Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

SatĂąnico Ă© meu pensamento a teu respeito, e ardente Ă© o meu desejo de apertar-te em minha mĂŁo, numa sede de vingança incontestĂĄvel pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mĂ­nimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrĂșpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa Ăąnsia ardente, mas em vĂŁo.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutåveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
SĂł assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo filho da...

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Autoria nĂŁo confirmada.

Ter ou nĂŁo ter namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado Ă© a mais difĂ­cil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lågrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fåcil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem nĂŁo tem namorado Ă© quem nĂŁo tem amor Ă© quem nĂŁo sabe o gosto de namorar. HĂĄ quem nĂŁo sabe o gosto de namorar. Se vocĂȘ tem trĂȘs pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode nĂŁo ter nenhum namorado.
NĂŁo tem namorado quem nĂŁo sabe o gosto de chuva, cinema sessĂŁo das duas, medo do pai, sanduĂ­che de padaria ou drible no trabalho.
NĂŁo tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
NĂŁo tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar Ă© fazer pactos com a felicidade ainda que rĂĄpida, escondida, fugidia ou impossĂ­vel de durar.
NĂŁo tem namorado quem nĂŁo sabe o valor de mĂŁos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, VinĂ­cius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de Ăąnsia enorme de viajar junto para a EscĂłcia ou mesmo de metrĂŽ, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mĂĄgico ou foguete interplanetĂĄrio.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'ågua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
NĂŁo tem namorado quem nĂŁo tem mĂșsica secreta com ele, quem nĂŁo dedica livros, quem nĂŁo recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
NĂŁo tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigaçÔes; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
NĂŁo tem namorado quem confunde solidĂŁo com ficar sozinho e em paz.
NĂŁo tem namorado quem nĂŁo fala sozinho, nĂŁo ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se vocĂȘ nĂŁo tem namorado porque nĂŁo descobriu que o amor Ă© alegre e vocĂȘ vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mĂŁos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricçÔes de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o prĂłprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intençÔes de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se vocĂȘ nĂŁo tem namorado Ă© porque ainda nĂŁo enlouqueceu aquele pouquinho necessĂĄrio a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.

Artur da TĂĄvola
Amor A Sim Mesmo

Nota: A autoria tem vindo a ser atribuĂ­da erroneamente a Carlos Drummond de Andrade.

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O que Ă© que ele vĂȘ nela?

E o que Ă© que ela vĂȘ nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nĂłs fazemos o mesmo em relação Ă s escolhas deles. O que Ă©, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual serĂĄ o encanto secreto da Beltrana?

Vou contar o que ela vĂȘ nele: ela vĂȘ tudo o que nĂŁo conseguiu ver no prĂłprio pai, ela vĂȘ uma serenidade rara e isso Ă© mais importante do que o Porsche que ele nĂŁo tem, ela vĂȘ que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vĂȘ uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguĂ©m repara, ela vĂȘ que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vĂȘ que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso nĂŁo procura um oftalmologista, ela vĂȘ que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas Ă© desajeitado pra se vestir, ela vĂȘ que ele nĂŁo dĂĄ a mĂ­nima para comportamentos padrĂ”es, ela vĂȘ que ele Ă© um sonhador incorrigĂ­vel, ela o vĂȘ chorando, ela o vĂȘ nu, ela o vĂȘ no que ele tem de invisĂ­vel para todos os outros.

Agora vou contar o que ele vĂȘ nela: ele vĂȘ, sim, que o corpo dela nĂŁo Ă© nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vĂȘ que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vĂȘ que ela, do jeito que Ă©, preenche todas as suas carĂȘncias do passado, e vĂȘ que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vĂȘ que ela atĂ© hoje nĂŁo aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafunĂ© que deveria ser patenteado, e vĂȘ que ela boceja sĂł de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que Ă© sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vĂȘ que ela Ă© tĂŁo insegura quanto ele e Ă© humana como todos, vĂȘ que ela Ă© livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas Ă© ao seu lado que estĂĄ, e vĂȘ que ela se preocupa quando ele chega tarde e nĂŁo se preocupa se ele nĂŁo diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguĂ©m entenda.

Martha Medeiros
CrĂŽnica "O que Ă© que ele vĂȘ nela?", 2003

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 5 de Maio de 2003.

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Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. F***-se esse amor. E f***-se vocĂȘ.

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".
No entanto, passado o efeito do uĂ­sque com energĂ©tico e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultĂłrios terapĂȘuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais prĂłximo para reclamar de solidĂŁo, ausĂȘncia de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim.
Mas por que reclamam depois? SerĂĄ que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colĂ©gio, de que "toda ação tem uma reação"? Agir como tribalista tem conseqĂŒĂȘncias, boas e ruins, como tudo na vida. NĂŁo dĂĄ, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de lĂ­ngua, namorar e nĂŁo ser de ninguĂ©m. Para comer a cereja Ă© preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vĂŁo alĂ©m do descompromisso, como: nĂŁo receber o famoso telefonema no dia seguinte, nĂŁo saber se estĂĄ namorando mesmo depois de sair um mĂȘs com a mesma pessoa, nĂŁo se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora jĂĄ saibam namorar, os tribalistas nĂŁo namoram. Ficar tambĂ©m Ă© coisa do passado. A palavra de ordem hoje Ă© namorix. A pessoa pode ter um, dois e atĂ© trĂȘs namorix ao mesmo tempo. Dificilmente estĂĄ apaixonada, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusĂŁo de que nĂŁo estĂĄ sozinho.
Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu - afinal, não estão namorando. Aliås, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinÎnimo de cobrança?
A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visÔes unilaterais.
Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga apenas o lado negativo das relaçÔes mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar Ă© algo que vai muito alĂ©m das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, Ă© telefonar sĂł para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mĂŁos dadas, transar por amor, ter alguĂ©m para fazer e receber cafunĂ©, um colo para chorar, uma mĂŁo para enxugar lĂĄgrimas, enfim, Ă© ter alguĂ©m para amar.
JĂĄ dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocĂ­nio, esbarraremos na lição que nos foi transmitida nas dĂ©cadas passadas: relação Ă© sinĂŽnimo de desilusĂŁo. O nĂșmero avassalador de divĂłrcios nos Ășltimos tempos, sĂł veio confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mĂŁes dos adeptos do tribalismo) vendem na maioria das vezes a idĂ©ia de que casar Ă© um pĂ©ssimo negĂłcio e que uma relação sĂłlida Ă© sinĂŽnimo de frustraçÔes futuras.
Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infùncia, pois somos responsåveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as liçÔes que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.
Podemos aprender amar se relacionando. Trocando experiĂȘncias, afetos, conflitos e sensaçÔes. NĂŁo precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optar. E ser livre nĂŁo Ă© beijar na boca e nĂŁo ser de ninguĂ©m.
É ter coragem, ser autĂȘntico e se permitir viver um sentimento. É arriscar, pagar para ver e correr atrĂĄs da felicidade. É doar e receber, Ă© estar disponĂ­vel de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito atĂ© mesmo das coisas ruins.
Ser de todo mundo, nĂŁo ser de ninguĂ©m Ă© o mesmo que nĂŁo ter ninguĂ©m tambĂ©m... É nĂŁo ser livre para trocar e crescer. É estar fadado ao fracasso emocional e Ă  tĂŁo temida solidĂŁo.

Monica Montone

Nota: Apesar de muitas vezes atribuído, de forma errÎnea a Arnaldo Jabor, o texto "Ser ou não ser de ninguém" é da autoria de MÎnica Montone.

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A Alegria na Tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e estå no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vĂĄrios motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nĂłs mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebĂȘ-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas Ă© um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trĂąnsito, matam por um bonĂ©, matam para se divertir. AlĂ©m disso, as pessoas estĂŁo sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem nĂŁo tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam atĂ© da prĂłpria sombra, jĂĄ que hĂĄ muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, Ă© escravo do relĂłgio, nĂŁo consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo mĂșsica. HĂĄ tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento Ă© bem-vindo, mesmo que nĂŁo seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir Ă© um verbo que se conjuga para dentro, ao contrĂĄrio do fazer, que Ă© conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer Ă© muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessårios, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisiçÔes. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste Ă© evitada. NĂŁo cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza nĂŁo faz realmente bem pra saĂșde, mas a introspecção Ă© um recuo providencial, pois Ă© quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botĂ”es. E dessa conversa sai luz, liçÔes, sinais, e a tristeza acaba saindo tambĂ©m, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste Ă© nĂŁo sentir nada.

Martha Medeiros
CrĂŽnica "A Alegria na Tristeza", 1999.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 8 de março de 1999.

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Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?

Faz-de-conta

NĂŁo respondo teus e-mails, e quando respondo sou rĂ­spido, distante, mantenho-me alheio: faz-de-conta que eu te odeio.

Te encho de palavras carinhosas, nĂŁo economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: faz-de-conta que te amo.

Estou sempre olhando pro relĂłgio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: faz-de-conta que dou conta do recado.

Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na årea vip do inferno: faz-de-conta que não quero.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupçÔes, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: faz-de-conto que me importo.

Jogo uma perna pro alto, a outra pro lado, faço cara de gostosa, os cabelos escorridos na rosto, me retorço, gemo, sussurro, grito e poso: faz-de-conta que eu gozo.

Digo que perdÎo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que jå não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mågoa é peso morto: faz-de-conta que não sofro.

Cito AristĂłteles e PlatĂŁo, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma mĂșsica clĂĄssica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: faz-de-conta que eu entendo.

Tenho todos os ingredientes para um sanduĂ­che inesquecĂ­vel, a porta da geladeira estĂĄ lotada de imĂŁs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogĂŁo tem oito anos mas parece zerinho: faz-de-conta que eu cozinho.

Bem-vindo Ă  Disney, o mundo da fantasia, qual Ă© o seu papel? VocĂȘ pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anĂŁo ou ser gigante, um menino prodĂ­gio que decorou bem o texto, a criança ingĂȘnua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: faz-de-conta que nĂŁo dĂłi.

Martha Medeiros
CrĂŽnica "Faz-de-conta", 2004.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 2 de fevereiro de 2004.

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RECOMEÇAR

NĂŁo importa onde vocĂȘ parou...
em que momento da vida vocĂȘ cansou...
o que importa Ă© que sempre Ă© possĂ­vel e necessĂĄrio “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em vocĂȘ de novo...
Sofreu muito nesse perĂ­odo? Foi aprendizado.
Chorou muito? Foi limpeza da alma.
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoĂĄ-las um dia.
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para “chegar” perto de vocĂȘ.
Recomeçar...
hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde vocĂȘ que chegar?
Ir alto, sonhe alto...
queira o melhor do melhor...
pensando assim trazemos pra nĂłs aquilo que desejamos...
Se pensarmos pequeno coisas pequenas teremos...
JĂĄ se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida.

Paulo Roberto Gaefke

Nota: Trecho adaptado do poema do autor.

Depois de algum tempo vocĂȘ descobre a diferença, a sutil diferença entre dar a mĂŁo e acorrentar uma alma. E vocĂȘ aprende que amar nĂŁo significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos nĂŁo sĂŁo contratos e presentes nĂŁo sĂŁo promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e nĂŁo com a tristeza de uma criança.

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho adaptado de poema de Veronica Shoffstall. Link

TrĂȘs verbos existem que, bem conjugados, serĂŁo lĂąmpadas luminosas em nosso caminho: Aprender, Servir e Cooperar.

TrĂȘs atitudes exigem muita atenção: Analisar, Reprovar e Reclamar.

De trĂȘs normas de conduta jamais nos arrependeremos: Auxiliar com a intenção do bem, Silenciar e Pronunciar frases de bondade e estĂ­mulo.

TrĂȘs diretrizes manter-nos-ĂŁo, invariavelmente, em rumo certo: Ajudar sem distinção, Esquecer todo mal e Trabalhar sempre.

TrĂȘs posiçÔes devemos evitar em todas as circunstĂąncias: Maldizer, Condenar e Destruir.

PossuĂ­mos trĂȘs valores que, depois de perdidos, jamais serĂŁo recuperados: A hora que passa, A oportunidade e A palavra falada.

TrĂȘs programas sublimes se desdobram Ă  nossa frente, revelando-nos a glĂłria da Vida Superior: Amor, Humildade e Bom Ăąnimo.

Que o Senhor nos ajude, pois, em nossas necessidades, a seguir sempre trĂȘs abençoadas regras de salvação: Corrigir em nĂłs o que nos desagrada em outras pessoas, Amparar-nos mutuamente, Amar-nos uns aos outros.

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida (...) mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.

Paulo Sant'Ana

Nota: VersĂŁo adaptada de trechos da crĂŽnica "Meus secretos amigos" de Paulo Sant'Ana: Link. A frase Ă© muitas vezes atribuĂ­da, de forma errĂŽnea, a Vinicius de Moraes

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Modo de usar-se

"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questĂŁo financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lĂĄ, sĂł sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentĂĄrio. Mas nĂŁo fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrås desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde estå se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutåveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestÔes para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades båsicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, nĂŁo se negligencie. Use seu mĂ©dico, seu dentista, sua saĂșde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa vocĂȘ jĂĄ deve ter aprendido atĂ© aqui. Encoste-se na sua prĂłpria experiĂȘncia e intuição, honre sua histĂłria de vida, seu currĂ­culo, e se ele nĂŁo for tĂŁo atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas. Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurĂŽnios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aĂ­ no peito? Use-o, ora bolas. NĂŁo fique protegendo-se de frustraçÔes sĂł porque seu grande amor da adolescĂȘncia nĂŁo deu certo. Ou porque seu casamento atĂ©-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. NĂŁo enviuve de si mesmo, ninguĂ©m morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a PatagĂŽnia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memĂłria e a emoção vĂȘm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa mĂșsica, estĂ­mulos e o silĂȘncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distĂąncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cĂ©rebro para nĂŁo morrer em vida. Use-se. Se vocĂȘ nĂŁo fizer, algum engraçadinho o farĂĄ. E vocĂȘ virarĂĄ assunto de beira de praia.

Martha Medeiros
CrĂŽnica "Modo de usar-se", 2004.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 22 de março de 2004.

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Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pĂŽs-te ali.
A princĂ­pio nĂŁo te vi: nĂŁo soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda
Os versos do CapitĂŁo

A primeira vez

VocĂȘ sempre me disse que sua maior mĂĄgoa era eu nunca ter escrito um texto sobre vocĂȘ. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa.
VocĂȘ sempre foi o Ășnico homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.
VocĂȘ sempre foi o Ășnico amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o Ășnico que sempre entendeu tambĂ©m, depois, eu dormir meio chorando porque Ă© impossĂ­vel abraçar sequer alguĂ©m, o que dirĂĄ o mundo.
Outro dia eu encontrei um diĂĄrio meu, de 99, e lĂĄ estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, Ă© vocĂȘ. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para vocĂȘ, eu por diversas vezes larguei vĂĄrios namorados meus, sentados, e dancei com vocĂȘ. Porque vocĂȘ Ă© meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tĂ­mido e desajeitado.
Depois encontrei uma foto em que vocĂȘ estĂĄ com um daqueles Ăłculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa Ă©poca vocĂȘ nĂŁo gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de vocĂȘ porque vocĂȘ tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridĂ­cula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito.
AĂ­ lembrei que alguns anos depois, quando eu jĂĄ nĂŁo era mais a bobinha da classe e sim uma estagiĂĄria metida a esperta que sĂł namorava figurĂ”es (uns babacas na verdade), vocĂȘ viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridĂ­culo. Mas foi menos ridĂ­culo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. VocĂȘ saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo.
Eu nĂŁo sei porque exatamente vocĂȘ nĂŁo mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do VinĂ­cius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, jĂĄ de saco cheio de eu ficar com vocĂȘ e com mais metade da cidade, vocĂȘ me deu aquele cartĂŁo postal da AmazĂŽnia com um tigre enrabando uma onça.
TambĂ©m nĂŁo sei porque eu nĂŁo escrevi um texto quando vocĂȘ apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu jĂĄ ouvi na minha vida “eu sei que vocĂȘ nĂŁo gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”.
Talvez eu devesse ter escrito um texto para vocĂȘ, quando eu te pedi a Ășnica coisa que nĂŁo se pede a alguĂ©m que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado estĂĄ viajando?”. E vocĂȘ fez. E vocĂȘ me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com vocĂȘ mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu nĂŁo amava vocĂȘ, vocĂȘ continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.
Depois vocĂȘ começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para vocĂȘ. Claro que eu senti ciĂșmes e senti uma falta absurda de vocĂȘ. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso.
Depois eu tambĂ©m podia ter escrito sobre aquele dia que vocĂȘ me xingou atĂ© desopilar todos os cantos do seu fĂ­gado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente sĂł odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto vocĂȘ quiser desde que isso signifique que vocĂȘ ainda gosta um pouquinho de mim.
Minhas piadas, meu jeito de falar, atĂ© meu jeito de dançar ou de andar. Tudo Ă© vocĂȘ. Minha personalidade Ă© vocĂȘ. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo Ă© vocĂȘ. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invĂ©s de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo Ă© vocĂȘ. Eu sou mais vocĂȘ do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre vocĂȘ.
AtĂ© hoje. AtĂ© essa manhĂŁ. Em que vocĂȘ, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que vocĂȘ simplesmente foi embora. Como se eu fosse sĂł mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que nĂŁo sĂŁo ela. E que vocĂȘ usa para nĂŁo sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que vocĂȘ deixou eu te olhar, mesmo vocĂȘ nĂŁo gostando de mim.
E foi por isso, porque vocĂȘ deixou de ser o menino que me amava e passou a ser sĂł mais um que me usa, que vocĂȘ, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.

Amar a si mesmo Ă© na realidade a decisĂŁo menos egoĂ­sta que se pode ter, pois o Ășnico bem verdadeiro Ă© ser amado, e a forma eficaz de se conquistar isso nĂŁo Ă© fazendo o bem apenas a si mesmo.

O MUNDO SEM AS MULHERES.

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quĂȘ? O sujeito quer ficar famoso pra quĂȘ? O indivĂ­duo malha, faz exercĂ­cios pra quĂȘ? A verdade Ă© que Ă© a mulher o objetivo do homem.

Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função da mulher. Vivem e pensam em mulher o dia inteiro, a vida inteira. Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente. Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo. Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.

JĂĄ dizia a velha frase que 'atrĂĄs de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'. O dito estĂĄ envelhecido. Hoje eu diria que 'na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'.

É vocĂȘ, mulher, quem impulsiona o mundo. É vocĂȘ quem tem o poder, e nĂŁo o homem. É vocĂȘ quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das fĂ©rias. Bendita a hora em que vocĂȘ saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.

E, se vocĂȘ que estĂĄ lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher. AĂ­ na sua casa, onde vocĂȘ trabalha, na rua. SĂł homens. JĂĄ pensou? Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras? Enfim, um mundo sem metas.

ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:

1- O cheirinho delas Ă© sempre gostoso, mesmo que seja sĂł xampu.
2- O jeitinho que elas tĂȘm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro, nosso peito.
3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços.
4- O jeito que tem de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito.
5- Como sĂŁo encantadoras quando comem.
6- Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.
7- Porque estĂŁo sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lĂĄ fora.
8- Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo-de-cavalo.
9- Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.
10- O modo que tem de sempre encontrar a nossa mĂŁo.
11- O brilho nos olhos quando sorriem.
12- O jeito que tem de dizer 'NĂŁo vamos brigar mais, nĂŁo..'
13- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.
14- O modo de nos beijarem quando dizemos 'eu te amo'.
15- Pensando bem, sĂł o modo de nos beijarem jĂĄ basta.
16- O modo que tĂȘm de se atirar em nossos braços quando choram.
17- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer.
18- O jeitinho de dizerem 'estou com saudades'.
19- As saudades que sentimos delas.
20- A maneira que suas lĂĄgrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.

Desconhecido

Nota: Texto muitas vezes atribuĂ­do a Arnaldo Jabor, mas a primeira parte Ă© uma adaptação da crĂŽnica de MĂĄrio Prata "Pra cumemuiĂ©", publicada em 20/10/2003 na Revista Época. A autoria da segunda parte do texto nĂŁo foi confirmada.

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Quando dois coraçÔes se encontram...

Quando dois coraçÔes se encontram pulsam no mesmo ritmo... Quando duas almas se encontram e se reconhecem... O tempo é mera ilusão... E todo o sofrimento é um pequenino espinho no caminho...
A Saudade... A tristeza... A falta que vocĂȘ me faz...

Mas as alegrias simples... Como falar com vocĂȘ, mesmo pela internet ou telefone... Basta Falar, um oi, tudo bem? Transbordam do cĂĄlice os pequenos gestos de carinho... Que vocĂȘ tem para comigo movimentando turbilhĂ”es de sentimentos elevados... Que sobe as esferas mais elevadas dos cĂ©us emocionando ate os anjos do cĂ©u.

PorĂ©m... Esse momento ou encontro pode durar um segundo, um mĂȘs ou mil anos, mas serĂĄ eterno em meu coração... VocĂȘ me faz um bem tĂŁo intenso, que vocĂȘ nem imagina... Que se multiplicando por milhĂ”es, funde ao amor do Pai Celestial, objetivo dos objetivos.

Esse momento ou esse encontro pode se dar por um olhar, por carta, por telefone, pessoalmente, virtualmente e atĂ© telepaticamente... Acho (nĂŁo) tenho certeza que Ă© o que acontece com nos dois (pelo menos comigo), te amo telepaticamente, Te amo virtualmente, Te amo do fundo de minha alma. Sinto sua falta... VocĂȘ nem faz ideia....

Mas o que importa, sĂŁo suas açÔes... Seus pensamentos.... Suas palavras carinhosas... FicarĂŁo eternamente guardadas em minha alma... Como as ondas sonoras do rĂĄdio a viajar pelo espaço infinito... Semeando... semeando... Amor... Amor... PaixĂŁo... PaixĂŁo... Saudades... Saudades... Tristezas... Tristezas... Por estar longe de vocĂȘ...

É uma grande felicidade vocĂȘ ter entrado em minha vida... NĂŁo interessa como! VocĂȘ hoje faz parte da minha vida material e espiritual... Estou feliz da vida por vocĂȘ existir meu amorzinho do fundo do meu coração e da minha alma...

Nestes dias pensei muito em vocĂȘ... Queria vocĂȘ ao meu lado... Seus beijos... Mas nessa vida serĂĄ impossĂ­vel... Mas quem sabe na prĂłxima ou quem sabe... Nesta... NĂŁo sei... Sei de uma coisa senti muita saudade... Queria falar pelo menos um oi... JĂĄ bastava, um simples oi...

Adoro-te. Adoro-te. Eternamente... NĂŁo me pergunte por quĂȘ! E nem como! Pois nĂŁo sei! SĂł sei que te gosto muuuuiiiiitttttooooo.

As vezes penso se não tivesse te conhecido, não estaria sentindo sua falta, mas também não teria vivido momentos tão lindos e inesquecíveis.

MANIA DE EXPLICAÇÃO

Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra.
As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira jå sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lå, explicando, sozinha.
SolidĂŁo Ă© uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco Ă© menos da metade.
Muito Ă© quando os dedos da mĂŁo nĂŁo sĂŁo suficientes.
Desespero são dez milhÔes de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
AngĂșstia Ă© um nĂł muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia Ă© quando o maestro de vocĂȘ se perde completamente. Preocupação Ă© uma cola que nĂŁo deixa o que nĂŁo aconteceu ainda sair de seu pensamento.
IndecisĂŁo Ă© quando vocĂȘ sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e påra.
Intuição é quando seu coração då um pulinho no futuro e volta råpido.
Pressentimento Ă© quando passa em vocĂȘ o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
RenĂșncia Ă© um nĂŁo que nĂŁo queria ser ele.
Sucesso Ă© quando vocĂȘ faz o que sempre fez sĂł que todo mundo percebe.
Vaidade Ă© um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha Ă© um pano preto que vocĂȘ quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho Ă© uma guarita entre vocĂȘ e o da frente.
Ansiedade Ă© quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva Ă© quando o cachorro que mora em vocĂȘ mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Alegria Ă© um bloco de Carnaval que nĂŁo liga se nĂŁo Ă© fevereiro.
Felicidade Ă© um agora que nĂŁo tem pressa nenhuma.
Amizade Ă© quando vocĂȘ nĂŁo faz questĂŁo de vocĂȘ e se empresta pros outros.
Decepção Ă© quando vocĂȘ risca em algo ou em alguĂ©m um xis preto ou vermelho.
DesilusĂŁo Ă© quando anoitece em vocĂȘ contra a vontade do dia.
Culpa Ă© quando vocĂȘ cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, nĂŁo podia.
PerdĂŁo Ă© quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa Ă© uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino Ă© um desataque de prudĂȘncia.
PrudĂȘncia Ă© um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez Ă© um acesso de loucura ao contrĂĄrio.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção estå dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda Ă© quando a vontade estĂĄ no meio do caminho.
Vontade Ă© um desejo que cisma que vocĂȘ Ă© a casa dele.
Desejo Ă© uma boca com sede.
PaixĂŁo Ă© quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor Ă© quando a paixĂŁo nĂŁo tem outro compromisso marcado. NĂŁo. Amor Ă© um exagero... TambĂ©m nĂŁo. É um desaforo... Uma batelada? Um enxame, um dilĂșvio, um mundarĂ©u, uma insanidade, um destempero, um despropĂłsito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque nĂŁo tivesse sentido, talvez porque nĂŁo houvesse explicação, esse negĂłcio de amor ela nĂŁo sabia explicar, a menina.

Adriana FalcĂŁo

Nota: VersĂŁo adaptada de Link

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