Lamento pela Morte de um Ente Querido

Na contabilidade da vida, a cada partida (morte de um ente querido)⁠, eu fico mais pobre, em débito, sem mais o crédito da presença constante, nem tampouco, o saldo do afeto tão precioso, importante.

Não há palavra que descreva com exatidão o sentimento de perder um ente querido na morte.

O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração.

O amor é vida quando não é morte; é berço e também sepultura.

A morte está escondida nos relógios.

Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida.

Portanto, hipocritamente os velhos invocam a morte, / e criticam a velhice e a longa duração da vida: / quando a morte se aproxima, ninguém quer / morrer, a velhice não pesa mais.

Só a música pode falar da morte.

O que é trágico na velhice é que a morte é normal. E a sua vantagem também.

Toda a recusa duma linguagem é uma morte.

Vem morte, tão escondida, / que eu não te sinta chegar, / para que o prazer de morrer / não me dê novamente a vida.

O medo da morte é mais cruel do que a própria morte.

O lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo.

Aquilo a que chamo fadiga é a velhice, de que a morte constitui o único repouso.

A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos.

A única precaução contra os remorsos da morte é a inocência da vida.

A mesma paisagem
escuta o canto e assiste
a morte das cigarras

A pálida morte bate com pé igual nos casebres dos pobres / e nos palácios dos ricos.

O amor é tormento, a falta de amor é morte.

A morte surgia-lhe como uma consagração de que só os mais puros são dignos: muitos homens desfazem-se, poucos morrem.