Ja Vivi um grande Amor

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O cristianismo fez muito pelo amor ao torná-lo um pecado.

Não há amor da parte de um ser sem liberdade. Ao que ele chama o seu amor é à paixão dessa liberdade.

Um amoroso é um homem que se empenha em ter mais amor do que lhe é possível ter, e essa é a razão por que todos os homens amorosos parecem ridículos.

O ódio pode ser perspicaz, mas nunca num sentido maior. Só o amor possui um horizonte.

Como é insuficiente o coração humano! Um longo amor acaba por cansar.

Nada é mais difícil do que partilhar um amor.

⁠Se em minha vida houvesse-me dedicado ao amor, eu seria apenas Alexandre.

O amor existe,
a felicidade existe,
amigos de verdade existem.
E qualquer tempestade tem fim.

A decadência da oferta espelha-se na penosa invenção dos artigos para presente, que já pressupõem o fato de não se saber o que presentear porque, na verdade, não se tem nenhuma vontade de fazê-lo.

O passado é a única realidade humana. Tudo o que é já foi.

A juventude é presunçosa, a velhice tímida, porque a primeira quer viver e a segunda já viveu.

Todo o delito
Já traz no ventre o seu próprio anjo vingador,
A terrível espera.

Não importa muito com quem te casas, já que na manhã seguinte seguramente descobrirás que se tratava de outra pessoa.

Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.

Que importa que já o saibas? Só se sabe o que já nos não surpreende.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

O homem que sabe ler fala com os ausentes e mantém vivos os que já morreram. Comunica-se com o universo - não conhece o tédio - viaja - ilude-se. Mas quem lê e não sabe escrever é mudo.

Não se diz nada que já não tenha sido dito.

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

José Régio
Filho do Homem

O mais grave no nosso tempo não é não termos respostas para o que perguntamos - é não termos já mesmo perguntas.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Hoje, não se sabe falar porque já não se sabe ouvir.