Hilda frases
Um amigo é aquele ombro que você pode desabafar, partilhar suas alegrias, tristezas, frustrações e projetos.
Um amigo normalmente possui os ouvidos maiores que a boca, porque sabe ouvir sem julgamentos.
Uma amizade é capaz de transcender o tempo e a distância, se renova a cada sorriso, a cada partida e a cada chegada.
O filósofo especula o sentido da vida, o psicólogo compreende o funcionamento da psique humana, o historiador desvenda as razões e desrazões da História, o ator os representa na palco, mas o escritor é o único capaz de apreender a alma humana e registrá-la de forma estética no papel." (Corina, 2007)
Entre uma cena e outra, o abismo do tempo que passa e a necessidade de reconstrução de um projeto sem nome. A ausência do texto de novo me incomoda, procuro o texto que passa, a profundeza da estrutura reclamando a sua presença, cadê o texto que estava aqui? O escuro escondeu, ai, ai, ai..."(O último verão em Paris, crônicas, 2000)
Essas ondas que batem no casco, com seu riso encantatório, anulam, machucando os ouvidos, as franjas do tempo e dos dias. Esfrego os olhos para ver além do Tejo, para lá o que que há? Ah, que quero espichar o mapa para avistar a direção, mas a bússola é dificil e o mar, árido". (O último verão em Paris, crônicas, 2000)
Vai, Atlântico, nos devolva o canto e leve essa nau, dessa vez para o rumo certo, pois, ai, ai, ai, quem tem um machado afiado, madeira de lei, precisa de quê?, quem tem um manoel dado a barros, precisa de quê?, quem tem pernas dadas à dança, pés com vocação para bola, precisa de quê?"
Os quatro globos estão enfim colocados no lugar. Firmes como de resto todos os outros quadros da exposição, firmes como pode ser o grito assustador de paredes, mas sabemos, cada um de nós, que eles tremem, imperceptivelmente tremem, e, no dia seguinte, alguma coisa fatalmente estará fora de lugar". (O último verão em Paris, crônicas, 2000)
Sou e não sou escritor. Escritor é todo aquele que já fez uma frase de pura literatura ou imaginou tê-la feito. Entre estes e os consagrados, pouca ou nenhuma diferença existe. Cada frase é o mesmo desafio para todos, e cada livro é um grito suicida do qual nunca se sabe se se salva" (Estranhos na noite, romance, 1988)
Ouço os passos de mãe Rosa, incessantes, invadindo a noite desdentada. Passos de mãe Rosa. Ainda quando morrer, ficarão os seus passos. Mãe Rosa na sua labuta alegre durante os dias intermináveis, os passos noturnos de rumos imprevisíveis e inacabáveis... Não saberia quantas vidas ou quantos desesperos ocultam esses passos."
Ser escritor deve ser algo mais que um simples espirrar de palavras. Aliás, tenho algo de escritor: terríveis olheiras, minhas olheiras estão pavorosas. Um jeito esquisito, jeito de anjo ou desesperado. Tenho alguma coisa que é quase ódio, quase orgulho de mim mesmo." (Estranhos na noite, romance, 1988)
Se o poeta também vacila, a culpa será mesmo dele ou do arquiteto que empilhou a primeira pedra de demônios e góticos escondida, de infinitos umbrais e vácuos, e mistérios, e preces, para lá e para cá do Sena, esse souvenir de mares, ilíadas e odisséias de mil deuses, de mil dias, de mil anos?" O último verão em Paris, crônicas, 2000