Jardim das Borboletas Vinicius de Moraes
Quando a mídia de extrema direita abraçou as causas sociais, de certa forma, enfraqueceu o movimento de esquerda.
Isso ocorre principalmente ao vender o racismo, homofobia e feminicídio como mercadorias, mais preocupada em aumentar a audiência do que em resolver os problemas de fato.
Ao fazer recortes do contexto e focar apenas na parte que gera mais audiência, estão contribuindo para aumentar a segmentação e o extremismo na população, colocando uns contra os outros.
Antes da internet e das redes sociais, vivíamos no anonimato; agora, nos sentimos verdadeiros astros.
Acho normal que, no ringue da vida, as pessoas lutem para conquistar e manter o “cinturão dos privilégios”. Afinal, ninguém entra numa luta para perder.
Entretanto, por uma questão de justiça e equidade, precisamos oferecer as mesmas condições e oportunidades a todos os competidores antes de subirem no tablado. Independentemente de raça, cor, gênero, língua, opinião política, origem nacional ou social, propriedade, nascimento, status...
Não lembro de nenhum movimento revolucionário que tenha alterado de forma significativa a situação na parte inferior da pirâmide social.
Acredito que as revoluções servem muito mais para a alternância de poder do que para mudar os destinos das castas pobres brasileiras.
Apesar disso, penso que o desejo revolucionário deve existir sempre, uma vez que é fundamental para proteger a democracia dos tiranos de plantão.
Precisamos aprender a separar o joio do trigo, visando evitar o reducionismo evidenciado ao acusarmos veementemente toda a classe média pelas mazelas do nosso país de forma generalizada.
Existe uma grande diferença entre o grande capital, representado por multinacionais, bancos, construtoras, e o pequeno capital, representado por padarias, farmácias, oficinas, mercadinhos, lanchonetes, salões de beleza, armarinhos, profissionais liberais, entre outros.
Os pequenos e médios empresários e profissionais liberais pagam altos impostos, trabalham incansavelmente, geram empregos e contribuem significativamente para a riqueza do país. Tratá-los como vilões apenas perpetua a miséria no Brasil.
Devemos unir esforços pela geração de empregos, educação, saúde, lazer e segurança. Itens básicos que deveriam ser prioritários para os governantes.
Se um dia esses pequenos e médios empresários e profissionais liberais decidirem fazer uma greve, fechando suas portas, quem sustentará os programas sociais do governo? Quem manterá a máquina pública e seus gastos exorbitantes? Como ficará a questão do emprego?
Infelizmente, o conceito do "pão e circo" da Roma Antiga persiste no Brasil, mas devemos buscar mudanças através da conscientização e ação conjunta. "Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida." - Lao-Tsé
Os filhos dos "batalhadores brasileiros", classe intermediária entre a "ralé" e as classes superiores, não parecem muito interessados em sacrificar suas vidas seguindo a mesma trilha tortuosa que seus pais percorreram, carregando uma cruz grande e pesada para conquistar um lugar ao sol.
Geralmente, optam por permanecer no conforto do lar, aguardando o momento de herdar os bens conquistados por seus pais.
Nos dias atuais, parecer bom vale mais do que ser bom.
Conter a natureza segregadora do ser humano é um grande desafio.
Infelizmente, a humanidade continua cheia de preconceitos e intolerâncias.
O mundo politicamente correto respira hipocrisia.
A maioria dos seres humanos age de acordo com interesses pessoais.
O fato de ter acesso a uma série de privilégios não invalida o mérito da conquista.
Prefiro, em vez de me arraigar em comparações com os outros, focar nos meus sonhos e continuar lutando por uma sociedade mais justa e menos desigual, onde o acesso aos privilégios seja um direito para todos.
Não é justo culpar aqueles que não tiveram oportunidades e, por isso, enfrentaram dificuldades na vida, assim como não é justo tirar o mérito daqueles que tiveram oportunidades e souberam aproveitá-las para vencer na vida.
Cada caso é único.
Procuro evitar prejulgamentos.
O gigolô do estado, pessoas que escolhem ficar de boa por opção.
Sabemos que o Brasil é um país extremamente desigual. Por isso, louvo aquelas pessoas que deixam de lado a vitimização e vão à luta por um lugar ao sol.
Essas pessoas precisam carregar uma cruz muito maior e mais pesada do que a grande maioria, passando por portas extremamente fechadas e cheias de obstáculos por anos e anos de suas vidas.
Talvez essa lógica cruel faça muitos desistirem de pagar esse preço. Assim, acredito que alguns, de forma consciente, e muitos, inconscientemente, optam por usufruir da política do "pão e circo".
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais, o submundo vem à tona pelas telas dos celulares.
A violência humana permanece a mesma de milênios atrás.
O que mudou foi a banalização do mal pelas redes sociais.
Apesar de reconhecer a vitimização e o coitadismo tão presentes na sociedade brasileira atual, e concordar que a exploração é inerente ao ser humano, ocorrendo em qualquer classe social, devemos ter cuidado para não cair no conto do vigário contido em alguns discursos que visam anular ou negar uma verdade.
Ao longo do processo de formação da sociedade brasileira, uma elite altamente nociva e perversa empurrou literalmente um enorme contingente de pessoas que foram escravizadas, exploradas e oprimidas para a periferia das grandes cidades, totalmente desprovidas de condições mínimas de vida.
Esse quadro social permanece; basta abrir nossas janelas e olhar.
Infelizmente, não acredito numa mudança estrutural em que as coisas vão mudar de forma significativa, pois o sistema se alimenta dessa miséria. Essa ordem mundial continuará.
O próprio povo parece adaptado a essa triste realidade. Talvez por isso, vivem o hoje e se alimentam do pão e circo sem reclamar.
"O projeto da elite precisa de um povo faminto, xucro e feio." (Darcy Ribeiro)
Os problemas de corrupção e outros males da sociedade estão perto do fim?
A justiça, o Ministério Público, a Polícia Federal e demais instituições funcionam de verdade?
Estão acima do bem e do mal?
Nossa democracia funciona?
Chegamos ao marco zero da nossa história. Daqui para frente, tudo será diferente.
Nossos problemas acabaram, seremos definitivamente o país do futuro?
Seremos felizes para sempre?
Será que a justiça, o Ministério Público, a Polícia Federal e demais instituições funcionam de verdade?
Estão acima do bem e do mal?
Cada vez mais estou pragmático.
Não quero nem saber quem criou esse caos chamado Brasil. Estamos na linha de frente e precisamos nos proteger dessa gente.
Compreendo que, nesse país, a maioria dos delinquentes são vítimas de anos e anos de exclusão social. Pouquíssimos deles escolheram ser bandidos por opção. Sei que nosso estado nunca se preocupou em dar a mão e provavelmente nunca dará. Ganhamos com essa realidade tosca que vivemos.
Nesse fogo cruzado, precisamos escolher um lado entre o inocente que mata e o inocente que morre.
É uma questão de sobrevivência.
Se todos falam que o culpado é o estado.
Então, ao invés de matar o peão do lado.
Matem o estado!
Matem os donos do mundo!
Penso que cada caso é um caso, apesar de acreditar que nosso destino depende de nós. Entendo que algumas pessoas enfrentam mais obstáculos que outras, carregando uma cruz maior e mais pesada.
Quanto à omissão do estado brasileiro, ninguém pode negar. Isso vem de séculos e séculos atrás, desde a colonização. As condições, os caminhos e as portas que o estado brasileiro oferece à população brasileira, mais especificamente à população pobre, são estreitos, tortuosos e cheios de obstáculos, fazendo com que nem todos queiram pagar o preço do sacrifício de anos para conseguir um lugar ao sol.
Pouquíssimos terão coragem e determinação para seguir essa trilha. Por isso, compreendo quando boa parte da população que vive nas comunidades escolhe viver o HOJE literalmente, jogando dominó de domingo a domingo, palitinho, assistindo futebol, novela, ouvindo seu pagode, assando uma carne acompanhada de uma cerveja gelada. É uma filosofia de vida.
Muitos olham para pessoas que investiram quase uma vida inteira para conseguir um padrão de vida melhor e pensam: "Não vou perder minha vida inteira estudando e trabalhando de sol a sol apenas para melhorar meu padrão de vida. E se eu morrer amanhã? Vivem na base do Deus dará. Apostam na mega-sena, na possibilidade de ser um jogador, um cantor ou ator famoso."
Podem achar conformismo ou comodidade, mas prefiro não julgá-los. Sei apenas que essa estratégia do pão com circo é antiga e funciona até hoje. Também não gosto de generalizar, pois muitas pessoas adoram usar a vitimização e o coitadismo como bengalas. É necessário saber separar o joio do trigo e evitar generalizações para evitar julgamentos errados e injustiças.
Fechar os olhos para aqueles que não tiveram chances de escolha é uma crueldade sem tamanho.
Em relação ao PT, não acho que seja o único culpado pelos problemas do Brasil, que para mim são estruturais e vêm de séculos e séculos atrás, desde a colonização. O abismo entre ricos e pobres aumenta há muito tempo, com desigualdades sociais imensas.
A educação, a saúde, a segurança, o emprego, o transporte vão de mal a pior, com a concentração de renda nas mãos de uma pequena minoria. A população foi acostumada com o jeitinho brasileiro, com a lei de Gerson e, ultimamente, o quadro vem piorando devido às impunidades.
Não sei aonde vai parar; uma hora a bolha vai explodir. Acho apenas que não existe um culpado único. Todos têm sua parcela de culpa. No entanto, para mim, o principal culpado é a elite brasileira, nossos governantes, os donos do mundo, as multinacionais, Coca-Cola, Globo, Nestlé, Odebrecht, Itaú, Bradesco, Apple, Microsoft, Ford, Sony, GM...
Essa ordem mundial vem de milênios atrás e nunca vai mudar. Não sou eu que vou ensinar a missa ao padre. Todos sabem o que deveria ser feito e não executam porque não querem, afinal, tem muita gente ganhando. Há a Indústria da seca, Indústria da fome, Indústria da mentira (Globo e outras), Indústria do bem, Indústria da criminalidade, Indústria da música, Indústria da moda... Todos ganhando muito e sem qualquer intenção de repartir suas riquezas.
Logo, não tenho expectativas de que as coisas mudem com a saída do PT. São todos farinhas do mesmo saco, o saco dos seres humanos cuja natureza é em sua maioria esmagadoramente interesseira, infiel, egoísta, individualista, ambiciosa... Partidários do slogan: "farinha pouca, meu pirão primeiro."