Ha mil Razoes para Nao Amar uma Pessoa
Fogueira mantida acesa
Com uma fogueira na caverna mantive o nosso amor aquecido e bem cuidado da neve lá fora,
o inverno é duro e duradouro, a escassez e os sons estranhos vindos do tempo sombrio tentam esfriar as almas, nos atentam a reações incomuns ao que acreditamos ,
os perigos do frio e de seus ventos penetrantes são visíveis na pele, deixam marcas profundas nas lembranças,
mais uma caça foi bem sucedida, mais lenha é posta na fogueira, a noite cai e com isso os sorrisos e o clima de segurança se levantam e renovam os laços na caverna,
ao dormir, os arrependimentos e as mágoas fogem pelas sombras da fogueira,
é manhã, os pássaros nos acordam, o barulho da correnteza do rio é ouvido, a neve timidamente se esconde e no ensaio de acordar com a pressa de um urso voltando da hibernação, nos levantamos e a imagem do sol nascendo a nossa frente com a vegetação recebendo sua fotossíntese foi o que marcou o momento de dois corações ganhando novos sentidos, assim como, respirando vitoriosos o som da mesma música.
Em expansão
E no movimento de rotação a cada vez que o teu olhar se entrelaçava com o meu, uma vontade profunda de viver aquilo de novo e de novo nascia em mim como uma inspiração perfeita da bela arte de Van Gogh com toda sua maestria e delicadeza.
Uma vez conectados uma demonstração forte da natureza ocorre de forma extraordinária e assim como um eclipse ou como um arco-íris é notável, é paralisante e é atemporal na sua essência.
Tem alguns momentos em que eu queria ser um Condor para poder te levar a mais de três mil metros de altura acima das nuvens e das montanhas e assim eu pudesse te mostrar como o meu amor por você é muito maior que a imensidão do mundo.
Uma força poderosa em expansão está no controle do meu universo e talvez seja por isso que a minha inquietude e as minhas curiosidades tenham perdido os seus domínios.
Prometo viver sem julgar o dia anterior, prometo sentir preguiça de olhar para o relógio, eu te prometo ecoar em todas as estações o amor que eu sinto por você.
Bem-vindo...
Uma ida sem volta é abrir um terreno fértil com uma faca amolada apontada para o coração,
o medo de ser deixado para trás impede as batidas perfeitas de acontecerem,
se deixarmos o passado com sinal vermelho perder a voz, então, será promissor no futuro os sentimentos idealizados na impressora três D,
portas fechadas, portais abertos, pedal pisado no seu máximo, essa é a hora de se preparar para o impacto.
Último olhar
O teu último olhar tocou no tempo ao ponto de abrir uma porta importante do nosso passado,
Deixamo-nos ir mas é presente a necessidade do peito chiar baixinho pedindo por você,
uma pipa foi solta, porém a linha continua a deslizar nas minhas mãos,
pensar demais numa noite tão curta é uma apropriação indevida do querer, apenas os corvos e os morcegos consigo ver através da iluminação da lua sem imaginar que são mais uma mera ilusão,
eu carrego um universo comigo e por um bom tempo ele foi vibrante e poderoso e se no meu universo não estiver você ele será apenas um espaço vazio.
'AMOR MACRÓBIO'
Sinto o amor de uma forma
tão errônea, tão moldada,
tão sonhada, tão tristonha.
O amor que outrora voou.
Outros estão florescendo.
Não cabem no peito da dor!
Mas sinto-o das formas tão
variadas. Redondo, quadrado,
túmido, medonho. Ah amor!
Sinto-te ainda sepultado.
Fulgente nas estrelas!
Antiquado nos enamorados.
Quero-te amigo, opoente,
dormindo, acordado! Tônico
e dormente. Hesitando as
tantas moradas em mim...
'MURO'
Tenho uma casa com algumas janelas. Mas tenho em especial uma janela. É através dessa que observo profundo e genuíno as pequenas e grandes coisas da vida. Sentado ou reclinado, a vista parece imensa. Vejo mares, rios, lagos, grutas. Porém, na maioria das vezes, avisto uma parede de concreto. A parede é mesmo concreta! Já as tantas águas, eu as aprecio, coloco sobreposições para deixar os dias mais insinuantes e deleitáveis. Mas a 'parede', essa é diária. Tenho vontade de derrubá-la, pô-la ao chão. Comer alguns pedaços de tijolos. Esmiuçar o cimento inerente à minha visão limitada. Mas não tenho impulso, tampouco robustez para colocar uma parede tão bem acertada ao chão...
Mas hoje, meu olhar quotidiano divisou uma aprazente neblina e por trás dela, uma nuvem carregando pingos d'águas. As paredes do muro ficaram encharcadas. Pensei: - já que não tenho marretas, talvez um martelo resolva! E assim o fiz. O muro fragilizado, em poucos minutos transformara-se numa grande ruptura e destroços. A partir de então, pude ver através do mesmo que, havia um outro muro a ser quebrado. E levantando mais a visão, compreendi que havia dezenas de muros para serem derrubados. Foi então que cuspi alguns pedaços de tijolos e voltei novamente para minha visão, já embaçada por tantos muros, mas que agora, precisaria de um tsunami para que êxito eu tivesse nas minhas tantas derrubadas...
FELICIDADE?[2]
Minha Mãe perguntou o que é felicidade e eu tentei responder:
Felicidade é uma caixinha de surpresa mãe!
Não tem hora de chegada.
Ela pode estar num abraço apertado.
Num sorriso prazeroso.
Às vezes reflete um amigo ausente que apareceu inesperado.
Na troca de olhares sincero entre as pessoas.
Felicidade pela sua simplicidade,
ultrapassa o entendimento dos homens que a complicam ao extremo.
Felicidade é saber que temos pessoas que se preocupam com a nossa felicidade.
Pode estar distante,
mas na maioria das vezes,
está ao nosso lado e não percebemos...
'MATIZANDO A REALIDADE'
Show de luzes e uma mistura de ritmos alucinantes. Entusiasmo a cada balançar de braços, luzes no palco supercolorido, tingindo almas...
Desvairados malabarismos de cores e uma louca multidão fazendo reverência com seus IPhones, efeitos de microfones, ruído, vibração...
Personagens diversicoloridos. Efeitos dando-lhes outros sentidos. O show não tem hora, engoli madrugas, sustentada nas fachadas. São quatro da manhã...
O alvorecer pode ser foda! Egos congelados, sorrisos apagados. As sombras das maquilagens exteriorizam-se, sem amabilidades, sem formatos...
Ressacas da vida real e as amarrotadas 'cenas cômicas'. Comédias na arena e seus leões, devorando preâmbulos, gesticulações, madrugadas incolores...
Creio que os que dizem terem encontrado a felicidade, perderam certos sentidos. Ser feliz é ter uma busca incessante nos momentos trágicos que temos diariamente. Somos felizes e nem nos damos conta disso.
'PROCURA'
Tenho uma sede no 'por do sol'. Sacia minh'alma! Penetra esses raios nas minhas imagens! Alimenta a fome dos desejos derramados. Liberta-me das masmorras alagadiças. Colori uma nova canção p'ra nós dois. Harmonia de sentido os dias aluídos.
Afaga/atraca meu coração no real. Volúpia as noites claras em angústias. Aquece-me com seu corpo frenético. Abraça-me! Deixa-me em fúria na morte dos mortais. Esquarteja meus sonhos na varanda, tal qual um olhar, diluído em arco-íris.
Elucida minha procura lesiva. Explode o luar no amanhecer! Desbota o patético corroído. Reflete em mim tua'alma exaurida, até que, consigamos misturar nossos limites, atemporal e sem reflexos. Suga-me como um livro de romance e re/façamo-los diariamente a última página. Até que o 'sempre' permaneça, rodopiando duas vidas em uma.
'CABOC[L]0'
Ele se foi e deixou uma
Saudade na cabana. Os
Olhos, misturado com o
Atrito das mãos,
Derramaram a
Vermelhidão por várias
Noites em alvorada.
Simplório, sem brilho e
Sem calor para aquecer
O mundo, devastou
corações e
Transformou-as em
Amizades. Dos troncos
Perdidos, fez raízes.
Das flores, perfumes
Verdadeiros. A forma
Tangente da última
Expressão fala ao mundo
Despercebido: ainda
Estou vivo! Respirando
Os sonhos de outrora.
by Risomar Silva.
Uma breve homenagem ao meu
amigo caboc[l]o. Que se foi...
'FERIADO'
A sombra mórbida deixa uma inquietude aparente. Algumas árvores embaçam a visão rumo ao estreito rio representando calmaria. Peixes esboçam o que de mais belo existe na natureza. O balançar da rede entra em harmonia com a brisa de inverno e o cantar dos pássaros, intrínseco a outros cantos, soa longínquo.
Casa de palha e um velho barco esquecido demonstra pulsação, temporada. Uma velha tralha de pesca, sem cor, fala do tempo fatigado. A água com seus sons melodiosos atraí o sol com seu olhar ofuscante. Olhos pontiagudos, mas suportável. Tudo tranquilo! Exceto meu coração, louco e distraído.
PARTIDA
A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.
As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.
A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.
A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.
'TEMPO...'
No alto, casa de taipa, coberta de palha e uma paisagem deslumbrante à frente. O rio era enorme e provocava admiração. As casas eram próximas uma das outras. O acesso dava-se por uma trilha, onde, na escuridão, dificilmente se saía dele. Nas noites de lua cheia, sempre nos reuníamos, sentados à frente da casa para ovacionar àquele retrato real. Sentados em 'banquinhos', ficávamos a cantar em coro com a ajuda de um velho violão empoeirado. Nas tardes frias e cinzentas, gostávamos do frescor dos ventos. Eles falavam uma língua que só agora, depois de muitos anos, entendemos.
A vida simples do interior, marcaram nossas vidas. Muitos tiveram sua primeira paixão. O primeiro beijo no escuro. A primeira namoradinha. Eu sempre ficara vislumbrado quando via a mulher dos meus sonhos passando. Divina como sempre, esbanjava sensualidade no andar e sorriso. O amor sempre chega prematuro. Eu a amava. Era a dona das minhas direções e dos meus sonhos. Sempre escrevera poemas líricos em pedaços de papéis e imaginava filhos, muitos filhos.
Por essas e outras muitas razões, sempre digo que sou inimigo do tempo. Ele enterra tantas lembranças. Ora por vezes atormenta. Cura uma ferida e deixa tantas abertas. A vida se vai com ele e quando percebemos, ele nos diz que já estamos caído, trancafiados. Ele escreve ferozmente sua própria linha. E nos leva, não importa para onde, seja para as mais altas nuvens ou para a lama que atormenta. Quem somos? Para onde vamos? O tempo, rodeado de desamparo, nos falará ao ouvido.
Plante uma mudinha, com o tempo, perceberá que ela crescerá e com certeza, lhe dará frutos. Mas plante uma árvore boa, senão,colherá consequências. Trace boas metas. Pague um preço em cultivá-las. No final, você dará risadas.
'JANELA II' - [Fragmentos...]
Bebe-se uma tequila,
a fome é lembrar dela:
pobre vida!
Na madrugada ornamentando sequelas.
Recriando canções,
há de se sonhar com elas,
bravejando capelas,
sons oblíquos,
imensidão que não se vê.
A janela só tem sentido fechada...
Ter umas caixinhas de bombons e uma felicidade no travesseiro, já é muito para quem dormia ao relento e sonhava com as estrelas no amanhecer...
'POEMA DESESPERADO...'
Cada um de nós, uma vertente nos punhos. Exceto o desespero, tal qual a proliferação do amanhã, sem cortina de cores...
Canto palavras ao chão sem sentidos. Jogo vogais nas cortinas, falando das desesperanças do amanhã. Tenho sílabas, proparoxítonas. Não quero o olhar dos que tem idade de oitenta...
Quero crianças nas calçadas soltando borboletas. Sem criação de desesperos. Espreitando no peito calçadas de nuvens em meio à multidão. Poema desesperado, cantando canções de ninar...
A desconexão entre nós cria uma sensação de calor que só pode ser extinto com um beijo enlouquecido de paixão...
