que pareça, lápides trazem de volta um passado de lembranças, plenitude, alegrias legítimas, conselhos, aconchego, orientação, sinceridade ... . E para quem não tinha arrependimentos, o maior passou a ser a vontade de ter construído mais lembranças ...
As memórias viraram o melhor destino de boas viagens ....
Os atos criticados, por quem queria mudar o mundo, passam a ser repetidos como uma herança de família ...
Os diálogos que traziam serenidade e paz, desapareceram. O “olho no olho”, os sorrisos com volume e intensidade, tranquilidade, ... deram lugar a figuras que tentam representar emoções, de alguma forma, na tela de um smartfone. Talvez por isso tanta depressão ...
Os elementos que tinham função de retroalimentar a vontade de andar, desapareceram e ninguém reparou, pois somos carregados pelo fluxo ...
Os nomes dos meus grandes mestres já não estão mais nas grades horários de aulas, em apresentações de congressos, .... os que não posso mais visitar, encontro nos velhos livros e artigos amarelados ....
A leitura de um livro deixou de ter o som das folhas, o cheiro característico, o peso do conteúdo e a criatividade de improvisar marcadores ...
O museu que influenciou sua vida foi queimado, as salas de cinema enormes deram lugar a espaços pequenos com uma pipoca de gosto estranho, os lugares que gostava de visitar já não existem mais, ...até a pizza que marcou a infância virou um gosto exclusivo da memória ....
Não existem mais “renascentistas” dotados de visão holística e integradora. Na saúde, deu-se lugar aos tratamentos específicos, segregados e especializados a ponto de não existir mais correlações; agravado por alguns profissionais que podem nem entender a fundo suas especializações ...
As músicas não ofereçam mais a mesma carga de emoção arrebatadora, falam em uma linguagem diferente e seus cantores prediletos não tem mais como gravar álbuns inéditos ...
O amor não é mais o mesmo da época onde o simples “cheek to cheek” conseguia prover fortes emoções como impulsionar ao paraíso...
Perdeu-se a magia de cantar na chuva para fazê-lo em chuveiros apertados ...
Os heróis, não eram personagens com superpoderes, mas mortais com atitudes que qualquer um poderia ter. Não viviam em cavernas ou esconderijos mirabolantes, estavam em seu convívio, família, ...
As pessoas não tinham medo de se comunicar, nem estavam demasiadamente ocupadas com seus celulares.... Elas davam bom dia sem nem mesmo conhecer e assim funcionavam as “redes sociais”, ... “like” era um sorriso, as notícias eram “compartilhadas” com boas conversas nas portas das casas ou na mesa do bar ...
Os pais se tornaram filhos, a ponto de passar a ver suas “malcriações” ...
Era possível ter aula de história pelos livros, com um professor, ou ouvindo o relato de quem viveu aqueles momentos ...
O telejornal não se assemelhava a apresentação de um catálogo criminal ...
A textura do papel do jornal era suave e a tinta soltava nas mãos ...
O GPS eram as paradas sequenciais para pedir informação, deixando a viagem mais longa e divertida, conhecendo lugares pelo caminho, com mais expectativa ...
Havia mais honestidade que Interesse, a ponto de até o vendedor do mercado aceitar a “pendurar a conta”, esperar ir buscar o dinheiro em casa ...
Os alimentos não faziam mal, tinham mais sabor ...
O tempo das coisas era mais devagar que da geração “fast”; até as células não tinham tanta pressa em se dividir ...
Os políticos pareciam mais honestos ...
As novas piadas, mesmo com todo seu conteúdo apelativo, não têm mais a mesma graça ...
O ar não tem mais o mesmo cheiro, assim como a água o sabor e ...
Não existem mais palmeiras, primores e sabiá, ... e talvez por isso, os “mais velhos”, se sentissem no exílio do tempo novo ...
... mas posso afirmar categoricamente que no meu tempo era muito melhor, porque existiram pessoas insubstituíveis que deixam uma saudade irreparável. Aqueles que sentiram um amor legítimo, hoje ocupam um espaço inabalável, como em um relicário junto ao peito onde posso visitá-los nas melhores memórias.
O passado é o único lugar que não se pode chegar. Somente lembrar... Portando tenha cuidado com o presente, porque logo ele será passado e daí se tornará inacessível!
Nostalgia lembra-te de um passado que não volta. Faz-te lembrar, porém, que nem tudo que passou é esquecido.
De vez em quando ela resolve aparecer
Hoje o meu passado bateu em minha porta, diferente das outras vezes, ele não veio mim trazer tristeza, não veio mim lembrar das quedas e das decepções, apesar de me entristecer por um momento, não foi isso que ele veio trazer, mais foi a saudade que ele trouxe, hoje ela resolveu aparecer.
Chegou sem pedir, entrou sem bater e me tocou sem pedir licença, ah! só por hoje ela tem essa ousadia pois, o que a mestra das recordações veio trazer foi: lembranças já adormecidas, amigos esquecidos, momentos vividos sepultados em uma parte remota e silenciosa da minha memoria.
Ah! como é bom lembrar dos tempos de escola, dos amigos de infância, da primeira "paixonite", imagina que ela me lembrou até dos momentos vividos nas redes sociais, que saudade das conversas pelo tão famoso MSN, lembrou também? pois é, acredito que deves ter sentido o mesmo que eu, que saudade desse tempo, como era tão bom, tempo em que o dia corria devagar e as únicas preocupações eram brincar e estudar.
Depois dessa visita me puis a pensar, como seria bom se o tempo pudesse voltar, sei que tive momentos ruins, que não queria voltar a vive-los, mas os bons momentos pode compensar, pois eles foram maiores que os ruins, hoje mim restam a saudade e boas historias pra contar.
Dona saudade, mestra das recordações, só por hoje, apenas por hoje tu podes ficar.
Para sentir saudades é necessário recriar, reinventar o passado. Buscar nele o instante no qual a felicidade parou para se eternizar nessa aura de mistério que envolve as memórias e quando menos esperamos nos transportam para outros tempos e nos coloca sob outros céus.
Esperança
Aprendo enfim a enxergar
Ouvindo notícias do passado,
Quase sempre amargurado e quebrado,
Em vozes vizinhas às minhas,
Mas, me deixo embalar,
Em um sonho de lembranças de novos amores,
Que virão...sorrindo.
Não sei bem de onde,
Minha esperança de cores e flores,
Onde eu sei...
Não há na vida, nem seus atores,
Inefável e indolores.
