Inteligência e Esperteza

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O homem prudente aproveita a sua experiência; o homem sábio aproveita a experiência dos outros.

O fraco treme diante da opinião pública, o louco afronta-a, o sábio julga-a, o homem hábil dirige-a.

Um homem sábio viverá tanto nos limites da sua presença de espírito quanto nos dos seus próprios rendimentos.

Não existe maior indício de ser pouco filósofo e pouco sábio do que desejar uma vida inteira de sabedoria e filosofia.

O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio.

O sábio procura a sabedoria, o tolo encontrou-a.

O néscio pode associar-se a um sábio toda a sua vida, mas percebe tão pouco da verdade como a colher do gosto da sopa. O homem inteligente pode associar-se a um sábio por um minuto, e perceber tanto da verdade quanto o paladar do sabor da sopa.

É sábio experimentar todos os caminhos antes de chegar ás armas.

É mister distinguir entre a ação obrigada, a ação ilícita, e a inação. Sábio é quem vê a inação na ação e a ação na inação, e em harmonia permanece enquanto executa toda a ação.

Quem quer que ceda por necessidade é um homem sábio que conhece o divino.

Há, sim, um direito do mais sábio, mas não um direito do mais forte.

Por amor tornou-se furioso e louco,
o homem que tão sábio era estimado antes.

Quem não pode ou não sabe acumular, nunca chega a ser sábio nem rico.

O sábio que não fala nem escreve é pior que o avarento que não despende.

Sábio é o homem que, em todas as atividades, está isento das aguilhoadas do desejo e tem os seus atos purificados pelo fogo da verdade.

"Você me completa como o sol completa o céu , como a lua completa a noite ou como Yin completa Yang."

Algumas vezes a mudança é sinal de inteligência. Outras vezes é a mais pura fraqueza de caráter.

A concisão é a essência da inteligência

A vida me ensinou a não discutir com o Universo.
Há muito mais inteligência e sabedoria à nossa volta
do que julga nossa vã filosofia.

Para compreender a minha não-inteligência, o meu sentimento, fui obrigada a me tornar inteligente.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O uso do intelecto.

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